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Futuro do agronegócio passa pelo marketing

O futuro do agronegócio brasileiro passa pelo investimento em marketing, diversificação de produtos e atendimento às exigências do mercado. O desafio, segundo analistas, é consolidar e ampliar negócios já formados.

“O primeiro passo foi dado, a revolução da produção. Agora é preciso fazer a revolução do mercado”, disse o consultor da Céleres, durante palestra na Bienal dos Negócios da Agricultura, que se realiza em Cuiabá (MT), Jean-Yves Carfantan. Para ele, uma das estratégias do setor é criar marcas regionais, agregando valor aos produtos. Ele cita como exemplo, a produção do vitelo pantaneiro, cuja carne pode ser vendida no exterior com um selo das práticas de manejo do gado e também com as especificidades do produto.

Para Carfantan, o Brasil já tentou criar programas de agregação via marcas, mas que não têm se consolidado por problemas de oferta e qualidade contínuas. “Marca é confiança, não posso vender uma carne hoje de um jeito e amanhã de outro”, diz. Além disso, segundo ele, não adianta somente o país criar uma marca, como a Brazilian Beef, lançada pelo governo passado, e os frigoríficos não fazerem um investimento comercial no produto. “É preciso organização das cadeias produtivas”.

Outro filão a ser explorado pelo agronegócio brasileiro, na avaliação de Carfantan, é criar produtos específicos para determinados mercados. Segundo ele, cada vez mais, na Europa, as redes de varejo investem no diferencial mercadológico. O consultor diz que o setor também necessita criar redes de distribuição no exterior, como fazem as grandes empresas avícolas.

Para o presidente do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Ícone), Marcos Jank, são mercados promissores países em desenvolvimento como a China e a Rússia. Ele cita que, nestes lugares, o crescimento das exportações brasileiras foi superior a 20% ao ano na última década. “À medida que a renda cresce, aumenta a procura por proteína animal”, diz Jank, acreditando que o País pode ser um grande fornecedor dos mercados emergentes. Isso porque, enquanto nos Estados Unidos o consumo per capita de carnes é de 115 quilos, na Ásia é de 20.

Carfantan acrescenta que mesmo esses países em desenvolvimento também ficarão mais exigentes e o país terá de seguir as regras impostas.

Para Jank, alguns problemas podem barrar o crescimento do Brasil, que hoje é o maior exportador mundial de carne bovina e de frango. Entre os perigos, ele cita a volatilidade cambial, os juros altos, as barreiras não tarifárias, a infra-estrutura e as negociações internacionais. Jank acredita que os produtores devem rever a gestão do negócio. “Não é porque eu uso tecnologia que terei os melhores resultados”, diz. Na avaliação dele, é preciso que o agricultor adapte e racionalize o emprego da tecnologia à região em que cultiva.

Fonte: Gazeta Mercantil (por Neila Baldi), adaptado por Equipe BeefPoint

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