A Assembléia Legislativa de Goiás aprovou por unanimidade a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai investigar as denúncias da prática de cartel por parte dos frigoríficos. A votação ocorreu na tarde da última quarta-feira e todos os 25 parlamentares presentes foram favoráveis ao requerimento do deputado Ivan Ornelas (PT). Hoje deve ser elaborado o decreto legislativo que oficializa a CPI.
A proposta havia sido apresentada há mais de uma semana. A primeira reunião foi marcada para a próxima terça-feira (15), pela manhã. A Comissão será presidida pelo próprio proponente. Os outros integrantes serão os deputados tucanos Jardel Sebba e Daniel Goulart e o pepista Nédio Leite. Já o PMDB indicou Wagner Guimarães.
Como suplentes da base governista estão Padre Ferreira e Daniel Messac, ambos do PSDB, e Nilo Rezende (PFL); Romilton Moraes pelo PMDB; e o petista Luis Cesar Bueno. A votação de quarta-feira foi presidida pelo primeiro-secretário, deputado Daniel Goulart (PSDB), devido à ausência do presidente da Casa, Samuel Almeida (PSDB).
Agora a CPI tem 90 dias para concluir seus trabalhos, os quais podem se estender por mais três meses. Para o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, a decisão unânime “demonstra o reconhecimento público da classe política de que é preciso apurar o que está de errado”.
“A pecuária é um dos mais importantes setores da economia do estado, que contribui de forma decisiva para seu crescimento”, avalia. Com a instalação da CPI, o representante dos pecuaristas espera que o posicionamento político diante das denúncias venha melhorar e fortalecer toda a cadeia produtiva.
O requerimento do deputado Ivan Ornelas foi baseado em mensagens de protesto veiculadas pelas entidades representativas dos produtores nos meios de comunicação de Goiânia.
Além disso, o parlamentar utilizou-se de entrevista com o ex-governador Otávio Lage Siqueira e dono do frigorífico Goiás Carne, publicada pelo Diário da Manhã no dia 25 de fevereiro. Ele negou a existência de cartel.
A acusação é de que alguns dos maiores frigoríficos do país monopolizam o mercado da carne, inclusive nas comercializações com o mercado externo. Pecuaristas alegam que 90% das exportações do produto estão nas mãos destas empresas. A prática, segundo Nogueira, ocorre desde o começo do ano. Como provas, os produtores apresentam tabelas de preços para a compra do gado, emitidas pelos próprios frigoríficos.
Alguns pecuaristas ainda permanecem com seu gado nos currais, conforme solicitação das entidades. A suspensão da entrega dos bois visa pressionar as empresas a adotarem concorrência no setor. Também foi acertado que será viabilizada uma cooperativa de criadores em Goiânia. Segundo o presidente da CNA, a associação está em fase de reunião dos pecuaristas interessados.
Fonte: Diário da Manhã/GO, adaptado por Equipe BeefPoint