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Governo poderá adiar normas do Sisbov por seis meses

O governo poderá adiar por seis meses as regras do Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov), criando um grupo de trabalho para analisar as normas da União Européia que exigem rastreabilidade da carne consumida naquele bloco econômico. O assunto foi discutido ontem, durante uma reunião entre o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, e membros da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados.

A proposta dos parlamentares é que o gado seja rastreado por lotes ou propriedades rurais e não individualmente. “Cabeça por cabeça é inviável para um rebanho do tamanho do nosso. A União Européia faz isso porque precisa ter o controle sobre o seu subsídio”, disse a deputada Kátia Abreu (PFL/TO).

Segundo ela, a legislação adotada na Europa permite que terceiros países rastreiem seus rebanhos bovinos por lote ou por propriedade. “Além disso, a adesão deve ser voluntária, pois nem todo o gado criado no país é destinado à exportação”, afirmou. De acordo com a parlamentar, apenas 5% da produção para exportação é enviada àquele bloco econômico.

Adiamento

Os parlamentares pediram também a prorrogação das instruções normativas 88 e 21, que estabelecem os prazos de adequação ao Sisbov. Entre essas instruções normativas, está a exigência que, desde 31 de maio, todo o animal destinado à exportação esteja no sistema há pelo menos 90 dias. Segundo as normas, este prazo aumentará para 180 dias a partir de 30 de novembro deste ano e 365 dias em 31 de maio de 2005.

De acordo com o presidente da comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, deputado Leonardo Vilela (PP/GO), o governo prometeu criar um grupo de trabalho, formado por membros do ministério, da câmara e da iniciativa privada, para que possa estudar com profundidade as regras da União Européia e criar novas normas para o Sisbov. “O próprio ministro reconheceu que é necessário aprimorar o sistema”, disse Vilela. Segundo o deputado, o grupo terá prazo de 90 a 120 dias para apresentar a proposta de mudança.

Fonte: Gazeta Mercantil (por Neila Baldi), adaptado por Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. Roberto A. S. Doria disse:

    Finalmente podemos perceber uma luz no fim do túnel, com referência ao bom senso no rastreamento bovino. Esperemos que essa comissão crie normas factíveis para podermos rastrear nosso gado.

  2. Humberto de Freitas Tavares disse:

    A classe pecuarista ficará eternamente grata à Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados. Quando tudo parecia perdido, eis que surge uma luz. E que luz! Todo nosso apoio ao restabelecimento da moralidade nesta questão, com a imediata revogação do SISBOV e defenestramento sumário dos envolvidos neste escândalo.

    Vamos recapitular:

    a) Parece incrível, mas a União Européia não exige identificação individual dos animais do Brasil. Aos interessados em se aprofundar na questão, sugiro consultar

    REGULATION (EC) No 999/2001 OF THE EUROPEAN PARLIAMENT AND OF THE COUNCIL of 22 May 2001 laying down rules for the prevention, control and eradication of certain transmissible spongiform encephalopathies
    http://europa.eu.int/comm/food/fs/bse/bse36_en.pdf

    Opinion of the Scientific Steering Committee on the GEOGRAPHICAL RISK OF BOVINE SPONGIFORM ENCEPHALOPATHY (GBR) in BRAZIL – update 2003
    http://europa.eu.int/comm/food/fs/sc/ssc/out342_en.pdf

    b) A União Européia exige apenas um cadastramento bastante simples das propriedades que desejem exportar carne para consumo deles. Que o MAPA regulamente esta questão de imediato, pois nós pecuaristas, que produzimos a carne mais disputada pelos traders de todo o mundo, queremos descomplicação e sossego para trabalhar. Chega de parasitismo!

    c) Precisamos que o MAPA passe imediatamente a direcionar seus parcos recursos à prevenção do aparecimento da BSE (mal da vaca louca) no Brasil. Rastrear com o máximo cuidado o paradeiro e o descarte dos animais importados que aqui vivem, e impedir o uso de farelos de origem animal na alimentação de ruminantes. Só assim preservaremos a sanidade da nossa carne e conseqüentemente o status de zona livre de BSE, outorgado pelos próprios europeus.

  3. Enio Antonio Marques Pereira disse:

    SISBOV é identificação de bovinos. Decisão soberana do Brasil . Não pode confundir com rastreabilidade de carne.

    Aproveito para recomendar:

    i) a página do portal União Européia sobre segurança dos alimentos que tem a nova legislação no conceito da fazenda a mesa do consumidor http://europa.eu.int/pol/food/index_pt.htm ;

    ii) a página OMC http://www.wto.org e nesta Temas Comerciais . Em mercancias os acordos agricutura, sanitário, etc. O sanitário está em : http://www.wto.org/english/tratop_e/sps_e/sps_e.htm

  4. Fernando Penteado Cardoso disse:

    Bravo Humberto! Só um estudioso como você para argumentar com base em pesquisa. Faço parte dos que apreciam o cheiro de curral e admiram os criadores que suprem os frigoríficos. Estes estão no Pantanal, no cerrado, nos confins da Amazônia, no “sertãozão” criando riquezas para o país. Dias atrás, visitando a pecuária de S.José do Xingu/MT, me perguntei: “porque atrapalhar e complicar a vida dessa gente que vive de criar, recriar e engordar bois saudáveis, vindos do pasto verde a céu aberto? Porque confundir os que trabalham?”

    Que tal sugerir a nosso operoso Ministro do MAPA para ir ver de perto o que se faz em Alta Floresta, Peixoto de Azevedo, Matupá, Nova Guarita e no cerrado de Goiás? Certamente voltaria motivado para revogar o “complicômetro” instalado por seu antecessor, ninguém sabe ao certo porque, já que não foi exigido pelos consumidores de além mar e muito menos pelas nossas donas de casa! Você está 100% certo em seus argumentos! Bravo! Continue! Sou seu admirador de sempre.