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Gestão criativa faz a diferença

A meu ver, o determinante no lucro é o gerenciamento, isto é, o fator que mais interfere no seu lucro é você mesmo. Ainda que não pareça, essa é uma boa notícia. Afinal, você não pode fazer chover e, como indivíduo, não consegue mudar, sozinho, as normas do governo ou os preços das mercadorias. O que está a seu alcance é tomar decisões que posicionem o seu negócio, dirigindo-o eficazmente no ambiente econômico, político, social e biológico em que vivemos.

Há alguns anos, conversando com amigos fazendeiros, lhes perguntei o que determinava os seus ganhos. Fizeram uma longa lista, que incluía preços baixos, custos altos, produção, governo, ambientalistas, clima, percentual de juros. Quando lhes disse que haviam deixado fora da lista o fator mais importante, alguém logo acrescentou: sorte. Houve uma boa gargalhada, mas também não era isso que esperava ouvir.

A meu ver, o determinante no lucro é o gerenciamento, isto é, o fator que mais interfere no seu lucro é você mesmo. Ainda que não pareça, essa é uma boa notícia. Afinal, você não pode fazer chover e, como indivíduo, não consegue mudar, sozinho, as normas do governo ou os preços das mercadorias. O que está a seu alcance é tomar decisões que posicionem o seu negócio, dirigindo-o eficazmente no ambiente econômico, político, social e biológico em que vivemos.

É sempre compensador – e realista – conhecer os fatores que influenciam a nossa administração lucrativa. Não podemos nos perder em fatores que não determinam o sucesso. É perder energias à toa.

Pode parecer óbvio o que digo, mas, muito freqüentemente, quando nós, pecuaristas, nos encontramos para discutir o que afeta o nosso negócio, acabamos culpando os tempos difíceis, os preços baixos, o governo, o clima, empresários que se tornam fazendeiros amadores, os frigoríficos etc. No entanto, não é nada disso que determina o nosso sucesso ou o nosso fracasso.

Uma observação se faz necessária. É evidente que tudo o que foi dito influencia nosso negócio. Mas a questão é que, muitas vezes, não atribuímos o peso justo a cada fator. E terminamos por incriminar aqueles que não estão sob o nosso domínio. Dessa forma, a culpa não recai sobre nós, mas nas circunstâncias. O decisivo, porém, é saber atuar diante dessas circunstâncias.

Preços baixos do gado durante um período do ciclo, por exemplo, são vistos por alguns como um grande problema; já para outros, significam boas oportunidades. Não é o ciclo do valor do gado que faz com que se ganhe ou perca dinheiro: é o modo como cada um se programa e atua nesse ciclo. A própria seca é outro exemplo. Não é ela que faz com que o produtor perca dinheiro, mas como cada um age e reage diante dessa circunstância.

Esta não é apenas uma bela teoria otimista. Cada um de nós conhece criadores que sobrevivem à seca de uma forma melhor que outros. Sobrevivem, vivem…e enriquecem.

Por quê? Talvez porque adotem um método de manejo de pastagens que preserve mais o solo, aproveite melhor a pouca chuva que caiu. Seu gerenciamento, por exemplo, pode ter gerado uma condição mais eficiente no armazenamento da água, que garantiu uma melhor pastagem, mesmo nos períodos críticos. Isso não é fantasia, é gestão criativa.

Se as circunstâncias fossem o fator determinante do nosso sucesso, cada um de nós teria os mesmos lucros ou semelhantes perdas que nosso vizinho. Na verdade, sabemos que esse não é o caso.

O gerenciamento não só faz a diferença, mas determina quem perderá ou lucrará convivendo no mesmo cenário. Há também a sorte, é verdade. Até as situações positivas imprevistas, no entanto, requerem uma eficaz atuação. Caso contrário, a sorte não gera rendimentos, mas apenas ressentimentos.

Creio que todos nós devemos pensar um pouco mais sobre esse tema.

0 Comments

  1. Josmar Almeida Junior disse:

    Parabéns pelo excelente artigo.

    O mais importante deste artigo é a audácia de um fazendeiro em “mexer nesta ferida em tempos clinicamente inflamados”.

    Mas acredito que o Sr. José Rocha Cavalcanti tenha “cunhão” para rebater os corações feridos.

    Infelizmente a grande maioria dos fazendeiros só enxergam a fazenda do “lado de fora” da porteira, e pelo lado de fora da porteira não podemos ser apenas um, uns ou um bando.

    Com certeza já temos um vasto “brainstorm” ou “toró de parpite” dos aspectos ligados ao não contentamento do valor da @.

    Já está mais do que provado que para mudar esta dramática novela que a pecuária de corte brasileira passa temos que todos agir.

    Formas para agir?

    1° Sensatez
    2° Tempo (vamos sair da lama operacional do dia-dia da fazenda)
    3° Planejamento estratégico (porque mais um biênio destes nossos corações não aguentarão)
    4° Planejamento operacional – suor! Muito suor (mesmo com @ a R$ 100,00…)

    E para dentro da fazenda?

    Cliquem no segundo banner acima (“Você sabe quanto custa seu boi gordo ?”)…não vão se arrepender.

    Abraços.

  2. José da Rocha Cavalcanti disse:

    Prezado Josmar Almeida Junior,

    Por mais irônico que pareça, a “crise” caminha de mãos dadas com a “oportunidade”.

    Resta-nos posicionar corretamente para conseguir visualizar as duas.

    Agradeço suas considerações.

    Um abraço,
    José Cavalcanti

  3. Eloísa Muxfeldt Arns disse:

    Sr José,

    Ler um artigo tão claro e consistente sobre o valor do gerenciamento nas propriedades rurais é bastante alentador.

    Nada como ver alguém puxar para sí a responsabilidade sobre o sucesso ou fracasso de suas atividades comerciais.

    Um abraço e parabéns

  4. José da Rocha Cavalcanti disse:

    Prezada Eloísa Muxfeldt Arns,

    Concordo com quem falou que a diferença entre um negócio que fracassa e outro que da certo, está na atitude de quem o dirige.

    O que fracassa tem à sua frente, um administrador que um dia está animado e no outro já duvida e desanima.

    O negócio que triunfa, ao contrário, tem no seu comando um empreendedor, que amanhece todos os dias acreditando e com sua motivação está disposto a “matar um leão” por ele.

    Agradeço suas considerações sobre o artigo.

    Um abraço,
    José Cavalcanti