O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcus Vinícius Pratini de Moraes, deu a senha no último final de semana, em Esteio: o cavalo crioulo é a referência presente e futura da Expointer. Para ele, o crioulo é o símbolo do RS e tende a crescer em importância na mostra gaúcha, que já reservou mais prestígio para as raças bovinas e ovinas e para a exposição de máquinas agrícolas. Na sua avaliação, com exposições por todo o país, a concorrência é grande na área de maquinários e no campo da genética bovina.
Pratini adianta que não pretende reduzir a importância da exposição das raças européias, pois a mostra de Esteio é a verdadeira vitrine da genética gaúcha nessa área. Tanto que o próprio ministro lançou a idéia de o evento só receber animais que tenham passado por quarentena e sorologia. É uma forma de os criadores gaúchos venderem e entregarem na hora seus animais para o centro do país. Esses negócios foram represados nos dois últimos anos por causa dos focos de febre aftosa que chegaram ao Estado.
A decisão final deve sair nos próximos dias, após entendimento entre o Mapa, a Federação da Agricultura do Estado (Farsul) e a Federação Brasileira das Associações de Criadores de Raças (Febrac).
O presidente da Febrac, José Paulo Cairoli, acredita em grandes negócios com a liberação dos animais a partir da antecipação da quarentena e da sorologia. E vibra com a possibilidade de surgimento de um novo negócio na mostra, ainda em fase de estudo, que poderá ser anunciado no lançamento da Expointer 2002, marcado para 8 de julho. “Poderemos criar o balcão do novilho gordo. Estamos pleiteando uma linha de crédito para isso”, adianta.
É esse o caminho que o governo do Estado pretende trilhar. Segundo o diretor-geral da Secretaria da Agricultura (SAA), Carlos Guedes, o processo de inclusão de setores que estavam alijados da Expointer, como a agricultura familiar, está concretizado, permitindo que o próximo passo seja o incremento dos negócios.
Embora a SAA ainda não tenha sido consultada sobre mudanças nas questões sanitárias, Guedes considera a exigência de quarentena e sorologia como passaporte para Esteio, um avanço que merece ser discutido. Sobre a questão da rastreabilidade, o diretor-geral defende um tempo de maturação e é contrário ao processo compulsório.
Liberação
Com a novidade, criadores que não levaram animais para Esteio em 2001 estarão de volta. É o caso do pecuarista Valter José Pötter, da Estância Guatambu, de Dom Pedrito, que está preparando de 12 a 15 touros rústicos das raças Braford e Hereford para a mostra. No ano passado, o agropecuarista preferiu não retirar os animais da estância por causa dos focos de febre aftosa. “Agora, com a possibilidade de envio imediato dos animais para fora do Estado, os negócios podem melhorar bastante”, acredita.
O agropecuarista Fábio Gomes, proprietário da Cabanha Catanduva, de Cachoeira do Sul, não acredita que essas medidas na véspera do evento sirvam para alavancar os negócios. O criador gostaria de ver as porteiras do RS totalmente abertas para a saída do gado gaúcho. Ele aponta que o fechamento da fronteira provocou um redução de 30% no preço dos animais. Por isso, o remate da cabanha, agendado para 29 de setembro, foi transferido para 3 de novembro.
Fonte: Zero Hora (por Jorge Correa), adaptado por Equipe BeefPoint