Rodrigues pede R$ 78 mi para reforçar combate à aftosa
13 de outubro de 2005
Por falta de aviso não foi!
17 de outubro de 2005

“Guerra de barreiras” entre Estados tumultua mercado

Ninguém se entendia ontem no setor de carnes. O foco de febre aftosa em Mato Grosso do Sul trouxe uma paralisação geral ao mercado, afetando até os setores de avicultura e de suinocultura. Frigoríficos saíram do mercado de compras, e pecuaristas, mesmo com demanda por redes varejistas, não conseguiam vender. “Ninguém está entendendo nada”, afirmava um experiente pecuarista, participante desse mercado há 30 anos. Bois, suínos, frangos e derivados de carnes, tudo foi barrado ontem nas diversas barreiras colocadas pelos Estados.

No Rio Grande do Sul, só entrava carne bovina do Uruguai e da Argentina. A proibição gaúcha de entrada de carne bovina se estendeu a todos os Estados brasileiros, inclusive ao vizinho Santa Catarina, o único no Brasil reconhecido pelo Ministério da Agricultura com status de “livre de febre aftosa sem vacinação”. A passagem ficou liberada apenas para suínos e frangos, desde que produzidos em integradoras.

Os catarinenses também fecharam as porteiras, e, apesar de o problema ser o boi, deixaram os paranaenses nas fronteiras com seus frangos. No final da tarde, após trocas de telefonemas entre secretários de Agricultura de vários Estados, o de Santa Catarina permitiu a passagem de contêineres de frango, desde que lacrados e que tivessem como destino a exportação por Santa Catarina.

No quintal do foco de febre aftosa, os paranaenses também fecharam tudo, e só passavam pela fronteira carros de passeio e, mesmo assim, desinfetados.

Os mineiros, um pouco mais brandos, impediram a entrada de gado, produtos e subprodutos de carnes da região afetada pelo foco em Mato Grosso do Sul. Já as carnes de outras regiões dos sul-matogrossense eram permitidas desde que inspecionadas, registradas e sem osso.

São Paulo não foi diferente da maioria dos demais Estados. Está fechada a porteira para bois, suínos, ovinos, carnes e derivados de carnes provenientes de Mato Grosso do Sul para o território paulista. Como sempre ocorre nessas medidas de emergências, a confusão era intensa em todas as fronteiras dos Estados.

Em São Paulo, uma empresa foi barrada quando tentava enviar frangos de São Paulo para um abatedouro de Mato Grosso do Sul. O avicultor disse que não estava entendendo mais nada.

Duarte Nogueira, secretário paulista de Agricultura, disse que, nessas ocasiões, “fecha-se tudo num primeiro momento e, quando se resolve o problema, começa-se a desmontar as barreiras”. O que mais importa é agir com “rapidez e eficiência”, diz.

Nogueira afirma que o prazo limite dessas atitudes tomadas pelos Estados pode chegar a dois anos, mas ele diz acreditar que no máximo em seis meses todos os canais tradicionais de comercialização e de trânsito de animais já estejam restabelecidos.

Para o secretário, ainda neste mês alguns desses embargos trazidos pelo foco de febre aftosa em Mato Grosso do Sul devem cair.

O secretário Duarte Nogueira pediu ao ministro de Agricultura, Roberto Rodrigues, que o Estado de São Paulo seja excluído do embargo da Unidade Européia. Além de Mato Grosso do Sul, os europeus surpreenderam e incluíram também São Paulo e Paraná nos embargos às importações.

O secretário pediu o empenho também de entidades ligadas à pecuária, como a Abiec (associação dos exportadores).

Fonte: Folha de SP (por Mauro Zafalon), adaptado por Equipe BeefPoint

Os comentários estão encerrados.