Até o final deste mês, as 13,5 milhões de cabeças do rebanho gaúcho deverão estar imunizadas contra a febre aftosa.
Com 57% desse total já vacinado, os técnicos gaúchos dão o passo final rumo à erradicação da doença que atormentou o Rio Grande do Sul no ano passado, provocando o fechamento de importantes mercados para a carne gaúcha e a suspensão das atividades comerciais de centenas de propriedades vizinhas aos focos.
Até agora, apenas Rio Grande, que antecipou o início da imunização para dezembro, encerrou o trabalho. Em Santana do Livramento (onde surgiu o primeiro foco de aftosa no Estado, em maio do ano passado) e Uruguaiana, a vacinação deve ser encerrada nos próximos dias.
O quadro, no entanto, é mais problemático em municípios que ficaram distantes dos focos de aftosa registrados no ano passado, como Santa Rosa, Rio Pardo, Palmeira das Missões e Erechim. Pelos dados da secretaria, nas primeiras duas semanas apenas 1,6% do rebanho dos 32 municípios abrangidos pela Inspetoria Veterinária de Santa Rosa havia sido vacinado.
A lentidão é vinculada ao elevado número de minifúndios, que exigem a presença dos técnicos para aplicação da vacina. O presidente do Sindicato Rural de Santa Rosa, Denir Frosi, afirma que as doses também demoraram a chegar no município, o que atrasou a campanha em uma semana.
O chefe da Inspetoria Veterinária de Santa Rosa, Valtair Frois, aponta ainda a existência de apenas um veículo da secretaria para percorrer toda a zona rural do município para vacinar 25 mil animais.
A coordenadora regional da Secretaria da Agricultura no município, Cecília Bernardi, assegura não haver falta de doses na região. Todas as 400 mil doses gratuitas aos criadores cadastrados no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) foram liberadas. O volume representa 91% do rebanho de 435 mil cabeças da região.
O diretor do Departamento de Produção Animal (DPA) da secretaria, Celso dos Anjos, diz que o amplo prazo para finalizar a vacinação foi definido levando em consideração os problemas localizados. Conforme Anjos, os técnicos da secretaria estão envolvidos diretamente na vacinação e tiveram as férias de janeiro suspensas.
Novos testes
Nesta semana, foram abatidos, em Santana do Livramento, os primeiros dos 5,2 mil bovinos localizados nas áreas infectadas e de vigilância que apresentaram sorologia positiva para o vírus da febre aftosa. O teste é uma das últimas etapas para a comprovação da erradicação da enfermidade. Os técnicos ressaltam que o resultado positivo não significa que os animais estejam doentes. É, provavelmente, uma reação à vacina.
De acordo com o diretor, por segurança, todos esses bovinos serão abatidos em frigorífico, permitindo que as fazendas voltem a negociar normalmente. Nas zonas infectadas (até três quilômetros dos focos), as propriedades serão liberadas imediatamente após os abates. Nas áreas de vigilância (até 10 quilômetros), será necessária nova sorologia, explica.
Nas cabanhas de alta genética, a situação também volta ao normal. Os animais vendidos para fora do Estado durante a Expointer ou nos remates de Primavera aguardam apenas o fim da quarentena para serem levados pelos novos proprietários. Depois da normalização da venda de gado em todas as regiões gaúchas, a luta será pela retomada do certificado de zona livre com vacinação.
Fronteira Oeste
A Coordenadoria Regional da Agricultura (CRA) na Fronteira Oeste espera concluir a vacinação contra a febre aftosa das 3,1 milhões de cabeças de gado da região no dia 15 de fevereiro.
Nos municípios com maior povoamento, a imunização está adiantada. Em Uruguaiana, mais de 90% dos 328 mil animais a serem vacinados já receberam a dose. Em Alegrete, a cobertura vacinal atinge 80% dos 547,1 mil exemplares.
O coordenador da CRA, Fernando Quinteiro, explica que nos 13 municípios da região, cerca de 75% dos 3,1 milhões de animais já foram vacinados pelos produtores e veterinários das inspetorias veterinárias locais. Os inspetores fiscalizam a aplicação das doses apenas em locais considerados de risco, como propriedades onde foram registrados focos da doença e áreas lindeiras. Nos demais casos, é feito apenas o controle da compra das vacinas pelos produtores autorizados.
Em toda a região, só tivemos problemas no município de Itacurubi, porque não havia veterinários da Secretaria da Agricultura para aplicar as vacinas nas pequenas propriedades, explica Quinteiro. Em Itacurubi, o rebanho existente é de 94,7 mil animais e o município passou a contar com um veterinário para aplicar as vacinas nas pequenas propriedades cadastradas no Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf) somente nesta semana.
Cerca de 80% dos estabelecimentos rurais de Itacurubi são de pequeno porte. A estratégia da coordenadoria regional é aguardar o encerramento da vacinação nos maiores municípios para enviar um reforço de veterinários para Itacurubi.
Fonte: Zero Hora, adaptado por Equipe BeefPoint