O primeiro levantamento do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) sobre as intenções de plantio no país na safra 2009/10, divulgado ontem, confirmou que os produtores americanos deverão reservar uma área maior para soja e menor para milho e trigo no novo ciclo. A área prevista pelo USDA para a soja colaborou para elevar as cotações ontem na bolsa de Chicago, principal referência global para os preços dos grãos.
O primeiro levantamento do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) sobre as intenções de plantio no país na safra 2009/10, divulgado ontem, confirmou que os produtores americanos deverão reservar uma área maior para soja e menor para milho e trigo no novo ciclo. Mas, ainda que previsível nas direções gerais, o relatório trouxe pelo menos uma surpresa que deixou reflexos nos preços de soja, milho e trigo, as commodities agrícolas mais negociadas no mundo.
O que surpreendeu os analistas foi a área projetada para a soja. Conforme o USDA, serão 30,8 milhões de hectares, ante 30,6 milhões em 2008/09. Trata-se de um novo recorde histórico, mas que ficou bem abaixo da expectativa predominante. Pesquisa realizada pela Dow Jones na semana passada com 17 empresas americanas, entre as quais Alaron, Citigroup, Fortis, Linn Group e Newedge, mostrou que se esperava, em média, 32,1 milhões de hectares.
Segundo Renato Sayeg, da Tetras Corretora, de São Paulo, com a área projetada pelo USDA e a produtividade média das últimas cinco safras, os EUA poderão colher 85,3 milhões de toneladas de soja em 2009/10, ante 80,54 milhões em 2008/09, que teve produtividade abaixo da média.
Em Porto Alegre, Antonio Sartori, da corretora Brasoja, não se surpreendeu com o tímido aumento da área de soja projetada pelo USDA. Segundo ele, apesar de a atual relação de preços entre soja e milho favorecer a soja, o compromisso de Washington em promover um maior uso de biocombustíveis nos EUA nos próximos anos é um estímulo importante para o plantio de milho.
Mesmo não surpreendendo os analistas, a área prevista pelo USDA para a soja colaborou para elevar as cotações ontem na bolsa de Chicago, principal referência global para os preços dos grãos. Com a ajuda da queda dos estoques americanos em 1º de março, como mostrou outro relatório do USDA, e da desvalorização do dólar, os contratos futuros com vencimento em julho (normalmente a de maior liquidez), fecharam a US$ 9,5050 por bushel, em alta de 48,50 centavos de dólar.
A matéria é de Fernando Lopes, publicada no jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.