O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) não vai dialogar com os frigoríficos exportadores que suspenderam ontem (17) a compra e o abate de animais até que os estabelecimentos retomem suas atividades, afirmou o secretário de Defesa Agropecuária, Maçao Tadano.
Os frigoríficos alegam que não encontram animais rastreados, exigência da União Européia em vigor desde o dia 15 deste mês para comprar carne brasileira. A justificativa, no entanto, não é aceita pelo governo.
De acordo com o secretário, 4,7 milhões de cabeças estão há pelo menos 40 dias na base de dados do Sistema Brasileiro de Identificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov) e 834 mil prontas para o abate, ou seja, atendem à determinação do Mapa.
Ele acrescentou que 100% das empresas, mais de 30 unidades, paralisaram as atividades, tanto de compra quanto de abate, o que pode configurar formação de cartel com o objetivo de reduzir o preço da arroba. “Caso essa situação permaneça e seja caracterizado o locaute, nós poderemos adotar medidas administrativas, como a não emissão dos certificados sanitários, e jurídicas, inclusive junto ao Ministério Público”, alertou Tadano.
O secretário-executivo da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Carne Bovina, Antenor Nogueira, lembrou que em razão da entressafra o pecuarista está com os custos de produção elevados. Ele observou que com um cenário de preços baixos, o produtor estocará sua produção e pode haver desabastecimento. “Está comprovado que os frigoríficos exportadores querem manipular os preços para comprar mais barato do produtor. Isto é um desserviço para o País e um descaso com o trabalho que o Ministério da Agricultura está desenvolvendo para atender à nova realidade nas exportações para o mercado europeu”, ressaltou.
Nogueira explicou que entre 10% e 12% da produção de carne brasileira são destinados à exportação. Nos últimos doze meses, as vendas do produto para o mercado externo geraram uma receita de US$ 1,4 bilhão.
Cerca de 40% das exportações foram para a UE. “Mas existem outros mercados que não exigem a rastreabilidade, como Irã, Iraque e Egito. Esta é uma prova de que os frigoríficos estão utilizando o Sisbov como bode expiatório”.
Ele acrescentou que hoje o preço da arroba já caiu em praças importantes como São Paulo, de R$ 58,00 para R$ 55,00, e Goiás, de R$ 44,00 para R$ 41,00.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) negou que os exportadores tenham suspendido as compras de bois em razão da suposta escassez de animais cadastrados no Sisbov. “Se algum frigorífico parou de comprar por esse motivo, não fomos informados”, disse o diretor executivo da entidade, Ênio Marques.
Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Gazeta Mercantil, adaptado por Equipe BeefPoint
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Houve sim uma peguena queda na quantidade de animais rastreados, mas ainda não chegou a ser um problema para o frigorifico Amambai.
Hoje estou com 50% do abate rastreado, recebendo documentos junto com a GTA, só falta o ministério esclarecer com relação a obrigatoriedade do uso do brinco SISBOV.
O comércio internacional da carne não é facil não e o comércio interno também.
Mais uma vez digo que quem paga a rastrabilidade no final das contas é o consumidor.
Como também se verificar a elevação dos custos da arroba não passa de R$ 0,9 centavo, isto é, R$ 0,06.
O que é preciso é o MAPA credenciar todas as empresas que estão pleiteando e depois descredenciar o que não presta. Porque se verificar as IN já nasceu com vício dai o problema.
É impressionante como os frigorificos trabalham contra a evolução da cadeia da carne.
Esta situação de aproveitadores, é revoltante e nescessita ser modificada.
Infelizmente o nosso secretário está equivocado. Aqui no MS pelo menos não está havendo oferta de boi rastreado.