Carne com marca não é um mercado novo, mas a demanda por este tipo de produto tem aumentado nos grandes centros consumidores. O motivo é o acesso à informação sobre qualidade de carne e o prazer dos ´´gourmets´´ em servir pratos com maciez e sabor diferenciados. Carne com ´´grife´´, embalada com cortes e preparos especiais é uma preferência das classe A e B que procuram o produto em açougues do tipo boutiques ou redes de supermercado que visam esse público.
Carne com marca não é um mercado novo, mas a demanda por este tipo de produto tem aumentado nos grandes centros consumidores. O motivo é o acesso à informação sobre qualidade de carne e o prazer dos ´´gourmets´´ em servir pratos com maciez e sabor diferenciados. Carne com ´´grife´´, embalada com cortes e preparos especiais é uma preferência das classe A e B que procuram o produto em açougues do tipo boutiques ou redes de supermercado que visam esse público.
Na rede Super Muffato, cerca de 20% das vendas é de produtos personalizados, movimentado por um público cativo. Everton Muffato, proprietário da rede e também presidente da Associação Paranaense de Supermercados (Apras), admite que é ´´um setor pequeno em relação ao que representa a venda de carne dita comum, mas é um nicho em expansão que tem ganhado visibilidade e adeptos´´.
Apesar dos preços mais salgados, os produtores e comerciantes garantem que quando o consumidor experimenta a qualidade e entende o valor agregado àquele produto, ele não deixa mais de comprar, mesmo que em menor quantidade.
Proprietário de um desses espaços ´´VIP´´ de carne, Edson Barros assume que boa parte do público da boutique é elitizado, mas tem percebido uma mudança gradual no perfil. ´´Tem aumentado o volume de pessoas focadas em qualidade´´.
A mesma opinião é dividida pelo gerente executivo, André Locateli, da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) que promove o Programa de Qualidade Nelore Natural (PQNN). Locateli acredita no esclarecimento para fidelizar o público. ´´O desafio é informar o consumidor sobre as vantagens da carne com marca e dar a ele possibilidade de valorizar os diferenciais do produto com degustação e campanhas de publicidade. Caso contrário, ele fica com a carne comum que é mais barata.´´
E para as mulheres, há uma boa notícia: são os homens os maiores frequentadores das gôndolas de carne personalizada para impressionar e presentear paladares.
Exemplo deste ´´homem-cozinheiro-cheio-de-exigências´´ é o empresário Henry Sartori, do tipo que não dispensa um bom churrasco nem mesmo durante a semana. Como trabalha no litoral, leva para casa kits de carne preparada com temperos, bem cortada, sem pontas de gordura, pronta para assar ou fritar. ´´É mais prático levar assim e a carne tem um sabor e qualidade diferenciados´´, justifica.
‘Carne brasileira é mal trabalhada no mercado’
No Programa de Qualidade Nelore Natural, o produto é elaborado por pecuaristas credenciados e comprometidos com o sistema de criação determinado pela ACNB por meio de termo de responsabilidade. ”A idéia é que seja a carne de todo dia, apesar de ter uma marca e ser vista como produto para ocasiões especiais. O nosso público é preocupado com uma carne mais saudável, com baixo teor de gordura e com origem comprovada”, comenta Locateli.
Os animais selecionados para a marca são criados à base de capim e sal mineral. O programa aponta normas e procedimentos para obtenção de padrão de carcaça, para sistemas de cria e engorda e para reprodutores. A suplementação é aceita somente para terminação em confinamento e com ração de origem vegetal e por períodos limitados. No frigorífico, há profissionais da marca que fazem a inspeção visual do gado para classificar e selecionar os lotes comercializados. O programa estuda a possibilidade de contratar uma certificadora para dar mais credibilidade à marca e encaminhar para a exportação. Atualmente quem audita o processo é a ACNB.
”A carne brasileira é muito mal trabalhada mercadologicamente. A criação da marca é um caminho (árduo) que requer investimentos na produção de animais qualificados, como na publicidade. A grande estratégia de venda é a degustação porque o cliente responde no ato”, avalia Locateli. A ACNB voltará em breve a investir em publicidade para alavancar a marca para o grande público.
A distribuição do produto é mais forte em São Paulo, mas chega ao País pela rede Sam’s Club (Wal Mart). São 300 pontos de venda ativos, cinco milhões de cabeças abatidas e 70 mil toneladas comercializadas. Foi lançado para venda em 2001, mas os preparativos começaram em 1999.
Fonte: Folha Rural / Folha de Londrina / Cláudia Palaci / Equipe da Folha