A greve dos fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), sem solução negociada ainda, paralisou os embarques de carnes e já ameaça a produção nas indústrias do setor. De acordo com estimativas iniciais dos próprios exportadores de carnes, as empresas estão deixando de embarcar cerca de R$ 32 milhões a cada dia de paralisação dos fiscais. Com os profissionais sem trabalhar, não são emitidos certificados sanitários para exportação e os embarques não podem ser feitos.
Ontem, representantes dos fiscais agropecuários passaram o dia negociando no Mapa uma nova proposta de reajuste salarial que seria apresentada ainda à noite ao secretário-executivo da pasta, Amauri Dimarzio.
A suspensão de embarques de carnes já provoca a paralisação do abate em alguns frigoríficos de carne bovina que estão com excesso de estoques à espera de certificação para exportação. Em Bagé (RS), o frigorífico Mercosul, maior exportador de carne bovina do Rio Grande do Sul, com embarques semanais de US$ 1 milhão, suspendeu a produção de mais de 100 toneladas por dia, destinada ao mercado externo, disse o diretor Mauro Pilz. Os frigoríficos Extremo Sul e o Pampeano admitem parar amanhã.
Em São Paulo, um dos maiores frigoríficos exportadores de carne bovina deve paralisar o abate hoje por falta de veterinários oficiais para acompanhar as linhas de produção, segundo uma fonte da empresa.
De acordo com o analista da FNP Consultoria, José Vicente Ferraz, a greve diminuiu as compras de boi gordo pelos frigoríficos, o que pressionou a cotação. No interior de São Paulo, a arroba saiu de R$ 59 para R$ 58. “Os frigoríficos exportadores reduziram sensivelmente o abate ou pararam de abater”, afirmou.
A expectativa dos frigoríficos, agora, é quanto ao ritmo com que os fiscais atenderão as liminares judiciais que determinam a emissão dos certificados nas empresas, portos e postos de fronteira. São mais de 30 mandados de segurança concedidos em vários estados, principalmente para empresas de carnes, segundo a Associação Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários.
De acordo com o presidente da associação da categoria no Rio Grande do Sul, Mário Lopes, os grevistas decidiram ontem manter a paralisação, mas irão cumprir as decisões da Justiça enquanto preparam os recursos contra elas.
Em Santos, 27 fiscais estavam em operação-padrão ontem. Segundo Laurino, se uma carga sair do país sem o certificado fitossanitário do Ministério da Agricultura, “tem toda a possibilidade de ser mandada de volta pelo país de destino”.
Conforme a Associação Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários, a greve provocou a paralisação de 360 caminhões em Foz do Iguaçu (PR) e de 22 caminhões de farelo de milho e de trigo e um de ração em Santa Helena de Goiás (GO). Em Maringá (PR), 15 contêineres de carnes sem certificação estavam retidos.
Fonte: Valo OnLine (por Alda do Amaral Rocha, Sérgio Bueno, Vinicius Doria e José Rodrigues), adaptado por Equipe BeefPoint