Um grupo de estudos composto por representantes do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e todos os segmentos da cadeia da carne vai reavaliar as regras do Sisbov (Sistema de Identificação de Origem Bovina e Bubalina), suas exigências e prazos. Esse foi um dos encaminhamentos resultantes de audiência pública que aconteceu na manhã da última quinta-feira (03/06) na Câmara Federal de Deputados, em Brasília (DF). Outro encaminhamento, segundo o deputado federal Waldemir Moka (PMDB-MS) que foi o requerente da audiência, é que na próxima terça-feira haverá uma audiência entre representantes do setor produtivo e o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues. A audiência foi atendimento ao pedido dos presidentes da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Laucídio Coelho Neto e da Famasul, Léo Brito, que estiveram presentes.
“Em nosso juízo muitas das medidas são inexeqüíveis, como por exemplo ter 100% do rebanho rastreado. Os países com maior tradição de exportação, como Uruguai e Argentina, têm apenas 15% do rebanho controlado”, afirma Moka. Pela instrução normativa do Sisbov publicada em abril, a partir de agosto animais que vão a leilão também deveriam estar todos rastreados, outro ponto questionado. Moka afirma que é preciso levar em conta a necessidade da implantação do sistema e lembra, por exemplo, que o rebanho de leite e especialmente no caso de Mato Grosso do Sul dos 14 municípios peri-pantaneiros impedidos de exportar não teria validade para a exportação ao mercado europeu.
Durante a audiência, que durou quatro horas, também tiveram a palavra pesquisadores como o diretor-geral da Embrapa Gado de Corte, Kepler Euclides Filho. Ele ressaltou que a rastreabilidade é uma ferramenta importante e necessária, mas ponderou que deve ser implantada de forma gradativa. Participaram representantes das Federações de Agricultura de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e do Paraná.
Fonte: Assessoria de Imprensa da Acrissul, adaptado por Equipe BeefPoint
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A pergunta de Leonardo Galvão Netto recebida por nossa equipe foram respondidas por 4 empresas, sendo elas Planejar, Tracer e Instituto Gênesis, todas já credenciadas pelo MAPA desde junho de 2002 e por Gilgal Tecnologia que aguarda credenciamento de sua certificadora SISBOV.
Pergunta
Como que os frigoríficos paranaenses estão conseguindo comprar 5 bois rastreados de cada 100 bois?
Pelo que sabemos, a rastreabilidade deve ser de origem, ou seja estes bois abatidos hoje já deveriam estar rastreados com idade inferior a 240 dias, ou seja antes da desmama. Para que a certificadora possa auditar a veracidade da idade e da origem deste boi.
Se estes frigoríficos dizem estar comprando boi rastreado, há alguma coisa de errado, pois há 2 anos atrás no Brasil não existia nenhuma empresa credenciada para rastrear animais na sua origem.
Resposta de Leandro Ries, diretor da Planejar, empresa detentora do SIRB
Em relação ao estágio atual da rastreabilidade e certificação de origem no Brasil, o que está acontecendo é a existência de dois tipos de rastreabilidade e certificação de origem: a total e a parcial.
A total ocorre quando se faz a inclusão dos animais desde o nascimento dos mesmos, sendo que para esta rastreabilidade a data limite é o desmame dos animais.
A rastreabilidade e certificação de origem parcial ocorre para qualquer categoria animal a partir da data de inclusão dos mesmos nos sistemas credenciados pelo MAPA., ou seja qualquer animal já desmamado também pode participar do processo de rastreamento e certificação de origem.
Em qualquer um dos casos é realizado o procedimento de identificação individual dos animais, o procedimento de visita técnica a campo e a verificação e registro dos dados animais em relação a sexo, idade, padrão racial, proprietário e manejo sanitário e nutricional básico.
Este procedimento está regulamentado pelo SISBOV e é a maneira de se implantar com êxito e aplicabilidade o sistema de rastreabilidade e certificação de origem. Isto é muito importante para toda a cadeia da carne pois permite fazer a implantação gradual do sistema, extremamente necessário em um país continental como o Brasil, e também para que o Brasil consiga suprir a demanda já existente por parte dos importadores.
Resposta do Sr. Jorge A C Gomes, Diretor Executivo da TRACER: O processo de rastreabilidade está trabalhando com um sistema “parcial” de origem, ou seja, devido as prazos que vcs já sabem, fica impossível a adoção somente da rastreabilidade desde o nascimento. Com isso o animal pode ser rastreado apartir de qualquer idade, e com o passar do tempo, a maioria dos animais terão rastreabilidade de origem.
Resposta de Ricardo Cauduro, diretor do Instituto Gênesis
O Paraná abate aproximadamente 2.840.000 cabeças por ano, e apenas dois frigoríficos estão aptos a exportar para União Européia neste momento ( Amambaí em Maringá e Margem em Paranavaí ) e deste total de animais citados, estes frigoríficos são responsáveis pelo abate de aproximadamente apenas 5%.
Sim a Rastreabilidade e Certificação que estamos auditando é de Origem, (Idêntica ao inicio dos trabalhos na Europa e o que está sendo exigido pelo SISBOV no Brasil), através de Notas Fiscais, Guias de Transporte e Declarações do Produtor cheganços a origem dos animais agora identificados, e sua idade é confirmada por técnicos capacitados do Instituto Genesis no nosso modelo de trabalho.
Explicando, Rastreabilidade por conceito é o processo de acompanhar o trajeto, percurso, eventos e ocorrências de determinado produto ou animal em um período de tempo. O que não tínhamos, eram empresas credenciadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para “Certificar” esta rastreabilidade.
Resposta de Bernardo de Araújo e Souza, diretor da empresa Gilgal Tecnologia e responsável pela Certificadora SISBOV aguardando credenciamento do MAPA
5 a cada 100 é realmente um percentual alto já que são poucas as certificadoras e ainda poucos os criadores participantes do SISBOV.
A informação/afirmação deveria ser acompanhada de premissas que possam dar base à esta argumentação. Por exemplo, se um frigorífico em questão compra de apenas 1 produtor e cujo rebanho está todo certificado, as chances aumentam…. Esta afirmação não procede se não forem apresentadas maiores explicações/dados.
A questão não é a idade do animal ou até mesmo sua origem, mas todos os dados deste animal, exigidos pelo MAPA. Estes gerarão o certificado SISBOV com o novo número do animal certificado
Em outras palavras, a certificadora envia um técnico autorizado à propriedade para atestar que o sistema de produção, os programas sanitários e a caracterização das propriedades rurais e das agroindústrias atendem às especificações de conformidade estabelecidas nas regras e requisitos do SISBOV; emitem o “Certificado de Conformidade”. Depois acompanham o processo de identificação de cada animal.
A certificadora é responsável pelo cadastro das informações exigidas para cada animal identificado, assim como pelo envio dos mesmos ao MAPA. Esta identificação está relacionada ao novo número SISBOV dado ao animal, e não ao antigo número, marca a fogo, ou qualquer outra forma de controle de rebanho anteriormente utilizado pelo criador.
Devemos compreender que rastreamento é diferente de identificação e certificação. Podemos imaginar que uma determinada associação tenha feito o registro de todos os animais pertencentes à criadores cadastrados nesta associação, podendo informar aos frigoríficos de onde procede o animal. Ou seja, neste caso ela estaria fazendo um rastreamento.
A diferença do projeto SISBOV Nacional é que o sistema prevê uma identificação com padrão único, banco de dados único e controle por intermédio de certificadoras autorizadas. A situação atual é bem diferente do que é informado por alguns frigoríficos que , na verdade, estão distorcendo conceitos e aproveitando da falta de informação dos criadores em geral. Como dito em velho ditado bíblico: ” O homem morre por falta de conhecimento”.
Sinceramente, a obrigatoriedade de rastreamento de animais de raça, parece-me risível. Tomemos um zebuíno PO, cujo controle zootécnico é realizado pela ABCZ:
(1) Antes mesmo de nascer o bezerro já se sabe pai e mãe, via CDC (e a ABCZ tem TODOS os dados dos ascendentes).
(2) Ao nascer o bezerro, emite-se CDN, onde consta: criador, propriedade (e dados dela), sexo, peso, data de nascimento, etc.
(3) Via CDP os animais são pesados a cada 90 dias, até quase 24 meses. E muitos participam de PGP.
(4) Se morrem há o CDM.
(5) Se são vendidos, há a ADT (com todos os dados do comprador).
(6) Se acasalam, há CDC, CRT, etc.
(7) Vacinações de aftosa e brucelose já são controlados por orgãos zoosanitários.
O que se quer mais? Saber se o bezerro torce pelo Vasco ou pelo Flamengo? Espero que, rastreado ou não, seja vascaíno.
Toda vez que exigências exageradas ocorrem, o resultado é um só: FRAUDE, e seu inevitável corolário, ensinar o brasileiro a desobedecer a lei.
As notícias sôbre rastreabilidade são muitas, confusas, geram dúvidas. Aparentemente foi criado o Sisbov de forma a proporcionar ganhos na venda de brincos, no controle da rastreabilidade, sendo enorme fonte de renda para estas empresas; excesso de minúcias com nenhuma objetividade prática.
Se 85% da carme produzida fica no mercado interno que tem problemas de consumo pelo baixo poder aquisitivo, tal programa só onera o produto que vende pouco. Dos 15% exportados, parte não requer tal controle.
É impraticável rastrear 100% do rebanho nacional. Isto só gera mais falta de credibilidade aos produtores e órgãos nacionais envolvidos. Ninguem acreditará em nós.
O preço da carne exportada aumenta em 33% e o pecuarista só recebe as bicheiras das orelhas do boi rastreado, uma vez que não melhorou o preço do rastreado, e sim houve deságio do não rastreado. Os frigoríficos não demonstram interesse na melhoria da qualidade do gado e de parcerias; só pensam em ganhar mais.
A rede Globo transforma um boi de raça, precoce e de excelente carcaça, não rastreado, em um “boi comum”. Não quer esclarecer o consumidor.
Como falar em exportação, em exigência do mercado externo sem falar em classificação de carcaça, que é o primeiro componente da qualidade?
Isto tudo cheira a engôdo, em benefício de poucos , em custos mais altos para muitos.