A Austrália anunciou na quinta-feira que irá gastar A$ 5 milhões (US$ 2,82 milhões) em uma campanha para promover as vendas de carne bovina no Japão. O ministro da Agricultura australiano, Warren Truss, disse que a Austrália precisa estar em uma posição mais forte para se beneficiar à medida que a demanda se recuperar no Japão, após a crise gerada pela descoberta de 4 casos de encefalopatia espongiforme bovina (EEB) ou doença da “vaca louca” nos rebanhos japoneses desde setembro do ano passado.
Ele disse também que os produtores de carne e os processadores vão cada um contribuir com mais uma quantia de A$ 1,25 milhão (US$ 706,87 mil) para o programa, a fim de garantir a participação da Austrália no mercado em recuperação do Japão, evitando perder participação aos Estados Unidos e a outros fornecedores de carne.
“Enquanto os governos geralmente não apóiam campanhas promocionais, a recuperação deste mercado é uma oportunidade vital para os governos estadual e federal de apoiar nossa indústria neste momento crucial”.
As exportações de carne bovina da Austrália ao Japão que ficam em torno de A$ 2 bilhões (US$ 1,13 bilhão) em um ano normal, estão se recuperando nos últimos meses, mas ainda se mantêm abaixo dos anos anteriores, após a demanda cair inicialmente 70% com o surgimento do primeiro caso de EEB no país.
Nos últimos 10 meses até abril deste ano, as exportações australianas de carne bovina ao Japão, o maior destino de exportação deste produto em termos de valor, totalizaram em cerca de 203 mil toneladas, cerca de 26% a menos do que o volume exportado no mesmo período do ano anterior.
A Austrália é livre de EEB bem como de febre aftosa, um ponto que está sendo bastante enfatizado no Japão.
Rastreabilidade e a confiança dos consumidores
A segurança dos alimentos é um assunto que não saiu de pauta no Japão nos últimos meses. O Ministério da Agricultura, Floresta e Pescado informou que pretende que um “sistema de rastreabilidade” seja implementado em abril de 2003, quando divulgou seu plano para recuperar a agricultura e a alimentação do país, em abril deste ano.
O pesquisador do Instituto de Pesquisa sobre Ciência e Tecnologia para a Sociedade, Tatsuhiro Kamisato, argumentou em “Rastreabilidade irá recuperar a confiança nos alimentos” que a garantia da instalação deste sistema no Japão não é realista, a menos que sejam tomadas decisões nas quais o setor de alimentos seja considerado prioridade.
Kamisato disse que a rastreabilidade permitirá que os produtos alimentícios do Japão sejam rastreados em qualquer estágio, da produção e processamento à distribuição. Ele concordou que, além de fornecer aos consumidores maior segurança, a rastreabilidade é um sistema valioso que, no caso de ocorrer uma crise, fará com que fique mais fácil detectar a causa de qualquer surto de doenças, além de evitar a disseminação de rumores prejudiciais à indústria do país.
Porém, Kamisato disse que o sistema irá requerer um investimento bastante significativo, bem como grandes esforços. Ele propôs que a rastreabilidade seja implementada primeiro nas áreas onde os problemas são mais prováveis de ocorrer, começando com a criação de bovinos, suínos e aves, que podem apresentar doenças possíveis de serem transmitidas aos homens. Além disso, ele disse que será necessária a cooperação internacional, a fim de que seja garantida a rastreabilidade nos alimentos importados.
Fonte: Reuters e Japan Today, adaptado por Equipe BeefPoint