Giuliano Fontolan - médico veterinário e gerente de exportação do frigorifico Bon Mart - nos enviou uma breve avaliação das exportações brasileiras de carne bovina no momento e dos principais mercados que os frigoríficos do país atendem, nos ajudando a entender um pouco melhor como deve ser o desenvolvimento das vendas de carne bovina ao exterior em 2010. Acredito que o mercado interno brasileiro continuará sendo o principal mercado para carne bovina nacional pelo menos a curto e médio prazo.
Giuliano Fontolan – médico veterinário e gerente de exportação do frigorifico Bon Mart – nos enviou uma breve avaliação das exportações brasileiras de carne bovina no momento e dos principais mercados que os frigoríficos do país atendem, nos ajudando a entender um pouco melhor como deve ser o desenvolvimento das vendas de carne bovina ao exterior em 2010.
“Hoje o principal competidor da carne bovina brasileira nas exportações é o próprio mercado interno brasileiro, devido a diversos fatores como taxa de câmbio, consequentemente preço da arroba em dólares, menor demanda nos mercados externos e barreiras sanitárias.
Atualmente a Rússia, principal mercado da carne bovina brasileira – um mercado sempre instável -, começa a fazer pressão de baixa devido a grande quantidade de produtos vendidos no primeiro trimestre do ano, sendo que boa parte destes contratos tiveram atrasos de embarque, consequência da escassez de animais para o abate, já que boa parte das unidades frigoríficas exportadoras está trabalhando com significante ociosidade – algumas em até 50% da capacidade total.
Mercados como o Oriente Médio – antes um mercado bastante interessante as exportações brasileiras -, hoje se apresenta pouco interessante em preços. Isso ocorreu desde a queda dos preços do petróleo, motivo pelo qual algumas destas economias desaqueceram. Outro fator foram as exportações de carne da Índia para estes mercados, produto esse com preços bem inferiores aos da carne brasileira.
A Argélia ainda continua um mercado viável economicamente, mas as variações de preço no decorrer do ano o torna um mercado instável também. Outro fator é a insegurança em recebimentos neste mercado, sendo que por decisão do Governo Argelino foram proibidos o pagamento de adiantamentos para este destino, e as vendas devem ser 100% com Carta de Crédito, fator que interfere bastante nas garantias de recebimento.
O Irã, país do qual tivemos um grande aumento dos embarques, historicamente também já foi motivo de preocupação para os exportadores brasileiros, principalmente após grande quantidade de embarques. Mesmo problema encontrado na Venezuela, destino que também já foi muito importante para exportações brasileiras.
A grande sensação do momento, a China apesar do que todos pensam, pouco mudará no curto prazo para o Brasil a abertura de barreira sanitárias, pois grande parte da carne exportada para Hong Kong e Vietnã acabam na China e a grande maioria dos comparadores, tradings e distribuidores estão localizados em Hong Kong destino para o qual o Brasil exporta livremente.
Como podemos ver os principais destinos da carne bovina brasileira são bastante instáveis tanto em preço como nos volumes de embarque, o mercado mais interessante para o Brasil ainda continua sendo a Europa, destino do qual encontramos diversas barreiras sanitárias e comerciais o que torna os volumes embarcados para a Comunidade Europeia bastante reduzidos. Este sim é um mercado que pode remunerar muito melhor pela nossa carne, mas infelizmente o Brasil não está sendo competente em negociar as mudanças necessárias para derrubar estas barreiras.
Devido a estes diversos exemplos, acredito que o mercado interno brasileiro continuará sendo o principal mercado para carne bovina nacional pelo menos a curto e médio prazo.”
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Concordo com definição acima descrita, hoje o mercado interno esta em enorme crescimento devido o reflexo lá fora.
Giuliano. Nota 10 pra voce.
Falou o que todos sabem e pensam, mas poucos tem corajem de falar. Se alguém quiser saber como anda nossa exportação, basta ler a análise do Giuliano. 100% verdade.
Prezado Juliano,
Passei o feriado de Páscoa em Presidente Prudente e observei o caminhão do Bon Mart entregando mercadoria a um cliente da nossa cidade. Devo confessar que cheguei a pensar nas vans do JBS estacionado ao lado de clientes de maior porte do Bon Mart em PP e região ! Felizmente, como você afirma o mercado interno continua sendo o principal mercado para a carne bovina brasileira e o Brasil é relativamente grande para acomodar indústrias pequenas e médias sérias que para sobreviver devem encontrar nichos de mercado caso contrário a luta contra o JBS e o Marfrig é fatalmente perdida !
Conforme me escreveu hoje um amigo profissional de alta estima do setor – o seu artigo conciso vai direto ao ponto salientando que não existe um mercado maravilhoso para exportacao ! Todos os mercados estão difíceis ! Ele recorda ainda a perda da competitividade do Brasil em função do alto preço do boi e da baixa taxa do dolár combinado com as declarações falsamente otimistas e utópicas de entidades representativas dos exportadores de carnes em geral que colaboram para criar clima “altista” junto a pecuária que imagina ser a exportação de carnes a salvação da lavoura. Enfim, ainda segundo o profissional, a realidade nua e crua é que o Brasil seguirá exportando por ter volume para ofertar, mas a médio prazo, os precos não serão “brilhantes” e as dificuldades vão continuar !
Eu continuo a afirmar que temos que continuar a trabalhar pro-ativamente junto à União européia para aproveitar da credibilidade reconquistada pelo SDA/MAPA, inclusive graças a colaboração de empresa e profissionais sérios do setor, para que a carne brasileira in natura tenha novamente acesso ao mercado comunitário pelo menos com quantidades e preços anteriores ao estabelecimentos pela UE da lista de propriedades com vistas a propiciar ganhos aos produtores e aos exportadores que adotarão inclusive sustentabilidade no seu modo de produção.
À este propósito, o meu dever de casa eu tenho feito junto à UE e no Brasil por meio de consultorias, palestras e inclusive escrevendo recentemente Carta Aberta ao Ministro Wabner Rossi que foi publicada na coluna Espaço Aberto do BeefPoint. Vamos torcer para que o governo, políticos, Associações e o setor privado (pecuaristas e indústrias) continuem a remar na mesma direção para que tenhamos inclusive “bons ventos” a médio prazo.
Cordialmente,
Jogi Humberto Oshiai
Diretor para Comércio da América Latina junto à UE
O´Connor and Company
Bruxelas – Bélgica
Caro Giuliano parabéns pela síntese de mercado, retrata o cenário atual de forma simples e objetiva.
Abraço
Prezado cristiano Costa, obrigado pelo comentario.
abraço
Giuliano Fontolan
Prezado Carlos Roberto, Vindo de sua parte me sinto muito Honrado pelo comentário, Muito Obrigado.
Abraço
Giuliano Fontolan
Caro Jogi Humberto,
Obrigado pelo comentario e todos sabemos o tanto que voce contribui pelo bom nome da pecuária Bovina brasileira na Europa.
Grande abraço
Giuliano Fontolan
Caro Renato Galindo,
Muito obrigado por suas palavras, fico muito feliz de ouvir isso vindo de alguem com tão larga experiência no setor.
abraço
Giuliano Fontolan