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Frigoríficos tentam aumentar preço da carne exportada

Para compensar a recente valorização do real em relação ao dólar de 6,11% neste ano, os frigoríficos exportadores de carne bovina estão tentando elevar seus preços de venda no exterior, que recuaram, em média, 15% em 2002. Quando o real está mais desvalorizado, as receitas dos frigoríficos em reais são maiores. Mas quando a moeda brasileira se valoriza, a margem da indústria diminui, principalmente se os preços da matéria-prima – o boi gordo – estiverem firmes como agora.

Outro efeito do atual movimento do câmbio é que importadores, especialmente da Europa, estão um pouco mais agressivos nas compras de carne bovina, numa época do ano em que geralmente a demanda é mais fraca. “Verificamos uma procura repentina por parte da Europa porque os importadores temem elevação dos preços”, diz Rogério Bonato, supervisor de exportação do frigorífico Mondelli, de Bauru (SP). Nem por isso os frigoríficos estão conseguindo puxar para cima os preços. A estratégia do importador é uma forma de se antecipar a possíveis novas valorizações da moeda brasileira, o que estimularia o aumento de preços da carne pelos exportadores, explica Sérgio Penteado, da corretora Hencorp Commcor.

De acordo com Edivar Vilela, presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), os frigoríficos tentam um aumento de cerca de 10% nos preços de venda para fevereiro, mas ele reconhece que será difícil atingir tal percentual.

“O importador está tentando manter os mesmos preços”, confirma Bonato. Quando o dólar está valorizado, porém, a situação é outra, e os compradores buscam “jogar o preço lá embaixo”, acrescenta ele. Essa pressão dos importadores foi um dos fatores responsáveis pela queda dos preços médios no ano passado.

O gerente de exportação do Frigoestrela, de Estrela d’Oeste (SP), Flávio Scorsi, afirma que já conseguiu negociar contrafilé a preços maiores em vendas para a Europa nos últimos dias. O frigorífico comercializou a tonelada do corte por US$ 1.900 FOB, um valor US$ 100 acima dos preços negociados recentemente.

No entanto, os valores ainda estão muito distantes daqueles vistos no primeiro trimestre de 2002, quando a Argentina acabava de voltar ao mercado europeu após 11 meses de embargo por causa da aftosa. Segundo um trader, naquela época, o corte era negociado a US$ 3.250/tonelada. A concorrência argentina foi o principal motivo para o recuo dos preços em 2002, segundo os exportadores brasileiros.

Outro item bastante pressionado foi o “rump loin” (corte formado por alcatra, contrafilé e filé). Em janeiro de 2002, a tonelada saía por US$ 3.500. Hoje está em US$ 2.700, segundo Bonato.

Para os frigoríficos, com o dólar nos atuais níveis as exportações só são competitivas se houver um recuo do preço do boi gordo, que é negociado em São Paulo por R$ 58,00 a R$ 59,00 a arroba. Os valores equivalem a cerca de US$ 17,50 por arroba. “O viável é entre US$ 15,00 e US$ 16,00”, diz Bonato, do Mondelli. Para Scorsi, do Frigoestrela, os preços do boi começarão a ceder porque as chuvas recentes permitirão o aumento da oferta de animais.

Fonte: Valor Econômico (por Alda do Amaral Rocha), adaptado por Equipe BeefPoint

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