Os ataques dos Estados Unidos ao Afeganistão poderão fazer com que as exportações brasileiras de carne bovina superem as 750 mil toneladas previstas inicialmente. Segundo o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Edivar Queiroz, na primeira semana, os compradores deverão ficar um pouco mais resistentes, mas poderão antecipar as importações de carne bovina para formar estoques, temendo um possível desabastecimento mundial.
Com os ataques iniciados domingo, ele prevê que as exportações de carne bovina no ano ficarão 2% acima do previsto inicialmente. Se a estimativa for confirmada, as exportações de carne bovina somarão 765 mil toneladas em 2001, contra 553,7 mil toneladas em 2000, conforme números da Abiec.
Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) e do Departamento de Comércio Exterior (Decex), divulgados pela FNP Consultoria, mostram que as exportações acumuladas até agosto somam 478,477 mil toneladas, contra 381,437 mil toneladas no mesmo período de 2000.
Segundo o analista da FNP Consultoria, José Vicente Ferraz, o ponto desfavorável dos ataques dos Estados Unidos ao Afeganistão é o aumento dos custos de frete das cargas frigorificadas. Para cargas destinadas ao Oriente Médio, Ásia Central e norte da Ásia, houve um aumento no preço do frete de US$ 100 a US$ 500 por contêiner. Atualmente, o preço do seguro para cargas frigorificadas é de US$ 6 mil por contêiner.
Na opinião de Ferraz é difícil prever se as exportações em 2001 crescerão mais do que o previsto inicialmente. Ele disse que houve um aumento significativo nas exportações nos últimos meses, devido ao fato de a Argentina e o Uruguai não estarem vendendo carne no mercado externo, por causa do surgimento de focos de febre aftosa em seus rebanhos.
Para o analista, em novembro, quando o Uruguai provavelmente voltar a exportar carne bovina, será possível saber se o Brasil ocupou o lugar deixado pelos outros fornecedores.
Fonte: O Estado de São Paulo (por Fabíola Salvador), adaptado por Equipe BeefPoint