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Gaúchos buscam união para superar crise na pecuária de corte

Os produtores gaúchos estão se mobilizando para superar o que consideram a maior crise das últimas duas décadas no ciclo produtivo do gado de corte. Na sexta-feira passada (12), promoveram uma reunião no Sindicato Rural de São Gabriel para discutir os atuais problemas e suas prováveis soluções. Hoje, nova reunião na sede da Federação da Agricultura (Farsul), em Porto Alegre, deve levar o debate adiante. “Estamos dando um grito de alerta para salvar a pecuária gaúcha. Já tem muitos produtores abandonando a atividade por causa das dificuldades para se trabalhar”, disse presidente da entidade no último encontro, Tarso Teixeira.

As dificuldades das quais ele fala não são poucas. Vão desde o aumento desenfreado dos crimes de abigeato, barreiras sanitárias em Santa Catarina e concorrência desleal de outros estados, até a falta de financiamento dos bancos brasileiros para o setor. Durante essas reuniões, os produtores querem confeccionar uma estratégia para pressionar governo do estado, União e Ministério da Agricultura na busca de mercados e melhores preços para a carne gaúcha.

A crise na pecuária tem seu marco em maio de 2000, quando a febre aftosa surgiu em alguns animais de Santana do Livramento e se disseminou por toda a região sudoeste do RS. Desde então, os números para os pecuaristas têm sido alarmantes. Enquanto os gastos com funcionários, alimentação, remédios veterinários, arame, insumos e combustíveis aumentaram de 40% a 120% nos últimos quatro anos, o preço do quilo do boi vivo continua no mesmo patamar. A situação se agrava ao comparar dezembro de 2003 com março de 2004: queda de 16,6% no preço do boi em apenas 90 dias de diferença.

“Nós estamos vivendo uma época de safra com mais oferta que vendas, com baixo poder aquisitivo da população. Assim, o consumo é menor e fica difícil crescer. Por isso, precisamos exportar, mas não temos plantas frigoríficas habilitadas disponíveis e Santa Catarina mantém as barreiras sanitárias ao nosso produto”, explica o presidente do Sindicato Rural de Bagé, Paulo Ricardo Dias.

Como alternativa de longo prazo para a crise do gado, o presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Farsul, Fernando Adauto de Souza, aposta na abertura do burocrático mercado norte-americano até a metade de 2005. Até lá, acredita o dirigente, o estado precisa se aparelhar com mais plantas frigoríficas habilitadas para exportação a fim de não perder os novos mercados para Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Souza mostra otimismo sobre o futuro do ciclo produtivo do boi no Rio Grande do Sul. Ele argumenta que a previsão das exportações de carne gaúcha em 2004 é de superar, em aproximadamente 43%, o resultado do ano passado.

Fonte: Zero Hora/RS (por Luís Eduardo Amaral), adaptado por Equipe BeefPoint

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