Os preços do trigo voltaram a refletir as tensões do mercado com a guerra entre Rússia e Ucrânia, abriram ontem já na máxima do dia em Chicago e por lá permaneceram até o fim do pregão, repetindo o que havia ocorrido nas quatro sessões anteriores. O cereal fechou no teto mesmo depois de a bolsa aumentar os limites de variação dos papéis.
O contrato para maio, o mais negociado no momento, avançou 7,03% (85 centavos de dólar), a US$ 12,940 o bushel. Essa é a maior cotação para um contrato de segunda posição desde pelo menos o início dos anos 2000, segundo a série histórica do Valor Data.
As cotações do trigo têm alcançado as máximas desde o início da guerra na Ucrânia. Com isso, o CME Group, controlador da bolsa de Chicago, decidiu na sexta-feira ampliar o limite para 85 centavos e o limite estendido – que valerá a partir de hoje – para US$ 1,30 por bushel.
Como a guerra interrompeu o fluxo de exportação nos portos do Mar Negro e do Mar de Azov, o comércio de trigo segue paralisado na Ucrânia e na Rússia. “Os importadores vão reduzir seus próprios estoques domésticos e vasculhar o mundo em busca de oferta adicional para abril e maio”, disse ontem a AgResource.
Como reflexo do conflito entre russos e ucranianos, em uma semana, as cotações do trigo subiram US$ 100 a tonelada, em média, no mercado físico brasileiro. Os consumidores deverão sentir essa alta nas próximas semanas, com o aumento do preços dos derivados do cereal nas prateleiras dos supermercados.
“Tudo depende da extensão da guerra. Se ela acabar logo, haverá um ajuste para baixo, embora com certeza os preços não voltarão ao nível em que estavam antes do conflito. Mas, se a guerra se estender, não há como sabermos o teto. Rússia e Ucrânia fazem muita diferença no mercado de trigo”, disse Luiz Pacheco, analista da T&F Consultoria. Somados, os dois os países representam cerca de um terço do comércio do cereal no mundo.
Fonte: Valor Econômico.