Depois de meses e meses marcando passo entre R$ 40,00 e R$ 42,00, na última semana a arroba do boi gordo apresentou forte reação de preços no mercado goiano, onde pelo menos um grande frigorífico já fechou negócios ao preço de R$ 46,00. Na maioria dos casos, entretanto, a arroba ainda está sendo comercializada a R$ 45,00, embora, tanto produtores quanto indústria frigorífica concordem que, para os próximos meses, a tendência é de alta nas cotações. Pela cotação da Bolsa de Mercadorias de Goiás, o preço médio da arroba está em R$ 44,00.
O coordenador do Fórum da Pecuária de Corte, Antenor Nogueira, afirma que o preço da arroba do boi gordo deve ultrapassar os R$ 50,00 nessa entressafra, até porque há uma certa escassez de animais para abate. “Cabe a nós, pecuaristas, continuarmos contendo a oferta para que o mercado continue justo e permita que os preços prossigam sua recuperação”, pondera, advertindo o produtor de que vender todo o estoque agora é um erro grave.
Defasagem
O presidente da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA), Maurício Faria, observa que a reação dos preços é positiva para a pecuária de corte, mas argumenta que o produtor não deve ceder à tentação de descartar todos os animais de uma só vez. “É preciso lembrar que a recuperação de preços está só começando e ainda estamos muito longe da média histórica em relação à moeda americana, que nessa época do ano é de aproximadamente 22 dólares, ou cerca de R$ 68,00 pelo câmbio atual”, diz.
Faria argumenta, também, que o pecuarista precisa levar em conta que seus custos de produção no período de estiagem são muito mais elevados, o que anula parte do aparente ganho com a alta de preço da arroba. Ele recomenda ao produtor cautela em relação à idoneidade do frigorífico com o qual negocia, “pois a experiência tem mostrado que é nesses períodos de elevação de preços que acontecem os maiores calotes contra os pecuaristas”.
Exportação
O presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes (Sindicarne), José Magno Pato, admite que a tendência de alta do boi gordo é irreversível, mas não se arrisca a prever um teto a que os preços possam chegar. Segundo ele, a elevação nas cotações do boi gordo se deve em parte à natural redução da oferta de animais para abate na entressafra e, em parte, a uma certa pressa dos frigoríficos em cumprir contratos de exportação, aproveitando a situação privilegiada do câmbio.
Tanto Antenor Nogueira quanto Maurício Faria se mostram preocupados com o que possa ocorrer com os preços da carne no varejo. Segundo eles, os preços ao consumidor não deveriam subir na mesma proporção das cotações da arroba do boi gordo, tendo em vista que o varejo já vinha trabalhando com margens de lucros muito elevadas. Segundo eles, é preciso que haja essa compreensão do comércio, pois o poder aquisitivo da população está cada vez mais baixo e qualquer movimento mais brusco dos preços do varejo pode resultar em queda do consumo.
Rio Grande do Sul
O quilo do boi vivo pode ser comercializado a R$ 1,55 nesta semana em Alegrete. Para o presidente do sindicato rural, Abílio Nogueira, que reuniu ontem (05) os pecuaristas locais, o “preço de sugestão” se deve à tendência de alta, devido ao desabastecimento do mercado.
“A diminuição de animais e a possibilidade de abate resultam do clima imposto às pastagens da Fronteira-Oeste nos últimos dias”. O preço referência do quilo da vaca foi fixado em R$ 1,40.
Fonte: O Popular/GO (por Edimilson de Souza Lima) e Correio do Povo/RS, adaptado por Equipe BeefPoint