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GO: Preço do boi gordo cai e arroba fica em R$ 40,00

Os frigoríficos forçaram e conseguiram mais uma redução de preço na arroba bovina na última semana. Os negócios, a partir de terça-feira passada, foram fechados em Goiânia a R$ 40,00 a arroba de boi gordo e R$ 37,00 da vaca gorda. Em algumas cidades do interior o valor pago aos pecuaristas ficou ainda mais baixo, algo em torno de R$ 38,00 a arroba. O motivo alegado é a importação de carne da Argentina, que se tornou muito competitiva em função da desvalorização da moeda daquele país frente ao dólar.

No caso do leite, ainda há um acordo anti-dumping, em que o produto em pó não pode chegar ao mercado nacional por menos de US$ 1.900,00 a tonelada. Porém, quanto à carne, não existe nenhum instrumento específico que regule o preço no mercado internacional, prevalecendo a lei de oferta e procura. Com a carne argentina mais competitiva quem perde são os pecuaristas brasileiros.

Esse é o menor valor praticado em 2002, já que as cotações vinham estabilizadas em R$ 42,00 (Goiânia) e R$ 41,00 (em algumas cidades do interior) desde o mês de janeiro. O período de Quaresma, em que o consumo normalmente cai, ajudou a afetar a sustentação dos preços no mercado atacadista. Para os analistas do mercado poderá haver novas baixas de preço, dependendo de como vão se comportar as importações daqui por diante.

Tendências

No curto prazo não há perspectiva de variação positiva do preço da arroba bovina, principalmente com as importações de carne argentina. Some-se a isso o consumo estagnado e os volumes exportados pelo Brasil. Ainda são pequenas as quantias embarcadas para o exterior, já que muitos países importadores ainda não definiram as cotas a serem compradas.

De outubro do ano passado até agora, os pecuaristas registraram perda aproximada de 13% na cotação da arroba bovina. Em 30 de outubro o valor médio pago aos produtores era de R$ 46,00 a arroba. Atualmente o preço médio está em R$ 40,00.

Entidades pedem cautela

Nesse momento o pânico será o maior adversário do pecuarista. A opinião é do secretário da Agricultura, José Mário Schreiner, que pediu ontem aos pecuaristas goianos que adotem toda a cautela possível na comercialização dos seus estoques de bois, “para não tornar realidade uma crise que pode não passar de pura especulação”. O secretário se referia à decisão dos frigoríficos de baixar os preços pagos pela arroba do boi, sob a alegação de que a Argentina tem grandes estoques de carnes ofertados a preços 50% a baixo das cotações do mercado interno brasileiro.

De acordo com o secretário, o produtor precisa apurar melhor o que, de fato, está acontecendo no mercado antes de decidir pela comercialização de seus animais, para evitar uma superoferta e aí sim, uma queda natural dos preços. Segundo ele o governo está observando com interesse a questão e vai monitorar junto aos órgãos federais de comércio exterior as importações de carne argentina. “Pessoalmente acredito que não sejam tão expressivas como estão sendo anunciadas”, diz Schreiner, que aposta na estabilização do mercado logo após a Semana Santa, sob o argumento de que a oferta de boi em Goiás está normal para o período.

Risco

O coordenador do Fórum Nacional da Pecuária de Corte, Antenor Nogueira, também pede calma aos produtores até que as coisas se tornem mais claras. “A situação na Argentina é de caos e não há certeza de que tenha tanta carne disponível a ponto de desestabilizar um grande mercado do porte do nosso”, diz o dirigente do fórum, para quem os frigoríficos podem estar superdimensionando as importações de carne do país vizinho, apenas para derrubar ainda mais as cotações do boi no mercado interno. “Não podemos esquecer que tentaram fazer o mesmo jogo conosco, há um ano, por ocasião do embargo canadense à carne bovina procedente do Brasil”, destaca.

O presidente da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), Macel Caixeta, também acha que as férias coletivas que os frigoríficos vêm dando aos seus funcionários, bem como as interrupções nas compras de boi, podem não passar de um jogo de cena para atemorizar o pecuarista e induzi-lo a aceitar novas reduções nas cotações da carne. “Para isso a indústria de carne está contando com seus estoques para atender ao baixo consumo normal da Semana Santa, passando para o produtor uma falsa impressão de que o mercado realmente está em crise”, adverte.

Macel Caixeta também critica as importações de carne da Argentina, não só pelo fator desestabilizador do mercado interno brasileiro, “mas pelos riscos sanitários que elas podem representar para a pecuária nacional”. Ele argumenta que há meses a Argentina está mergulhada em severa crise política, econômica e social, o que permite concluir que sua estrutura administrativa, incluindo o serviço de defesa animal, também esteja bastante desarticulada. “Como o país registrou focos da febre aftosa há pouco tempo, essas importações desordenadas de carne representam um risco real para as nossas áreas livres da doença”, conclui Caixeta, que diz esperar das autoridades brasileiras uma atenção especial em relação ao assunto.

Fonte: O Popular (por Edimilson de Souza Lima), adaptado por Equipe BeefPoint

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