A expansão da área de grãos em Tocantins, a perspectiva de uma produção farta de trigo, as oportunidades de exportação de carne suína e o investimento em uma nova torre de secagem de leite tendem a impulsionar a receita da Frísia Cooperativa Agroindustrial, com sede em Carambeí (PR), a um patamar recorde neste ano.
Graças à combinação desses fatores, o grupo projeta que sua receita ficará próxima de R$ 3 bilhões em 2019, ante os US$ 2,6 bilhões do ano passado, quando as sobras (lucros) distribuídas aos cooperados somaram R$ 40,7 milhões, com aumento de 61%.
Segundo Emerson Moura, superintendente da Frísia, entre as frentes de atuação da cooperativa a de grãos e insumos – que representa 60% da receita – deverá trazer os melhores resultados. “Apesar das incertezas no mercado internacional, será um ano ótimo para grãos. Além disso, o setor de carnes vem reagindo de forma expressiva”, afirmou ele.
Nesse cenário, a cooperativa projeta que a área dos cooperados destinada ao plantio de soja e milho crescerá pelo menos 4% nesta safra 2019/20, para 167 mil de hectares. O avanço deve ocorrer especialmente em Tocantins, onde a Frísia passou a atuar em 2016. No Estado, os cooperados cultivam 23 mil hectares.
Naquele ano, Moura afirmou ao Valor que pretendia chegar a 50 mil hectares cultivados no “Matopiba” – confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – em dez anos. “Há mais de 500 mil hectares na região que podem ser direcionados para grãos em dois a três anos”, afirmou, referindo-se à áreas de pastagens degradadas que podem ser convertidas em lavouras.
Segundo ele, ainda que a China venha a reduzir as importações de soja com a queda de seu plantel de porcos em razão da peste suína africana, esse movimento ainda não teve reflexo nos negócios. E como a China ainda está em guerra com os EUA, as compras do grão do Brasil poderão ser menos prejudicadas. “E outros países estão ampliando as importações. É o caso da Índia, que tem aumentado a demanda por farelo e óleo”, disse Moura.
A projeção de crescimento da Frísia também leva em conta a expectativa de uma safra maior de trigo. Neste ano, os cooperados ampliaram a área de produção do cereal em 10%, para 35 mil hectares. “Esperamos aumento de produção e qualidade superior”, disse o superintendente.
Segundo ele, as áreas da cooperativa nos Campos Gerais no Paraná não foram afetadas pelas geadas que prejudicaram outras regiões. “Como fazemos um plantio tardio, tivemos alguns casos de perda, mas a área dos cooperados não deve sofrer tanto”.
No segmento de carne suína, a Frísia vem colhendo, indiretamente, os frutos do aumento das exportações para a China em razão da peste suína naquele país. “Não temos plantas habilitadas a exportar aos chineses, mas como outras empresas ampliaram os embarques para o país asiático, estamos com mais espaço em outros mercados”, afirmou.
A cooperativa exporta carne suína para mais de 50 países – por meio da Alegra, mantida em sociedade com as cooperativas Castrolanda e Capal. No ano passado, os cooperados da Frísia forneceram 227 mil cabeças, ou 29% do total abatido pela Alegra. As três cooperativas criaram a marca institucional Unium em 2017, por meio da qual atuam em conjunto também na produção de lácteos, com as marcas Naturalle, Colônia Holandesa e Colaso, e de farinha de trigo, com a marca Herança holandesa.
O avanço no mercado de carne suína vem depois de dois anos de crise, que levou ao adiamento dos planos de aumento da capacidade de abate da unidade, também parte da intercooperação com a Castrolanda e Capal – e que representa 15% do faturamento da Frísia.
A meta era alcançar uma capacidade de abate de 5,5 mil animais por dia em 2020 – atualmente são 3,2 mil. “Poderemos levar dois anos a mais para alcançar esse objetivo”, disse Moura.
O segmento de lácteos representa 35% da receita da cooperativa, que mantém três laticínios também no âmbito da Unium- em Itapetinga (SP), Ponta Grossa e Castro (PR). Especializada em atender empresas (B2B), a Frísia deverá inaugurar em novembro deste ano uma torre de secagem para a produção de leite em pó, que recebeu cerca de R$ 150 milhões em investimento.
Com o aporte, a expectativa é que a produção de leite me pó, cuja demanda está em alta, dobre. A capacidade será de 400 mil litros por dia. As três cooperativas sócias, juntas, captam 2 milhões de litros por dia.
Fonte: Valor Econômico.