Durante a posse do novo presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, cobrou dele "ousadia" e "agressividade", explicando que sua administração deverá ter como meta a redução dos juros e o aumento do volume de crédito. Será a primeira vez que o presidente de um banco público brasileiro terá que cumprir metas de reduzir o "spread" bancário.
Ontem, 08, durante a posse do novo presidente do Banco do Brasil (BB), o paulista Aldemir Bendine, administrador de empresas e funcionário do banco desde de 1978, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, cobrou dele “ousadia” e “agressividade”, explicando que sua administração deverá ter como meta a redução dos juros e o aumento do volume de crédito. Será a primeira vez que o presidente de um banco público brasileiro terá que cumprir metas de reduzir o “spread” bancário (diferença entre os juros cobrados do cliente e o custo de captação de recursos no mercado).
O mercado não gostou da mudança, e as ações do BB caíram 8,15% num dia em que a Bovespa subiu 0,82%. Mantega prometeu que o maior banco federal não vai perder rentabilidade com a queda dos spreads porque vai aumentar seu volume de crédito. Segundo o ministro, outro objetivo da nova gestão é reorganizar o setor de seguros porque, nessa área, o BB está atrás de outros grandes bancos.
A agressividade para ocupar mais espaço no mercado não significa, de acordo com Mantega, abrir mão de segurança e responsabilidade na administração do Banco do Brasil. Como exemplo, citou que a inadimplência do BB é cerca de metade da média do mercado. “O banco vai continuar tendo lucros. Os acionistas podem ficar tranquilos”, prometeu o ministro da Fazenda. “Bendine vai assumir com um mandato, com um “contrato de gestão”, com o compromisso de implementar políticas que vão aumentar ainda mais o volume de crédito a ser liberado pelo banco”, disse.
Embora os juros do BB sejam mais baixos do que os das instituições privadas, a Caixa Econômica Federal mantém os menores juros entre os dez maiores bancos do país. Apesar de ser controlado pelo Estado, o BB é uma empresa de capital aberto, ao contrário da Caixa, 100% do governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anda insatisfeito com a resistência do BB em baixar o spread. “Precisamos fazer o spread bancário voltar à normalidade no país”, disse.
O ex-presidente do banco, Antônio Francisco de Lima Neto, disse ter deixado o cargo por decisão própria, após “ter cumprido seu ciclo à frente” do BB. Em breve explicação sobre sua saída, ele negou pressão para entregar o cargo. A oposição criticou o governo, alegando que a substituição foi uma movimentação política.
As informações são de Juliana Rocha e Simone Iglesias, da Folha de SP, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.