De acordo com Salani, isto não significa que as vacinas são ineficazes. “Se os bezerros foram de fato vacinados em fevereiro e maio deste ano, como alegam os proprietários, eles ficaram doentes pouco antes de receber a terceira e última dose, que seria aplicada em novembro”. Isso significa que, em outubro, quando a doença se manifestou, os animais estavam mais vulneráveis.
O surto de febre aftosa no Mato Grosso do Sul foi confirmado pelo governo no último dia 10. Ele surgiu na Fazenda Vezozzo, em Eldorado. A propriedade é considerada modelo e utiliza todas as técnicas consideradas de ponta no manejo e trato dos animais, como a inseminação artificial e a transferência de embriões. Seus proprietários são membros da Associação Brasileira do Novilho Precoce e da Associação Brasileira dos Criadores de Limousin. Por sua contribuição à raça européia Limousin, foram agraciados com medalha de honra concedida pela associação mundial de criadores, na França.
Com todas estas credenciais, foi com surpresa que os pecuaristas receberam a notícia de que na Fazenda Vezozzo 142 animais (24% de seu rebanho, de 584 cabeças) caíram doentes. Os animais que ficaram doentes tinham algo em comum: todos tinham menos de um ano de idade. “É sabido que, após a desmama, cai a resistência imunológica dos animais. Embora vacinados, os bezerros estavam mais vulneráveis”, diz Luiz Henrique Vezozzo, administrador e filho dos proprietários da fazenda.
A vulnerabilidade, diz, não é somente pela idade e desmama dos animais, mas também pelo estresse climático, com queda brusca de temperatura. Isso, por si só, no entanto, não ajudam a explicar a introdução do vírus na fazenda.
A introdução, diz, pode ter ocorrido quando o caminhão de um frigorífico entrou na fazenda para retirar animais para abate. Na véspera, o mesmo caminhão tinha recolhido animais no município vizinho de Japorã, que, segundo indicam as investigações, pode ser o foco primário da aftosa no Mato Grosso do Sul. “A doença não se manifestou lá primeiro provavelmente porque algum criador escondeu a doença. E isso é fácil de acontecer porque o animal adoece, mas não morre. Ele se recupera e vive uma vida normal com o vírus encubado”, diz Vezozzo.
Ele garante que os animais estavam de fato imunizados. “Não comprei certificado de vacina e dou minha palavra que jamais comprei animais do Paraguai”.
Fonte: Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados (por Lucia Kassai), adaptado por Equipe BeefPoint