O governo está costurando um plano logístico exclusivo para o agronegócio brasileiro. Conduzido pela Embrapa Territorial, com sede em Campinas (SP), o trabalho elege como prioritárias 30 obras de rodovias, ferrovias e hidrovias, oito das quais com potencial para resolver cerca de 60% dos gargalos de transporte enfrentados atualmente pelo setor.
Baseado em mais de 150 mil imagens de satélites e fruto de um sistema de “inteligência territorial de macrologística” desenvolvido nos últimos dois anos pela equipe do pesquisador Evaristo de Miranda, da Embrapa Territorial, o estudo identifica rotas de escoamento importantes para diferentes segmentos do campo e propõe projetos e alternativas capazes de otimizá-las. No total, 1,6 bilhão de toneladas de matérias-primas agropecuárias e seus derivados, além de insumos e equipamentos, são transportadas ao ano no país por estradas, trilhos, rios e dutos.
O plano contempla projetos conhecidos como o Ferrogrão, ferrovia que está em consulta pública e ligará Sinop, em Mato Grosso, a Miritituba, no Pará, onde grandes tradings já instalaram diversos terminais portuários. Mas também sugere “pequenas intervenções” em obras já existentes capazes de resolver demandas pontuais ou servir de opção em novas fronteiras – regiões em que foram identificadas tendências de avanço de uma determinada atividade agropecuária e que vão necessitar de soluções de transporte no futuro.
Ainda que as obras contidas no plano se espalhem por todos os polos de agronegócios do país, as consideradas mais urgentes se localizam no chamado Arco Norte, por onde é crescente o escoamento de grãos produzidos no Centro-Oeste e destinados à exportação.
Quando estiver concluído, o trabalho também pretende indicar qual o modelo de investimento é mais viável para cada obra – concessão, Parceria Público-Privada (PPP) ou investimento 100% público, no caso de não haver interesse imediato para investidores, inclusive em consequência das incertezas políticas intrínsecas a um ano de eleições majoritárias como a de outubro deste ano.
Fonte: Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.