Governo diz que embargo russo deve ser revertido até o próximo mês

"Não é a primeira vez que acontece com a Rússia, não vai ser a última e a gente tem que lidar com isso. São vários elementos e a gente tem que equacionar, em alguns deles eles têm razão e em alguns, não", frisou Alessandro Teixeira, "Só espero que no próximo mês isso esteja resolvido", acrescentou.

O governo brasileiro espera resolver até o fim de julho a pendência com a Rússia que impede 85 frigoríficos de três Estados brasileiros – Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Paraná – de exportarem carne bovina, suína e de aves para o país europeu.

Para o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Alessandro Teixeira, o embargo russo não é um problema político e, em alguns casos, os russos têm razão em criticar o Brasil.

“Não é a primeira vez que acontece com a Rússia, não vai ser a última e a gente tem que lidar com isso. São vários elementos e a gente tem que equacionar, em alguns deles eles têm razão e em alguns, não”, frisou Teixeira, que participou de encontro com exportadores para o lançamento do 30 Enaex, que acontece em agosto no Rio de Janeiro. “Só espero que no próximo mês isso esteja resolvido”, acrescentou.

Teixeira ressaltou que houve, na semana passada, uma reunião de representantes do Ministério do Desenvolvimento com integrantes do Ministério da Agricultura para resolver as questões fitossanitárias levantadas pelos russos para justificar o embargo.

O presidente em exercício da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, acredita em uma parcela de componente político na decisão russa, uma vez que o Brasil é, ao lado dos Estados Unidos, o principal exportador mundial de carne. “Não posso afirmar, mas que tem componente político tem. A questão fitossanitária foi a razão técnica encontrada”, disse Castro.

O Brasil e a Rússia retomam negociação hoje, em Genebra, sobre a entrada russa na Organização Mundial do Comércio (OMC). A reunião ocorre na véspera de Moscou colocar em vigor o embargo à entrada de carnes de 85 estabelecimentos frigoríficos brasileiros.

Fontes brasileiras dizem que a reunião em Genebra estava prevista já há algum tempo e não é consequência dos últimos desdobramentos bilaterais. Já o governo russo não quis marcar reunião com uma delegação do Ministério de Agricultura brasileiro, em Moscou, alegando que seu veterinário chefe estaria justamente em Genebra esta semana.

Na agenda da reunião estão, mais uma vez, as concessões para as carnes brasileiras que os russos precisam fazer para obter o apoio final do Brasil à sua entrada como membro da OMC até o fim do ano.

A negociação é complicada porque o governo russo já ofereceu 60% da cota de 472 mil toneladas de carne suína para os Estados Unidos e a União Europeia, sobrando pouco para o Brasil, ecena com melhora na cota de importação de carne de frango, que já tinha reduzido em mais da metade em relação à cota de dois anos atrás. Para carne bovina, fica em 530 mil toneladas.

Do lado brasileiro, a orientação é desvincular as discussões em Genebra do embargo às carnes brasileiras. Brasília aguarda a resposta do governo russo à carta enviada pelo vice-presidente, Michel Temer, contra o embargo às carnes brasileiras dias depois de sua visita a Moscou.

A expectativa é de que, a partir da resposta russa, poderia haver um tratamento mais amplo e integrado das duas questões simultaneamente. Negociadores querem, assim, dar continuidade aos trabalhos técnicos de acessão russa na OMC, sabendo que um “andamento adequado” pode estar condicionado aos avanços na discussão bilateral, ou seja, à suspensão do embargo.

As informações são da Folha Online e do Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.

Os comentários estão encerrados.

Inflação dá uma trégua, mas ainda continua preocupando
14 de junho de 2011
2011: Valor Bruto da Produção deve ser o maior desde 1997
14 de junho de 2011