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Governo estuda mais ajuda para frigoríficos médios

O governo avalia socorrer frigoríficos de carne bovina de médio porte debilitados por dificuldades financeiras derivadas da crise econômica global. Ao menos 15 indústrias precisariam da injeção de R$ 2,5 bilhões de capital por meio de uma nova linha de crédito oficial. Algumas dessas empresas já entraram em recuperação judicial e outras ainda buscam saídas para evitar um recurso à Justiça.

O governo avalia socorrer frigoríficos de carne bovina de médio porte debilitados por dificuldades financeiras derivadas da crise econômica global. Ao menos 15 indústrias precisariam da injeção de R$ 2,5 bilhões de capital por meio de uma nova linha de crédito oficial, segundo apurou o jornal Valor Econômico. Algumas dessas empresas já entraram em recuperação judicial e outras ainda buscam saídas para evitar um recurso à Justiça.

Uma solução costurada nos bastidores aponta para a fusão desses frigoríficos em um ou dois grupos que concorreriam com JBS, Marfrig e Brasil Foods. Além disso, qualquer crédito estatal seria “carimbado” para garantir o pagamento das dívidas com pecuaristas (estimadas em R$ 800 milhões) e instituições financeiras, além do capital de giro necessário para tornar viáveis a nova operação.

A ação do governo também obrigaria as empresas a profissionalizar sua gestão. Antes resistentes a ceder o controle de suas empresas, todos os industriais se mostram favoráveis à união patrocinada pelo governo. A fatia dos novos sócios no futuro grupo seria equivalente ao patrimônio e ao endividamento atuais de cada empresa.

O assunto entrou no radar do governo nesta semana em conversas reservadas da indústria com alguns ministros. E foi levado à reunião ministerial com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo ministro da Agricultura, Wagner Rossi. O diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Otávio Cançado esteve ontem com Rossi e o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, para reforçar o pedido de socorro. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já foi informado da situação. “Precisamos de uma medida o mais rápido possível”, defendeu Cançado.

A situação financeira dos frigoríficos tem piorado desde a imposição de restrições da União Europeia à venda de carne brasileira, em 2007. Depois, a crise internacional fez secar linhas de crédito antes fartas e baratas. O mau momento pegou as empresas alavancadas, com altos investimentos, margens apertadas e com capital de giro rarefeito. Em 2009, as exportações sofreram um tombo de US$ 1 bilhão. Com planos de crescimento frustrados, as indústrias alegam ter ficado sem condições de quitar as pesadas dívidas e com uma capacidade ociosa que beira 30%. Neste ano, as vendas externas devem estacionar nos mesmos US$ 5 bilhões de 2009.

Os frigoríficos médios reclamam apoio do governo e apontam como desequilibrada a atuação do BNDES no setor. Criticam o que chamam de “Carnebrás”, patrocinada com dinheiro público. Nas conversas de bastidor, o governo tem defendido de forma intransigente a estratégia do banco estatal de concentrar o foco em JBS e Marfrig. Mas admite ter faltado uma ação mais sistêmica de ajuda ao setor, sobretudo para pequenas e médias indústrias.

Uma linha de R$ 10 bilhões foi lançada no início de 2009 para tentar ajudar as agroindústrias, inclusive frigoríficos. Mas o nível de exigência em garantias reais e a alta taxa de juros de 11,25% ao ano (mais “spreads”) impediram algumas empresas de emprestar os recursos. Apenas R$ 6,4 bilhões foram desembolsados e, segundo o governo, metade do dinheiro destinado a frigoríficos acabou nas mãos de JBS e Marfrig.

Executivos que acompanham as negociações com os ministros avaliam que a demanda foi recebida com boa vontade pelo governo. Parte da equipe do presidente Lula avalia que a situação é realmente difícil. O cenário econômico tampouco é animador, segundo esses relatos. A crise na UE e a forte pressão política interna para barrar a carne brasileira no bloco seguem uma trava importante para a superação da restrição de demanda. Os sinais de desaceleração nos EUA e na China também reforçaram a sensação de urgência na ação do governo. Por fim, questões operacionais no Irã e barreiras não-tarifárias na Rússia dificultam uma retomada das exportações.

Mas a questão que mais angustia uma parcela do governo é o impacto social de uma quebradeira generalizada no setor. Os empresários fizeram chegar ao governo que estão em jogo 80 mil empregos diretos nos médios e pequenos frigoríficos. Além disso, o Ministério da Agricultura está preocupado com os efeitos de um calote das indústrias na atividade pecuária.

Veja também os comentários de Miguel Daoud sobre o assunto:

As informações são do Valor Econômico, Correio do Povo e Canal Rural, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. Evándro d. Sàmtos. disse:

    Achei muito boa a participação do diretor executivo da ABIEC nesta intervenção a favor do setor frigorífico,é isto que esperamos dele e da entidade que dirige,parabéns!

    Relativo às empresas terem que se unir para conseguir os empréstimos,não vejo com bons olhos,acho isto chantagem financeira.

    Esta coisa de transformar empresas em super – empresas,tenho muitas reservas quanto a este modelo,precisa realmente ser assim,por quê?

    O BNDEs existe para fomentar as empresas nacionais em âmbito nacional e gerar empregos no Brasil,e não no Brazil.

    Este primeiro passo,embora em pleno ano de eleição,quando as reais intenções são turvas,ainda sim é bem vinda,visto a urgência do setor.

    Quanto à profissionalização da gestão,já não é sem tempo.

    Porém,é importante ter claro qual o modelo de gestão que será utilizado,estou certo que o modelo de gestão corporativa (normalmente imposta pelo BNDEs) não é o melhor para o nosso setor,por motivos diversos e que já explanei em artigos disponíveis neste site.

    Muito além do modelo de gestão escolhido,há de se ter preocupação também na transformação da coisa chamada frigorífico para INDÚSTRIA DE ALIMENTOS,bem como na transformação,bem trabalhada,organizada,equilibrada,com foco,DE COMMODITIES EM MARCA.

    A empresa na visão e gestão de INDÚSTRIA DE ALIMENTOS,pode mais facilmente encontrar muitas e variadas formas de agregação de valores aos seus produtos,estas formas já existem,só precisam ser adaptadas a cada realidade,outras formas também podem e devem ser avaliadas,exemplo:O House Service.

    Saudações,

    EVÁNDRO D. SÀMTOS.

  2. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Parece uma boa idéia o governo patrocinar a fusão de médios frigoríficos. Atualmente a posição financeira mais confortável dos dois grandes grupos, em grande parte por conta dos recursos do BNDES, tem feito com que produtores acabem preferindo vender seus bois para eles, agravando ainda mais a situação dos demais. Além disto a existência de outro player forte no mercado eleva a concorrência no setor, beneficiando produtores.

  3. ODORICO PEREIRA DE ARAUJO disse:

    E os pequenos fecham as portas…

  4. jose carlos targa disse:

    Já estava na hora do Governo reavaliar sua posição quanto ao socorro às pequenas indústrias de carne, e tambem injetar no produtor que está passando por dificuldades, principalmente em razão das recuperações judiciais.
    Parabens para iniciativa.

  5. Nagato Nakashima disse:

    Com todo o respeito, acho que não é socorrendo os frigoríficos que vamos melhorar condições dos pecuaristas que no conjunto proporciona no Brasil mais de 30 milhões de postos de trabalho, faz circular diariamente 12.500 caminhões carregados de boi diariamente e tem um capital empatado de mais de 200 bilhões de reais. Enquanto um grupo de 17 Grupos manda e desmanda. É preciso aumentar o consumo per capta brasileiro para mais 10kg para dar equilíbrio a nossa produção. Para isto é preciso mudar este entulho ultrapassado por um modelo mais eficiente e ágil.

  6. luciene pimenta lima mota disse:

    O governo tem mesmo que socorrer estes frigorificos pra que evitem o fechamento dos mesmo, como é o caso do FRigol, deixando assim centenas de pecuaristas sem receber , milhares de funcionários, tendo assim um efeito cascata gigantesco nas cidades e regiões onde estão situados e também no restante do País.

  7. Nilson Ribeiro de Assis disse:

    Esta é mais uma manobra política que não vai resolver o problema do setor, ao revés, vai apenas protelar a dívida dessas empresas que hoje estão enfrentando dificuldades financeiras, haja vista que, o que tem causado a situação atual de muitas empresas em dificuldades, é a capacidade ociosa de suas indústrias em razão de uma demanda maior que a oferta, o que acaba elevando seus custos, isso sem olvidar da carência de uma gestão eficiente que essas empresas enfrentam. Assim como todos os outros segmentos, nosso setor passa por transformações trazidas pela globalização onde não se permite mais uma gestão mais ou menos e, essas empresas que estão com pedido de recuperão judicial estão pagando o preço dessa não gestão eficiente. Acredito sim, que o governo deveria adotar a prática de incentivo à profissionalizção da pecuária, que é onde se encontra a base do negócio e que neste momento, onde estaria instalado o “pé” da situação. Essas empresas que estão hoje em dificuldades financeiras estão pagando o preço da falta de uma gestão eficaz, que se o tivessem, saberiam os limites de seus negócios, ao contrário, ficam praticando preços que o mercado não permite, a conta não fecha e o resultado é esse que estamos assitindo.

  8. Edival Costa Oliveira disse:

    o maior problema, da cadeia frigorifica e a liquidez tem que ser feita uma varredura nos maus pagadores e depois apontar onde vai injetar o dinheiro pois se sair jogando dinheiro a torto e a direito isso vai ser um efeito piramide, hoje com um dos maiores rebanho do mundo o Brasil tem como dar sustentabilidade ao agronegocio e também a um porção de frigorificos, porém fica ai uma questão perigosa que é a falta de postura de administradores que desviam o dinheiro para outros fins, outros querem abrir mercado a todo custo até sendo desleau consigo mesmo trabalhando para perder dinheiro que no momento esta, em caixa devido a ajuda do governo e no dia de quitar aonde vai esta o dinheiro.
    outro problema que assola a cadeia frigorifica não é apenas a falta de crédito a carga tributaria e muito alta, as despesas são grandes, tudo para se ter uma boa carne e bom atendimento ao cliente fica muito caro. temos ainda a inadiplencia dos clientes que as vezes assombra, então e muito sério a questão de colocar o dinheito na mesa.

  9. Sebastião Soares de Oliveira disse:

    O governo demorou muito à agir, esperou que as empresas quebrassem e dessem enormes prejuízos a pecuaristas e trabalhadores, perdessem credibilidade e praticamente saíssem do ramo. A maioria das indústrias frigoríficas que entraram em recuperação judicial alugou suas plantes para JBS e Marfrig e ainda, como não pagaram suas dívidas certamente terão uma enorme dificuldade de voltar ao mercado.

    Todas essas empresas antes de quebrarem bateram na porta do BNDS, Ministério da Agricultura, Ministério do Trabalho mas não conseguiram ajuda, mas agora que
    as eleições de aproximam pensam em encontrar uma saída.

  10. Gustavo Goyén disse:

    Penso que vai se configurar mais uma ou duas empresas,iguais a Friboi,Marfrig,Brfood,que responderão igual que as ja existentes.
    È mais um artificio,para enganar ao publico que não entende das manobras do governo,que tem como objetivo,controlar cada atividade economica importante do pais.
    Faz parte do processo populista ja implantado no pais pelo PT.

  11. Roberto Leme Praxedes disse:

    A idédia é boa ! resolve a situação dos médios que estão em recuperaçao judicial ! e que tal o govervo pensar em fazer dos( “médios menores “) que geram 250 a 350 empregos diretos por unidade !, que geram muito mais impostos que todos juntos ! e fazer deles (médios -médios) para contrabalancear a cadeia da carne ,?pois caso contrário a cadeia produtiva vai ficar nas mãos de mais uma industria mega ! será a melhor soluçao ?? pois os (médios médios) , foram os que não se alavancaram em Bancos , e foram os primeiros a serem sufocados pela mesma cadeia , que hoje parte dela se encontram em situação de recuperação judicial . será que não é hora de refletir-mos ? acho que é hora da cadeia produtiva e frigorífica se juntarem , e desenvolver um modelo de parcería , e de maneira transparente junto a cadeia produtora dessiminar isto regionalmente para que todos possam desfrutar do início da cadeia que é a produçao até o final que é o varejo ou consumidor. Pois ouço a vida toda dizerem que isto é impossível ! não é verdade , e hoje isto é plenamente mais possível devído as mudanças que houve na lei de impostos e a informatização presente em nossas Empresas, com tramsparência tudo é possível .