O governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra, efetivou ontem (26) o primeiro negócio da Bolsa do Novilho Gordo, uma das principais novidades desta edição da Expointer. Olívio bateu o martelo na venda do primeiro lote de animais ofertados no remate virtual promovido pela Secretariada Agricultura e Abastecimento (SAA), Banrisul, Federação das Associações de Criadores de Animais de Raças (Febrac) e Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do RS (Sicadergs).
O comprador do primeiro lote, Frigorífico Boa Esperança, de Santo Antônio da Patrulha, adquiriu 220 novilhos, com peso estimado de 480 kg cada animal, ao preço de R$ 1,60 o quilo, que também foi o valor médio obtido nas operações. Dos 2.266 novilhos ofertados, foram vendidos 690, totalizando R$ 469,2 mil. O leilão foi transmitido ao vivo pelo Canal Rural. “É uma caminhada reveladora do progresso do aproveitamento dos meios de comunicação”, destacou o governador.
Ele também salientou que o leilão possibilita ganhos para todos os envolvidos, resultando na geração de emprego e renda para os gaúchos. Segundo o secretário da Agricultura e Abastecimento, Angelo Menegat, a realização do Leilão do Novilho Gordo na Expointer materializa a intenção do Governo do Estado de reafirmar a tradicional feira como um palco importante de negócios para o setor. “Com este leilão, a Expointer, além de ser uma grande festa, firma-se como uma excelente oportunidade de negócios, trazendo benefícios para toda a cadeia produtiva”, disse.
Onze frigoríficos se credenciaram para o leilão: Cooperativa de Suínos Caí Superior, de Harmonia, Frigorífico Boa Esperança, de Santo Antônio da Patrulha, Frigorífico Cordial, de Cachoeirinha, Frigorífico Krothe e Frigorífico Conceição, ambos de Venâncio Aires, Frigorífico AB, de Sapiranga, Frigorífico Mercosul, de Bagé, Cooperativa Agropecuária Sulcoop, de Bom Retiro, Frigorífico Silva, de Santa Maria, Cooperativa Fronteira Oeste de Carnes e Derivados, de Uruguaiana, e Frigorífico Irmãos Greve, de Viamão.
O presidente da Febrac, José Paulo Cairolli, acredita que este evento é o passo decisivo para a implantação da Bolsa do Novilho Gordo em nível nacional, através da Bolsa de Mercadorias. “Está criado o mecanismo que viabiliza a relação direta entre o produtor e o frigorífico e isso ocorre graças ao apoio do governo estadual”, afirmou.
Segundo o presidente do Sicadergs, Mauro Lopez, a idéia da Bolsa do Novilho Gordo alinha-se à proposta da entidade de promover a organização e a integração da cadeia produtiva da carne.
O remate virtual é vantajoso por ter baixo custo, já que não acarreta gastos com transporte de animais, como em uma feira tradicional, e por ser limpo do ponto de vista sanitário, uma vez que o exemplar sai direto da propriedade para o abate. Todos os novilhos têm rastreabilidade e devem ser entregues no dia 30 de setembro.
Resultado
A Bolsa do Novilho Gordo negociou apenas 38% dos animais em oferta.
O presidente do Sindicato dos Leiloeiros Rurais do Estado (Sindiler), Marcelo Silva, estimava uma arrecadação de até R$ 1,5 milhão. Agora refaz a previsão de faturamento da Expointer, de R$ 5 milhões para R$ 4,5 milhões.
A média geral dos remates na Bolsa do Novilho Gordo ficou em R$ 745,5. A dificuldade foi a diferença entre o preço pedido pelos criadores e o valor admitido pelos frigoríficos. Os produtores, que já estão vendendo o quilo por R$ 1,65, queriam este valor mínimo. Surgiram apenas ofertas de R$ 1,60. Por este preço, foram vendidos produtos de seis propriedades. De todos os lotes vendidos, apenas um, de 235 novilhos, superou a barreira, chegando a R$ 1,62. Também houve um lote de fêmeas comercializado por R$ 1,55, mas todos os demais negócios foram fechados ao preço de R$ 1,60. Alguns lances inferiores foram desautorizados pelos proprietários.
Silva observa que o pregão mostrou que os frigoríficos estão organizados e acabaram tabelando os preços. O presidente da Febrac saiu do remate indignado. “Agiram de forma míope. É o cartel dos frigoríficos”, reagiu.
O presidente do Sicadergs negou qualquer organização para tabelar preço. Disse que os valores do pregão significaram uma sinalização do mercado.
Fonte: Governo do Estado do Rio Grande do Sul, Zero Hora/RS (por Jorge Correa) e Gazeta Mercantil (por Caio Cigana), adaptado por Equipe BeefPoint