No meu último artigo comentei o aumento no preço de nossas terras. Independente da causa principal, é claro que este aumento se deve ao aumento da procura, onde a lei da oferta e da procura rege os mercados.
A grande procura acontece principalmente nas áreas de agricultura, impulsionadas pela euforia da soja, cujos preços convidativos levam os sojicultores a aumentarem a escala de seus negócios.
Infelizmente, nós pecuaristas, não estamos nesta onda, porém podemos utilizá-la para tomar como lição alguns ensinamentos. É nato da classe produtora rural o aumento de escala dos negócios toda vez que ocorre esta euforia, como acontece atualmente com a soja.
Há alguns anos, tomei contato com o pessoal do manejão, onde a espinha dorsal desta tecnologia é o respeito à natureza e o convívio pacifico e integrado entre a produção e o meio ambiente. Esta tecnologia prega que devemos ter tempo para observar a natureza e dela tirar os ensinamentos para nossa atividade.
Confesso que a principio identifiquei este pessoal como sonhadores, porém à medida que convivia com a tecnologia, através de um contrato de prestação de serviço de consultoria em minha propriedade, vislumbrei a possibilidade de adotá-la para identificar as soluções possíveis para os problemas que me ocorriam e assim podendo prever, passei a poder evita-los.
Guardamos alimentos, produzidos nas águas, para serem consumidos na seca. Parece tolo, mas o ambiente nos mostra que devemos acumular “gordura” na época das “vacas gordas” para serem consumidos na época das “vacas magras”. É a chamada gestão do urso.
Os problemas graves, financeiros e econômicos, que enfrentamos ocorrem por não adotarmos os ensinamentos do meio ambiente.
Como alguns setores produtivos estão vivendo em época de “vacas gordas”, a “gordura” acumulada deve ser administrada responsavelmente de forma que possa ser utilizada sem traumas em épocas de “vacas magras”.
A utilização dos recursos obtidos no aumento de escala neste momento deve ser redobrada de cuidados a fim de evitar sua escassez quando as dificuldades aparecerem. Tenho insistido na profissionalização da gestão econômico-financeira das propriedades rurais de forma a torna-las Empresas.
A Administração Financeira deve ser centrada na previsão e na provisão de recursos financeiros capazes de atender as demandas que surgem em todos os momentos na Empresa. Os recursos a serem empregados na produção e comercialização exigem uma previsão acertada.
Já a obtenção destes recursos a fim de satisfazer as exigências da Empresa no seu dia a dia e também o seu crescimento exige provisão. O empresário rural está permanentemente envolvido em situações de decisão, sejam elas corriqueiras, do dia a dia, que exigem pouca reflexão e tempo ou de grande vulto, quando as conseqüências resultantes são de grande importância e não existe certeza sobre o que deve ser feito.
A decisão de investimento em ativos permanentes deve vir de sobras que não comprometam o andamento da Empresa, muito menos das provisões necessárias para enfrentar dificuldades estacionais corriqueiras da atividade rural.