O início dos bombardeios dos Estados Unidos sobre o Afeganistão no último domingo levou as duas maiores companhias do mundo em frete marítimo de contêineres – a líder Maersk Sealand, de bandeira dinamarquesa, e a anglo-holandesa P&O Nedlloyd – a também cobrar sobretaxas de risco de guerra sobre cargas destinadas ao norte e costa leste da África, Oriente Médio e Paquistão. A cobrança vai elevar os custos de exportação de carnes bovina e de frango e açúcar, entre outros produtos vendidos àquelas regiões.
As companhias aumentaram os prêmios dos seguros – acréscimo que está sendo repassado aos clientes – alegando a possibilidade de que ataques resvalem nos navios, afundando ou danificando as embarcações. No início da semana passada, a MSC e a Evergreen, terceira e quarta no ranking, iniciaram a cobrança de sobretaxa.
Com a maior frota de navios, 304 embarcações, a Maersk instituiu na última segunda-feira sobretaxas (“war risk surcharge”) que variam de US$ 125 por contêiner de 20 pés (cerca de 12,5 toneladas de carne), nos destinos da Arábia Saudita, do Iêmen e do Golfo Pérsico, a US$ 300 no tráfego dirigido a Iraque, Irã e Paquistão. Nos contêineres de 40 pés (25 toneladas), o adicional de guerra é dobrado, atingindo US$ 600 para remeter a carga aos portos considerados de maior risco pelas companhias de seguro.
O quadro de insegurança provocado pelos atentados terroristas em 11 de setembro e o início da ofensiva militar da aliança anglo-norte-americana, fizeram com que a sobretaxa também alcançasse regiões vistas como passíveis de envolvimento no conflito entre EUA e Afeganistão. O adicional da Maersk para Israel é de US$ 150 por contêiner de 20 pés. A carga enviada a Líbia, no norte africano, Síria e Líbano foi taxada em US$ 250, chegando a US$ 500 no contêiner de 40 pés.
A P&O Nedlloyds – segunda no transporte marítimo de contêineres – preferiu esperar pelo início dos ataques ao território afegão para cobrar taxas de guerra. Desta forma, a partir desta sexta-feira, dia 12, ela começa a cobrar US$ 150 (contêiner de 20 pés) a US$ 300 (40 pés) a mais para tráfegos ao Paquistão, Oriente Médio, norte da África (do Marrocos ao Egito) e leste africano banhado pelo mar Vermelho (Sudão, Etiópia, Eritréia e Somália).
Uma das principais companhias no transporte de cargas na área do oceano Atlântico, a alemã Hamburg-Süd cobra desde 27 de setembro sobretaxa de US$ 125 (Egito) a US$ 175 (Paquistão) por contêiner de 20 pés. Na área do canal de Suez, o acréscimo de guerra é de US$ 100. Por lá, passam navios vindos do mar Mediterrâneo em direção à Ásia.
Fonte: Gazeta Mercantil (por José Alberto Gonçalves), adaptado por Equipe BeefPoint