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Governo Trump usa OMC para ampliar política protecionista

Com seu gosto declarado por guerra comercial, que considera “bom e fácil de ganhar”, o governo de Donald Trump usa agora todos os tabuleiros – ação unilateral para barrar importações, processo na Organização Mundial do Comércio (OMC) e pressões bilaterais – na implementação de sua política protecionista de “America First”.

Na sexta-feira, depois de ter anunciado sanções atingindo até US$ 60 bilhões de importações procedentes da China com base numa lei interna, os EUA abriram denúncia na OMC contra os chineses sob o mesmo argumento de que Pequim estaria roubando propriedade intelectual de companhias americanas.

A agenda da política comercial dos EUA para 2018, publicada pelo Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR), fundamenta o que Trump começou a fazer. Promete “uma nova era da política comercial americana”, em que acordos comerciais devem ser “temporários” e “abandonados ou modificados, como a experiência e circunstâncias ditarem”.

Ações unilaterais devem continuar. “Os EUA não aceitarão que a OMC, ou qualquer outra organização multilateral, nos impeça de tomar ações que são essenciais para o bem-estar econômico do povo americano”, diz o documento, ao sinalizar que rejeitará regras internacionais que assinou. Trump reclama que governos anteriores ao seu aceitaram passivamente que “burocracias internacionais minassem interesses dos EUA”.

No enfrentamento com “competidores econômicos”, Trump acena para “aliados, parceiros e aspirantes a parceiros” com cooperação “com reciprocidade”. E avisa: “países que recusarem nos dar tratamento recíproco ou se engajarem em outras práticas comerciais desleais descobrirão que sabemos como defender nossos interesses”.

O governo Trump diz que usará todos os instrumentos para defender abertura de mercados, por exemplo para produtos agrícolas americanos. Nesse caso, a pressão bilateral virá por meio de 93 escritórios do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) em 171 países e de diplomatas em 180 países.

O texto prioriza para 2018 combater enormes barreiras “injustas” contra exportações americanas de commodities, alimentos, bebidas e produtos agrícolas usados para insumos industriais.

Quer abrir o mercado da Argentina para exportações americanas de carne suína e frutas; definir padrão científico para exportar carne bovina para a Austrália; resolver barreiras para carnes de gado, de ovelha e processados para o Japão; exportar arroz para a China, Colômbia e Nicarágua; resolver o problema de acesso na União Europeia para carne bovina; reabrir o mercado da Índia para frango. Mesmo com as sanções contra a China, os EUA dizem esperar remover barreiras para exportações à China, segundo mercado para produtos agrícolas americanos.

Trump dita as ações no comércio global. A decisão de excluir países como o Brasil das sobretaxas de aço e alumínio até 1o de maio, já rachou a possibilidade reação coletiva. Na OMC, o Brasil declarou-se “encorajado” pela exclusão, que permitirá “explorar a trilha bilateral para resolver a questão”. A delegação brasileira disse esperar que Brasil e EUA possam encontrar solução via diálogo para obter a exclusão de forma permanente.

As negociações com os EUA vão ocorrer nas próximas semanas, e está claro que a administração Trump vai cobrar caro.

Fonte: Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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