Nelore dupla musculatura?
21 de fevereiro de 2003
Brasil está próximo de exportar carnes para a China
25 de fevereiro de 2003

Gestão administrativa

Há algum tempo venho enfatizando a necessidade da separação, pelo produtor rural, de seu negócio ou atividade em:

– Sistema imobiliário, e
– Sistema produtivo.

Este último ano foi marcado pela retomada ativa nas transações imobiliárias, impulsionadas pela soja. Alavancada pelo preço internacional, e, internamente, pela entrada da China adquirindo grandes quantidades do produto brasileiro, as cotações se elevaram, gerando um excedente de caixa para o produtor, incentivando a procura por terras agricultáveis.

A grande valorização das terras propícias para soja vem deslocando o pecuarista que faz pecuária neste tipo de propriedade, para terras mais afastadas, impulsionando, consequentemente, a valorização das terras exclusivas de boi, onde a topografia impede a lavoura comercial.

O pecuarista atento, que vem sofrendo há alguns anos com o ciclo de baixa do boi, está tendo a oportunidade de rever seu negócio e montar uma estratégia capaz de mantê-lo na atividade a espera da reversão do ciclo negativo em que se encontra a atividade pecuária.

Não quero dizer com isso que todo pecuarista deve vender sua propriedade e mudar para mais longe, mas apenas se estruturar administrativamente de forma que possa visualizar corretamente seu negócio, e o momento atual por que passa a atividade.

Alguns pecuaristas têm procurado manter alianças a fim de agregar valor no seu produto e assim superar as dificuldades. É o caso de criadores de Hereford e Braford, do núcleo de São Paulo, com a assessoria do Prof. Celso Boin.

Existem ainda aqueles que optaram pela integração lavoura – pecuária, se beneficiando na reforma das pastagens sem custo, ou da receita obtida com o arrendamento rotacionado de suas terras para soja e aproveitando a resteva para pastoreio.

Outros têm optado por se deslocar das terras propícias de soja, para regiões de boi, como o caso de pecuaristas de Querência, no Estado de Mato Grosso, que aproveitaram a oportunidade da valorização das terras, devido a grande procura, e foram para terras próprias para boi, como Vila Rica, no próprio Mato Grosso, ou Santana do Araguaia e Redenção, no Pará.

O que quero alertar é a necessidade de estar estruturado administrativamente, atento às mudanças internas, e, principalmente, às externas, que surgem constantemente.

Sempre é bom lembrar um ditado muito comum na pecuária:

Boi que chega primeiro bebe água limpa

0 Comments

  1. Carlos Eduardo Rodrigues da Silva disse:

    É oportuna e de grande valia o espaço dado a abordagem da gestão administrativa.

    Devemos sempre lembrar à classe produtiva primária o seu verdadeiro e importante papel dentro do sistema.

    Já participei de inúmeros cursos e palestras, sendo destacando em quase todos, senão em todos, a imprescindível importância de um bom controle gerencial que abasteça o administrador de informações úteis na tomada de decisão.

    Contudo, o que se nota na prática é a desvirtuação do verdadeiro papel do sistema de gestão administrativo, onde a veracidade dos dados gerados é pouco confiável.

    Porém, estamos iniciando a discussão e já começam a surgir indícios de preocupação por parte dos proprietários quanto ao retorno do seu investimento inicial.