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Gado paraguaio cruza a fronteira brasileira

O flagrante ocorreu na quinta-feira (22), no momento em que o ministro da Defesa, Celso Amorim, visitava a região e falava do apoio da operação militar ao controle da fronteira para evitar a entrada da aftosa.

Na área de influência do foco de febre aftosa notificado pelo Paraguai, numa região declarada Zona de Alta Vigilância pelo governo brasileiro, o gado paraguaio passa livremente a fronteira e entra no Brasil, no extremo sul do Estado de Mato Grosso do Sul.

A reportagem flagrou uma boiada cruzando a fronteira a menos de 30 km do bloqueio que o Exército montou com blindados na BR-463, que liga Ponta Porã a Dourados. O flagrante ocorreu na quinta-feira (22), no momento em que o ministro da Defesa, Celso Amorim, visitava a região e falava do apoio da operação militar ao controle da fronteira para evitar a entrada da aftosa.

A reportagem percorreu 410 quilômetros – sendo 330 em estradas de terra – para constatar que o controle sanitário na faixa de fronteira continua sendo uma ficção. Embora a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) informe que a vigilância foi reforçada com barreiras nos 15 postos fixos do órgão na região, além de cinco equipes volantes, o Estado não encontrou uma única barreira em operação ao longo da Linha Internacional, estrada na divisa dos dois países.

Durante as 12 horas de viagem, a reportagem só cruzou com uma patrulha volante do Departamento de Operações de Fronteira (DOF), força da Polícia Militar estadual especializada no combate ao tráfico de drogas e contrabando, mas que não estava acompanhada pelos fiscais do Iagro. Há apenas dois postos fixos no trecho – média de um a cada 200 km de fronteira -, e, em ambos, os funcionários do órgão de fiscalização estavam recolhidos no prédio, preparando refeições ou vendo TV.

A região é a mesma em que, há cinco anos, um surto de aftosa causou o abate de 35 mil animais, a interdição de mais de três mil propriedades rurais e um prejuízo superior a R$ 1 bilhão. Um dos postos fica em Sanga Puitã, distrito de Ponta Porã, justamente o local em que o gado paraguaio cruzava a fronteira. Bois, vacas e novilhos atrapalhavam o trânsito num dos poucos trechos asfaltados. Ao notar a presença dos repórteres, um garoto a cavalo cercou os animais no lado brasileiro e fez o gado retornar.

A fronteira seca entre Brasil e Paraguai, no trecho sul, entre Ponta Porã e Mundo Novo, na divisa com o Paraná, é demarcada por marcos de concreto e pela Linha Internacional, como são conhecidas as duas estradas paralelas, uma no lado brasileiro, outra no Paraguai. Em muitos pontos, elas cortam propriedades rurais do mesmo dono.

Numa área sob risco de febre aftosa, algumas fazendas estão sem cercas e o gado invade a linha de fronteira. O peão Abílio Leite da Cruz, de 68 anos, soltou o gado do patrão nessa área para aproveitar o pasto. “Tem vez que os bois vão longe, mas é gado com brinco (plaqueta de identificação fixada na orelha) e a gente recolhe.” Ele não teme a aftosa. “Está muito longe daqui.”

Havia gado solto também no município de Aral Moreira, nas imediações da Fazenda Itapuí; na altura da Fazenda Lagoa de Ouro, a 10 km de Coronel Sapucaia; no local conhecido como Manta Potrero; e na estrada de acesso a Três Cerros, município de Paranhos. No início da noite, a reportagem flagrou uma boiada caminhando pelas ruas de Sete Quedas – a cidade fica na fronteira e está incluído na Zona de Alta Vigilância.

Tradicionais criadores do lado brasileiro estão preocupados com a migração de bovinos paraguaios. A confirmação de casos de febre aftosa no departamento de San Pedro, a 130 km da fronteira com o Brasil, levou ao embargo da carne paraguaia e fez o preço da arroba despencar. Na sexta-feira, em Salto del Guayrá, falava-se numa queda de preço de 50% no mercado paralelo, já que os negócios oficiais estavam paralisados.

O administrador da Fazenda Fisher, em Paranhos, João Nobre, de 55 anos, conta que seu patrão se deslocou de Santa Rosa, no Paraná, para acompanhar a vacinação do gado contra brucelose. “Aqui todo mundo vacina e cuida direito. Fica muito ruim se um boi doente atravessa para esse lado. Aí, quem faz a parte dele acaba sendo prejudicado.”

O criador Sérgio Resende, de Tacuru, também se incomoda com o vai e vem de gado na fronteira. “Por mais cuidado que a gente tome desse lado, se vem uma vaca, um bezerro que seja infectado, perdemos tudo, e isso é muito sério.”

Fonte: jornal Estado de SP, adaptada pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. Marcos Sérgio Rangel Fernandes disse:

    É lamentável o descaso com que um assunto tão sério é tratado pelo poder público. Realmente é muito difícil o controle de transito de animais na fronteira entre os dois países, mas se a reportagem consegue flagrar a movimentação, as autoridades deveriam ter competencia para detectar e impedir esta movimentação.
        Os produtores da região, que tanto sofreram no  recente surto de febre aftosa, com certeza estão fazendo a sua parte vacinando o rebanho.
        Deveria existir um disque denúncia para que qualquer pessoa, ao notar movimentação irregular de animais na região, pudesse comunicar as autoridades , assim auxiliar na fiscalização.

  2. Délvio Luiz Rodrigues Berriel disse:

    Infelizmente vivemos pelo que parecemos ser ou fazer e não pelo que realmente somos e fazemos.

    O marketing está acima da verdade. As coisas nem sempre são como parecem.

    A vigilância brica de vigiar, pois  na verdade não o faz. Com isto coloca em risco todo o trabalho de um setor sério e extremamente importante.  

    Será que já esquecemos os prejuizos do passado com a aftosa?

  3. Luiz Antonio Marques de Resende disse:

    Focam o acessório – falta de vigilância na fronteira seca Brasil – Paraguai- e deixam de lado o principal: NÃO é concebível a esta altura que o Paraguai ainda tenha focos recorrentes de Febre Aftosa.No começo do séc.XX os EUA, em seu bem sucedido plano de erradicação desta doença, PRIMEIRO bancaram com recursos de toda ordem-materiais,logísticos,técnicos,etc…- a erradicação da aftosa no seu vizinho ao sul, o México. Com a situação neste país sob controle,aí sim, passaram à segunda parte do plano, que foi a erradicação em seu próprio território. Se os Estados Unidos da América conseguiram este feito há quase 100 anos,porque,com os recursos modernos de que hoje dispomos,não conseguimos fazer o mesmo com nossos vizinhos?

  4. Jerônimo Alves de Oliveira Neto disse:

    Gado paraguaio, fronteira brasileira e a fiscalização é só PRA INGLES VER.

  5. Marcelo Gomes disse:

    O Frances Charles de Gaulle tinha razão.
    "O BRASIL NÃO É UM PAIS SÉRIO"

  6. RONALDO CARVALHO SANTOS disse:

    Quando falamos que Defesa Sanitária Animal e Vegetal delegada a Estados é um me engana que eu pago e gosto, pode parecer galhofa,

    Se delega Defesa e Inspeção. Não se faz defesa nem inspeção e quando aparecem problemas o MAPA é responsabilizado e seus funcionários martirizados

    Onde e como são usados os repasses inclusive viaturas compradas pelo MAPA?

    Insisto em afirmar que Defesa e Inspeção  são áreas de Segurança Naciona,.Indelegáveis.

    Não há como fazer de conta que se Inspeciona, propriedades, animais, alimentos e fronteiras

    Imagine institucionalizar o faz de conta com o SUASA

    O uso de recursos, e   as verbas que foram liberadas para Defesa Sanitária ,Inspeção a, Mata

    douros Municipais, poderá ser a bola da vêz para novos imbróglios.Todo cuidado é pouco……

  7. EVANDRO SILVA BARROS disse:

    Vejo que as autoridades federais e estaduais do Mato Grosso do Sul somente buscam recursos, e cada vez mais recursos, com a alegação da necessidade de fiscalização. Mas, que fiscalização é essa? É sabido, por comentários, que vários animais foram transferidos do PY para o Brasil durante o lapso temporal entre as suspeitas e a confirmação dos focos de febre aftosa. Ora, se houvesse fiscalização séria, isso jamais teria ocorrido. De novo a ausência do Estado fará com que tenhamos sérios prejuízos econômicos.

  8. Rodrigo Martins Giansante Ribeiro disse:

    Realmente o Brasil não é um país sério e na maioria das vezes, se não forem em todas as vezes, quem trabalha nos órgãos Federais nem conseguem realizar seus deveres como trabalhadores para o país. Infelizmente é isso que acontece, quando você tenta desempenhar sua função com o rigor da lei e com os atributos que lhe são delegados, sempre tem um político mandando deixar fazer as coisas do jeito errado, mandando maneirar, mandando fechar os olhos ou ser menos rigoroso. Infelizmente esse é o Brasil em que vivemos. Torço e sonho, um dia quem sabe, meus netos ou bisnetos viverem em um Brasil menos corrupto. Falo com experiência no serviço de inspeção Municipal e Serviço de Inspeção Federal. Luto até hoje para que as coisas mudem e continuarei fazendo o que eu puder.

    Um dia vamos parar de fingir que fazemos as coisas e realmente faremos as coisas que estão descritas nas leis, afinal de contas não é por acaso que as leis existem, se existem devem ser cumpridas e se forem desrespeitadas consequencias gravíssimas virão para o país arcar. É uma pena não termos políticos estudados e com patriotismo no poder. Quando será que isso vai mudar ???

    Parabéns à todos que fizeram o RIISPOA.

  9. juliano abrahão disse:

    Gostaria de enfatizar que no paraguay o gado é vacinado a muito tempo,nao se pode sacrificar todos os produtores por ter se descoberto um foco de aftosa que nem mesmo foi investigado por empresas externas e internas do país,quem prova que esses animais estavão com aftosa de verdade se nenhum exame foi feito nesses animais para comprovar que estes animais estavam realmente com aftosa?quem me garante que tudo isso não é uma jogada suja mercadológica?daqui a pouco vão inventar um surto de aftosa no interior no pará,mato grosso ou mato grosso do sul,nada vai ser investigado direito,vão matar e queimar os animais supostamente contaminados e o prejuíso vai ser brasileiro,isso pramim é uma vergonha.

  10. Carlos Roberto Conti Naumann disse:

    Como diz o ditado, ninguém me falou eu vi com os meus próprios olhos , segundo a reportagem o Ministro da Defesa ou do Ataque Celso Amorim constatou a BARBARIDADE que as autoridades brasileiras fazem com os produtores Agropecuaristas .Será que eles ainda não sabem que uma coisa como esta compromete os 25 milhões  de bovinos ,leite,suínos e aves do Ms. Que os produtores não tem o que fazer com seus produtos caso ocorra novamente um  foco de Aftosa .Pelo descaso e total falta de responsabilidade das autoridades sanitárias .Onde estão os orgão dos produtores que não se manifestam !!! Vamos ver quais  as providencias que vão tomar !!!!

  11. tarcisio alberto lopes soares disse:

    Será que os produtores não podem fazer nada, por exemplo denunciar quem atravessou gado na fronteira, quais os locais mais onde se deu esta passagem, podemos até saber que não dará muito resultado a denúcia, mas é melhor que ficar só olhando as coisas acontecerem e depois se estourar outro foco pagar o pato.

  12. Daniel Pazio Marques de Oliveira disse:

    Vou fazer um breve relato da situação encontrada no Posto Fiscal onde trabalho aqui no Paraná:
    1- O repasse de verbas feito pelo MAPA e pela FUNDEPEC a SEAB foi de 30 milhões de Reais no último ano, até onde eu sei, mas o salário dos Fiscais (Téc.em Agropecuária) é de R$:1.000,00 para fazermos plantões de 24hs de trabalho por 72hs de descanso, não tem agrônomo e nem veterinário para fazerem plantões conosco.
    2- Não temos material de trabalho, entre eles: Cones, coletes, luz UV, computadores, fotocopiadoras, crachá de identificação do fiscal, etc….
    3- Treinamento então, nem falo…….temos fiscais com 22 anos de casa e com apenas 1 treinamento.
    4- Legislação, o Paraná não tem o Código de Defesa Agropecuário, somente algumas leis e resoluções espalhadas a qual não temos acesso……uma lástima…
    5- Penalidades, apenas notificações que na verdade não servem para nada, o máximo que pode acontecer é nós mandarmos o caminhão retornar e não adentrar no estado, o que na verdade não acontece, pois a 500m do Posto Fiscal existe um desvio, por onde eles acabam entrando no estado, ou seja…..serviço perdido
    * Multa…..nenhuma nos últimos 10 anos…..e só agrônomos e veterinários podem fazê-las……….fico na pista feito um idiota, faço a sinalização solicitando a parada do veículo que está "furando" a fiscalização, sabem o que acontece????….recebo uma buzinadinha e um sorriso de sarcasmo do motorista…….eles sabem que não vai acontecer nada….afinal,,,,,EU SOU UM FISCAL DE MENTIRINHA……..
    *
    ME DESCULPEM PELO DESABAFO……MAS JÁ NÃO AGUENTO TANTO DESCASO CONOSCO………

  13. Rubens Mendes Veloso Júnior disse:

    (……….)  COMO O CICLAMATO DE SÓDIO entra no Brasil e em outros países da América Latina e África tão facilmente, se alguns desses países têm sua vigilância e órgãos de defesa responsáveis pela fiscalização de entrada desse tipo de produtos no seu território?  (……….)  Da mesma forma que tem entrado a "FEBRE AFTOSA" paraguaia em nosso País.  Não seria isso um combinado entre governos interessados e nosso governo de corruptos (desde 1500, INFELIZMENTE) para plantar notícias falsas quanto a certas doenças e pragas no nosso Gado Bovino e Agricultura só para nos derrubar na mídia mundial e ganhar na concorrência com esses produtos brasileiros, e, outrossim, por trás MALUF’S, DIRCEU’S, GENUÍNO’S e outros agentes políticos brasileiros ganhando uma propinazinha da boa para fazer vistas grossas sobre o assunto?!

  14. Rubens Mendes Veloso Júnior disse:

    ótima sua explanação, Daniel Pazio.  Pode ser considerada um grito de revolta com relação ao descaso dos governos municipais, estaduais e federal com seus servidores públicos.

    Abraço.

  15. Rubens Mendes Veloso Júnior disse:

    Descaso com seus servidores públicos e, o que é ainda pior, com a população de uma forma geral.

  16. RONALDO CARVALHO SANTOS disse:

    Já estava me considerando, repetitivo,incoveniente , incauto e, inocente útil, após meu último

    comentário. insistindo em classificar o assunto como de Segurança Nacional.

    Porém pelos relatos seguintes , não posso me furtar a lutar por um País sério.

    Conclamo  toda Cadeia Produtiva,Servidores Públicos, Estudantes,e formadores de opinião.

    Conclamo (não incito) a denunciar falcatruas e maracutaias no mau uso ou desvio de verbas

    repassadas aos Estados para Defesa Sanitária Animal ,Vegetal .e, Inspeção.

    Analizar a documentação contábil retroativa a dez anos, dos repasses

    Incluir verbas para construção de Matadouros Municipais, e se foram construidos..

    Tenho como certo o perigo a ser enfrentado, mas Nossa  Pátria está acima de tudo.

    Chega de proteger larápios e corruptos, que sabem de tudo o que se passa;

    Parem de fingir que medidas constitucionais serão tomadas enquanto mantêm o status quo,

    para continuar se locupletando de recursos públicos. Não querem sonetos, mas "emendas".

    A bola da vêz será o Rastreamento. Coisa facílima, mas que não interessa no momento.

    Quando vierem as restrições, aparecerão Agências, ONGs e OSCPs  . pagaremos.

    O sistema de compadrio se encarregará dos programas e nossa grana  será distribuída.

    O que pode ser feito pelo Govêrno ´pois tem gente competente,novamente pemiará bolsos

    dos mesmos, aumentando as riquezas ilícitas.