É comum as pessoas quererem ouvir somente aquilo que elas acreditam.
Naturalmente dá-se mais ouvidos aos argumentos que satisfaçam nossas crenças.
Freqüentemente, em palestras de mercado, quando se apresenta algum quadro desfavorável, alguém protesta, acusando o palestrante, como se ele fosse o culpado pela realidade que está mostrando. Neste momento, a postura correta deveria ser a de entender o que está sendo apresentado e, caso seja desfavorável, buscar alternativas para reverter o quadro ou se preparar para enfrentá-lo.
Mas não, acredita-se que, desmoralizando o palestrante e falando algumas palavras que todos gostariam de ouvir, muda-se alguma coisa. Na verdade, o mercado é soberano, e perde-se uma oportunidade de ouvir alguém que tem algo a apresentar sobre os fatos.
Prefere-se parar de ouvir para pensar em algo para negar os fatos, geralmente com argumentos baseados em crenças do tipo, acho, penso que, acredito, não deve ser, não pode ser, etc. Ou seja, uma boa oportunidade de debater de maneira pró-ativa, visando criar oportunidades frente a um turbilhão de crises, acaba sendo perdida, simplesmente porque se pretende ouvir apenas aquilo que satisfaz.
Recentemente, em uma palestra sobre mercado de leite, um participante levantou-se e proferiu ofensas quando o palestrante demonstrou que o leite longa vida, tido pela maioria dos produtores como a causa do preço baixo recebido pelo leite cru, cresceu para mais de 70% na preferência do consumidor ao longo de 10 anos, um crescimento espetacular.
A atitude constrangedora da manifestação, desencadeou bate boca e o debate tomou rumo político, em torno de crenças particulares, deixando o assunto principal de lado, que era justamente criar alternativas de mercado. O pior é que a atitude ofensiva não mudou em nada a realidade.
A maioria dos produtores que lá estavam, e se dedicaram a ouvir, certamente saíram de lá conscientes que de não adianta agredir e praguejar contra um produto, que a maior parte da população resolveu acolher.
Outro exemplo aconteceu em um encontro realizado há algum tempo. O palestrante apresentou uma pesquisa sobre a realidade econômica dos produtores de leite de Goiás, diferente do que gostaríamos que fosse, e a reação da maioria das pessoas foi de negação dos números apresentados e confirmados por pesquisa econômica. Muitos criticaram a palestra porque o pesquisador não disse aos ouvintes o que queriam ouvir. Da mesma maneira, a reação contra o experiente professor chegou próxima à ofensa.
Nesses momentos, teria sido melhor ouvir e questionar a metodologia de como os dados foram levantados. Escutar o ponto de vista e entender a explicação de outras pessoas é fundamental para se elaborar estratégias eficazes para driblar as crises e atuar no mercado. Grande parte dos problemas do setor agrícola vem da incapacidade de buscar soluções viáveis.
Normalmente é em momentos de crise que se abre caminho para oportunidades. Mas, evidentemente, elas não aparecem do nada, de mão beijada. Devem ser criadas, e a melhor maneira de resolver problemas é focar na solução. Fugir do problema, ou fingir que ele não existe, não ajuda em nada.
Não há problema ou crise que não tenha solução, e não há solução sem que antes se tenha pensado nela.
Ferramentas como tempestades de idéias, fluxograma de decisões, PDCA (planejamento, desenvolvimento, checagem e ação) e outras de Qualidade Total, são de grande eficácia na procura por soluções.
Encorajar sugestões, uma das premissas da tempestade de idéias (brainstorming), amplia a possibilidade de se encontrar soluções eficientes e baratas para problemas, até mesmo rotineiros.
Estes métodos auxiliam em questões operacionais, de mercado, estratégicas, enfim, vale para todas as ações. A atitude pró-ativa, ante a um problema, é o melhor remédio para qualquer crise.
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O pecuarista precisa entender que não existe nenhuma fórmula milagrosa para resolver seus problemas. E quando ouvem opiniões que não se assemelham as suas, criticam de forma negativa, como se quem disse estivesse enganado ou fora do contexto.
Pior, no término da discussão, ele volta para sua casa e não procura alternativas para seu problema, claro, é muito mais fácil criticar o governo ou o vizinho e até os frigoríficos, no caso de hoje.
Essa mentalidade precisa mudar, estamos sempre em tempo de aprendizagem, seja com os vizinhos, seja em um evento ou com jornais. Para as pessoas que ainda não assimilaram tudo isso, vale a pena ver o vídeo ou ler o livro “Quem mexeu no meu queijo”.