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Guerra de preço trava mercado de boi

A disputa de preços entre frigoríficos e pecuaristas travou o mercado de boi gordo nas principais praças do País. Em São Paulo, por exemplo, grandes frigoríficos oferecem R$ 43 pela arroba. O produtor quer R$ 46, o preço de mercado desde janeiro.

Após dois meses estável, o preço da arroba caiu R$ 3 entre os dias 22 e 26, refletindo o anúncio dos frigoríficos de que haveria redução nos abates e importação de carne da Argentina.

Os negócios estão praticamente paralisados há duas semanas, período fora do comum para os analistas. A tensão entre os representantes dos dois setores, porém, segue alta. “Isso é formação de cartel”, diz o coordenador do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), Antenor Nogueira.

“Não fizemos cartel. Não existe cartel para reduzir preço”, declara o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes Industrializadas (Abiec), Edvar Queiroz. Segundo ele, os frigoríficos trabalham no vermelho e não conseguem sustentar a cotação de R$ 46 porque há queda no consumo interno e redução nas exportações a partir de abril.

Na avaliação de consultores, o jogo de força por tempo tão prolongando seria um sinal de alerta. “Brigas nesse setor se resolvem em poucos dias. Estamos vendo um ajuste de preços por problemas conjunturais, independentemente da sazonalidade, a cotação do boi cairá ou o preço da carne subirá”, diz o corretor da HencorpCommcor , Elio Michelon. “Alguns frigoríficos estão operando hoje com 10% de sua capacidade”, diz o consultor da Scot Consultoria, Alcides Torres. Na sua avaliação, as empresas cometeram um erro estratégico. “Utilizaram um pé-de-cabra para baixar o preço e conseguiram apenas criar um impasse”, afirma.

Com 15 dias de abates em baixa nos grandes frigoríficos, não se registra falta de carne ou pressão sobre os preços do atacado. A oferta de carne para supermercados e açougues é sustentada por empresas menores e compras em estados que estão fora da disputa. “O abate clandestino também deve garantir a oferta”, diz Torres.

Preços agropecuários recuam em São Paulo

O Índice de Preços Recebidos (IPR) pelos agricultores, pesquisado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), órgão da Secretaria de Agricultura de São Paulo, fechou em queda na primeira quadrissemana de abril. Em relação a março, houve um recuo de 0,63 ponto percentual. O boi gordo, item de maior peso nos preços agrícolas, puxou a baixa do período, afirma Nelson Batista Martin, coordenador do instituto.

Com redução de 6,26%, os produtos de origem animal, exceção do leite, fecharam em baixa na primeira quadrissemana do mês. “Os pecuaristas deixaram de reter o boi, diante da ameaça de se importar carne da Argentina, mais competitiva”, diz Martin. A cotação da arroba no noroeste de São Paulo está a R$ 45, segundo a FNP Consultoria & Comércio. As aves e suínos registram queda de 8,82% e 12,93% respectivamente, por conta da maior oferta no mercado interno. O leite, com valorização de 6,67% no período, tem registrado alta em razão da menor produção.

A expectativa é de que os preços agropecuários fechem abril entre 1% negativo e 1% positivo, diz Martin.

Fonte: Gazeta Mercantil (por Mônica Scaramuzzo) e Folha de São Paulo (por Alexa Salomão), adaptado por Equipe BeefPoint

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