Já considerado o setor mais afetado pela crise dentro do agronegócio, as indústrias frigoríficas estão desativando unidades de abate para se adequarem a um problema que atinge duas pontas: o da oferta de boi, que está escassa, e o das exportações, que estão caindo em volume e em preço.
Já considerado o setor mais afetado pela crise dentro do agronegócio, as indústrias frigoríficas estão desativando unidades de abate para se adequarem a um problema que atinge duas pontas: o da oferta de boi, que está escassa, e o das exportações, que estão caindo em volume e em preço.
Leila Harfuch, pesquisadora sênior do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), explica que este setor é mais afetado porque a carne bovina é mais cara do que as outras e pesa mais na cesta de alimentos. “Acaba sendo mais afetada quando há retração na renda”, completa Leila.
Ela diz que depois de vir de um período longo de aumento de preços, a carne bovina sentiu mais o impacto da crise e recuou em dezembro por causa da migração para carnes mais baratas, como a de frango.
Além das grandes indústrias, a tendência é que as de pequeno e médio portes entrem em reais dificuldades de continuar operando. É que a pressão de oferta no mercado interno acirra a disputa doméstica e, em alguns estados, frigoríficos de maior porte já pressionam os preços de venda para níveis abaixo do custo de produção.
“Há um achatamento da margem de lucro das empresas, pois as exportações estão em queda e acaba sobrando carne no mercado interno”, explica Luiz Antônio Freitas, presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo-MT).
Com retração nos preços, fica difícil para os frigoríficos se manterem em regiões onde os preços da matéria-prima estão elevados, conforme explica Mário Macedo, superintendente de compra de gado do frigorífico Mercosul. O grupo, que nos últimos três meses fechou duas unidades – uma em Naviraí (MS) e outra em Paiçandu (PR).
Ele explica que faltam animais habilitados para exportar para a UE e, por isso, a empresa teve que redirecionar a outros mercados, como Oriente Médio, Venezuela, Rússia e outros 60 países. Alguns desses mercados pagam até 20% menos por alguns cortes do que a UE. “Há casos em que exportamos sem margem para manter mercado e tirar o produto do estoque”, explica Macedo. Ele explica que a escassez do boi é um problema para os frigoríficos, mas a falta de comprador a preços rentáveis também afeta o setor, pois a indústria fica sem condições de pagar um preço maior ao pecuarista, desestimulando a atividade.
A matéria é de Fabiana Batista, publicada na Gazeta Mercantil, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.
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Caros colegas pecuaristas;
No momento em que as industrias deveriam estimular com melhor remuneração o produto voltado para a UE elas não fizeram e por sua vez o MAPA só dificultou com regras extremamente burocráticas. Agora infelzmente todos estão perdendo e sempre fica a indagação se as lições serão assimiladas para o futuro.
Abraço Hélcio
Recomendo a todos a leitura do artigo sobre rastreabilidade comparada no Brasil e no Cone Sul, disponível hoje aqui no BeefPoint. Não adianta ficarmos nos lamuriando e culpando uns aos outros, ou à UE, ou ao MAPA…
Vamos nos integrar mais e trabalhar pela preservação da CADEIA, e não de um ou outro elo!
Abraços
Quase fiquei com dó do sr. comprador do frigorífico que foi entrevistado na matéria acima, quando diz que não pode pagar mais ao pecuarista porque não consegue vender mais caro. Diz isto como se ele fosse repassar o aumento que teria ao produtor rural.
Esquece ele, que a falta de boi de hoje só ocerre por que o pecuarista se viu obrigado a matar suas matrizes para pagar suas contas, reflexo da política de ganha-perde imposta pelo cartel de frigoríficos no país nos últimos cinco anos.
Usam de todo e qualquer argumento para reduzir o preço da matéria-prima. Enquanto todos não entenderem que fazem parte de uma cadeia que, assim como as outras cadeias, só prosperarão se o lucro for dividido entre todos participantes esta situação continuará a se repetir, sempre em ciclos.
Só vendo no peso vivo, até porque já fui vacinado pela vacina do peso morto. Reclamam que o gado quebrou, mas não deixam de comprar da próxima vez. Fazem pressão que quebrou, mas não permitem que o pecuarista instale sua balança ao lado da balança do frigorífico (a exemplo do programa pese bem).
Há vinte anos, pagavam 54% de aproveitamento em boi com mais de 520 kg, hoje querem pagar 53% e se for cruzamento industrial só 52%. Pra onde foi o ganho obtido pelo melhoramento genético ocorrido às custas do produtor? Quem fica com o lucro de uma carcaça melhor acabada?
Amigos,
Até quando nós pecuaristas vamos continuar pagando a conta?
Falta boa vontade, seja dos pecuaristas, empresas de rastreabilidade e principalmente do Ministério da Agricultura. É preciso desburocratizar o sistema e colocar mais profissionais para fazer auditoria.
Mas, vamos em frente e sempre minha gente.
Não é hora de ficar “só reclamando”vamos continuar fazendo nossa parte.
Um excelente dia
É muito facil reclamar dos preços e dos frigorificos, que eles pagam pouco ou que os pesos nunca batem com os das propriedades. Mas a verdade é uma só, se os frigorificos do Pais, não começarem logo a ganhar dinheiro e muito dinheiro, logo logo, os pecuarista vão ter que fazer muito churrasco com os bois que teem nos pastos. Pois como é sabido por todos da pecuaria, todos os frigorificos estão com dificuldades financeira, se isso não fosse verdade não existiria tanta noticia referente a emprestimos e recuperação judicias, como ocorreu atualmente com Arantes Alimentos e Frigo-Estrela, Margen e ninguem sabe quem será o proximo da fila.
Então senhores pecuaristas, vamos parar de reclamar e agir com muito mais profissionalismo na pecuaria, pois também acho um absurdo o que os frigorificos fazem, principalmente reterente ao desconto doFUNRURAL, na qual eles não repassam isso para o governo.