O Brasil e os demais países do G-20 querem corte de 80% no total dos subsídios europeus e 75% dos americanos. Nas tarifas, o corte seria de 54% nas taxas aduaneiras cobradas pelos países ricos aos produtos agrícolas.
“Queremos que a rodada de negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) gere cortes reais e um resultado ambicioso”, afirmou o chanceler Celso Amorim. Se aceita, a proposta resultará em apenas US$ 11 bilhões em subsídios aos americanos, ante US$ 22 bilhões aos europeus.
Os técnicos da União Européia concluíram ser preciso que os 25 países membros do bloco dêem um novo mandato negociador aos diplomatas. “Os países não nos autorizaram a aceitar isso”, afirmou um negociador. A ministra do Comércio Exterior da França, Christine Lagarde, informou que os países não haviam autorizado nem a proposta mais tímida apresentada pela UE.
O G-20 apresentou a proposta ontem, como alternativa às idéias americanas e européias dos últimos dias. “Estou decepcionado”, declarou o representante de Comércio da Casa Branca, Rob Portman. “Fizemos o que nos foi pedido. Mas não tivemos uma resposta adequada de nossos parceiros comerciais”. Portman criticou os europeus, que defendem a manutenção de 200 produtos sob de altas tarifas.
O Brasil propõe corte de 54%, em média, para as taxas cobradas pelos países ricos e 36% sobre as taxas de países em desenvolvimento. De uma certa forma, o País abdica de maior acesso a mercados emergentes para ganhar o apoio deles em outros pontos das negociações. Haveria ainda um teto de 100% para as tarifas dos países ricos e 150% para os países em desenvolvimento.
O corte proposto seria suficiente para americanos e europeus reduzirem de fato o apoio aos produtores. A ajuda de Washington cairia de US$ 47 bilhões para US$ 11 bilhões. Os europeus teriam de baixar os subsídios de US$ 110 bilhões por ano para US$ 22 bilhões.
Os debates sobre a liberalização continuarão na próxima semana e os ministros prometem voltar a Genebra para tentar aproximar as posições. Mark Vaile, ministro do Comércio da Austrália, acredita que a maior pressão forçará a tomada de decisões. “Se não tivermos um acordo em Hong Kong, a situação vai ficar difícil em 2006”.
Fonte: O Estado de S.Paulo (por Jamil Chade), adaptado por Equipe BeefPoint