Consciente da importância da reocupação do Pantanal, que sofreu um grande esvaziamento de gente e de bois, principalmente nas últimas décadas, o governo do Estado do Mato Grosso está desenvolvendo três programas para incentivar e apoiar a retomada da pecuária. Programa Pantanal, Prommepe Pantanal e Boi Orgânico Pantaneiro são os três programas criados pelo governo estadual para incrementar a pecuária pantaneira, informa o subsecretário de Estado de Agricultura e Assuntos Fundiários, Heitor Medeiros.
O Programa Pantanal visa dar apoio técnico aos criadores da planície pantaneira e desenvolver pesquisas para identificar a preferência de potenciais mercados consumidores sobre produtos de origem animal, pois não são apenas as carnes nobres que são exportadas para o exterior. Os países asiáticos, por exemplo, importam de Mato Grosso quase toda a produção de testículos e vergalhos de bois.
Já o Prommepe (sigla para Programa Mato-grossense de Melhoramento da Pecuária) Pantanal concede ao pecuarista incentivo fiscal de 5% quando o boi é abatido. Mas o pecuarista tem que provar que a origem do boi é pantaneira.
A extensão do Prommepe ao Pantanal tem um propósito: incentivar a volta do boi pantaneiro à planície, pois as raças zebuínas enfrentam sérias dificuldades para se adaptar ao ambiente hostil da região.
O programa do Boi Orgânico Pantaneiro começa a ser implantado em Mato Grosso para atender a crescente demanda de mercados consumidores internacionais pela carne verde.
Apesar do nome com que foi batizado, o programa não se restringe ao boi pantaneiro e muito menos aos bovinos dessa raça, que em função da diluição genética que vem ocorrendo com os cruzamentos com zebuínos que chegaram ao Pantanal nos últimos anos, corre o risco de desaparecer.
FCO
Os R$ 3,5 milhões de recursos que o Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO) liberou de julho de 2001 até agora para pecuaristas pantaneiros de Poconé viraram 4 mil matrizes e 200 touros. Na esteira dos animais que chegaram ao Pantanal, vieram a construção e reformas de cercas, de currais, equipamentos de montaria e a geração de empregos na zona rural.
“O pantaneiro está recuperando a auto-estima”, afirma o presidente do Sindicato Rural de Poconé, Átila Correa de Arruda. Segundo Átila de Arruda, os criadores pantaneiros estão animados com os novos rumos que a pecuária poconeana está tomando neste início de milênio, depois de décadas de declínio que quase a levaram à falência.
O entusiasmo dos criadores é justificado, pois lideranças rurais trabalham com a expectativa de que o Banco do Brasil (BB), que administra os recursos do FCO, libere ainda no primeiro semestre deste ano dinheiro suficiente para aquisição de mais 6 mil bovinos para a região pantaneira de Poconé.
Com o desencadeamento da campanha para recuperação da pecuária regional e salvação do Pantanal, 194 fazendeiros aderiram ao FCO. O volume de recursos das 194 cartas-consultas elaboradas pela Federação da Agricultura e da Pecuária (Famato) e encaminhadas à Superintendência Estadual do BB em Cuiabá é de R$ 34 milhões.
Os financiamentos que estão sendo liberados para os pecuaristas pantaneiros são os normais do FCO: 8,75% de juros ao ano, 15% de bônus, dois anos de carência, com exceção do prazo para pagar a dívida, que é de oito anos ao invés de quatro.
Átila de Arruda informa que, até o final da década de 70, o Pantanal tinha 1 milhão de bovinos e respondia por 33% da arrecadação obtida com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de Mato Grosso. No ano passado, o rebanho pantaneiro havia caído para 75 mil cabeças, conforme detectou o Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) na vacinação de novembro contra a febre aftosa.
Fonte: Diário de Cuiabá (por Nelson Severino), adaptado por Equipe BeefPoint