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16 de abril de 2014

Há um estoque de conhecimento que muitas vezes não chega ao produtor – Sergio Raposo [Prêmio BeefPoint Bem-estar Animal]

BeefPoint realizará um grande evento – BeefSummit Bem-estar Animal -,  no dia 8 de maio de 2014, no Centro de Convenções do Ribeirão Shopping, na cidade de Ribeirão Preto/SP.

O evento terá a participação especial de Temple Grandin – pesquisadora que é referência mundial em bem-estar animal. Além de palestras inovadoras, com o Prof. Mateus Paranhos da Costa e pecuaristas que são referência nas práticas de bem-estar animal no Brasil.

Estes profissionais irão compartilhar casos de sucesso e aprendizados nesta área que cresce, a cada dia, dentro da cadeia produtiva da carne. E para fechar o dia com chave de ouro realizaremos a entrega do Prêmio BeefPoint 2014 – Edição Bem-estar Animal, que irá homenagear pecuaristas, profissionais, vaqueiros e pesquisadores que são referência em bem-estar no Brasil.

O público escolherá por meio de votação online, o vencedor de cada categoria. Assim, para você – leitor BeefPoint -, conhecer melhor os indicados, nós preparamos uma entrevista com cada um deles!

Conheça Sergio Raposo de Medeiros, finalista na categoria Professor/Pesquisador Referência em Bem-estar Animal.

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Sergio Raposo de Medeiros, morador de Campo Grande/MS, pesquisador da Embrapa Gado de Corte desde 2001, músico semi-amador, ex-esportista em atividade (cada vez mais restrita) e pontepretano de nascença.

“Igualdade versus Liberdade” , obra em dois volumes de Demétrio Magnoli e Elaine Senise, foi sua leitura mais recente e uma das melhores dos últimos anos, pois para ele, ao fazer um panorama abrangente do século XX, ajuda muito a entender a realidade hoje.

BeefPoint: Com base em suas pesquisas, o que você implementou de diferente na pecuária brasileira e no quesito bem-estar animal, que levou você a ser um dos finalistas do Prêmio BeefPoint Edição Bem-estar Animal?

Sergio Raposo: Foi uma surpresa muito grande! Só encontro explicação no fato que alguém considerou que meu esforço na divulgação do bem-estar animal merecia esse estímulo. Afinal de contas, eu trabalho diretamente com nutrição e apesar do trabalho do nutricionista no Brasil ajudar muito a aliviar a fome, uma das piores privações que qualquer ser vivo pode passar, o que me coloca realmente como um “ativista” em prol do bem-estar é repassar conceitos e práticas relacionadas a essa área em publicações variadas e em palestras pelo Brasil.

BeefPoint: Na sua opinião, o que pode ser feito para diminuir a distância da pesquisa com a prática vivenciada no campo?

Sergio Raposo: Este é um dos maiores desafios! Há um estoque de conhecimento já bem estabelecido que muitas vezes não chega ao produtor. Sempre que vencemos essa barreia, a pecuária avança. Por ser, em grande parte, um problema da informação chegar aos produtores, o que temos que fazer é aumentar as oportunidades que os beneficiários tenham acesso a ela. A tecnologia da informação é uma grande ferramenta ainda subutilizada. A Internet e os aplicativos de dispositivos podem contribuir muito em acelerar isso e com baixo custo. Assim, temos que intensificar seu uso e criar formas inovadoras de utilizá-las.

BeefPoint: O que você faz para difundir suas pesquisas para os pecuaristas? O que ainda pode ser feito?

Sergio Raposo: As ferramentas usuais do pesquisador são as publicações científicas e de divulgação, que envolvem todas as mídias que possam ser usadas para levar informação. Além disso, temos as palestras, mesas redondas e entrevistas.

Conforme dito anteriormente, podemos fazer muito mais com as oportunidades que a Internet nos oferece. São inúmeras as oportunidades: interação com o usuário, filmetes de treinamento e aplicativos para dispositivos móveis que podem revolucionar a difusão dos resultados das pesquisas. No caso dos aplicativos, tivemos o privilégio de sermos pioneiros ao lançarmos, no ano passado o “Suplementa Certo”.

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É uma ferramenta simples que ajuda o produtor a escolher o tipo de suplementação e o produto a ser usado, com base em uma análise de benefício: custo. Nele, há muita aplicação de conceitos de suplementação que são passadas de forma automática, sem o usuário nem perceber. Outras, aproveitamos para passar, como o número mínimo de cochos a ser usado, algo que é muito básico, mas fundamental para o sucesso da suplementação.

BeefPoint: Quais suas linhas de pesquisa? O que lhe traz mais resultados? 

Sergio Raposo: Minha atuação é em nutrição animal e nos últimos anos, tenho trabalhado em várias linhas, como suplementação, modelagem, eficiência na nutrição e outras. Atualmente, tenho trabalhado com tecnologia aplicada à pecuária e com projetos ligados às mudanças climáticas. Todos trouxeram resultados, mas tenho mais orgulho das patentes e produtos gerados, pois eles se bastam, isto é, têm existência própria. Não que as informações não sejam importantes. Dados que geramos, em parceria com universidades, mostrando que a díade vaca-bezerro é a fase de maior gasto de energia ou que podemos perseguir a eficiência sem abrir mão da qualidade de carne são importantíssimos para o avanço da nossa pecuária.

BeefPoint: Qual a aceitabilidade dos pecuaristas quanto a adoção de novas técnicas de manejo em suas propriedades, principalmente as focadas no manejo racional?

Sergio Raposo: Como para qualquer empresário, seja qual for a novidade, o importante é responder a pergunta “o que eu ganho com isso?”. Nesse sentido, ganhos por se adequar a uma demanda de mercado, como consumidores que se importem como os animais sejam tratados, são bem mais difíceis de serem “vendidos” aos pecuaristas, pois não trazem ganhos efetivos e imediatos.

Felizmente, na questão de bem-estar animal, há muitas oportunidades de, apenas com mudanças de atitudes e sem necessidade de grandes investimentos, efetivamente produzir mais e melhor. Por exemplo, animais manejados conforme as normas de bem-estar são mais fáceis de manejar e tem menos perdas por lesão, ou seja, eles podem ter melhor rendimento de carcaça. Outro exemplo, de aumento de eficiência e redução de custos é o trabalho no curral. Com campeiros que fazem o trabalhado mais tranquilamente, sem gritaria e sem violência contra os animais, o trabalho acaba mais cedo, melhor executado, com todos menos cansados e dificilmente alguém se machuca.

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BeefPoint: Todos sabemos que aprendemos mais com nossos erros. O que fez e deu errado? Você poderia nos contar?

Sergio Raposo: Como alguém disse, “o erro é fértil!” e e eu sou bom neles! Cometi muitos ao longo da minha vida profissional. De forma geral, como pesquisador, meu maior erro foi não ter focado mais o estudo em alguma área, o que permitiria um maior aprofundamento na questão e, talvez, ter melhores resultados.

Pontualmente, uma área que investi tempo e demorei a perceber como ainda não havia chegado seu tempo, foi a questão de tentar fazer uma carne com uma melhor composição de sua gordura. Não que isso não seja um objetivo válido, mas pelo fato de ser um atributo de qualidade difícil de ser reconhecido e, portanto, valorizado!

BeefPoint: Qual o maior desafio da pecuária brasileira hoje?

Sergio Raposo: Com mais de metade das pastagens com algum grau de degradação, o manejo de pastagem poderia ser colocado como número um, mas, na verdade, o que leva a isso é falta de gestão da produção no sentido mais amplo. É a falta de planejamento e de metas claras que acaba levando as fazendas a serem super-pastejadas e, consequentemente, terem resultados medíocres. O desafio é criar modelos de gestão flexíveis para serem ajustados às condições locais.

BeefPoint: Qual inovação e/ou novidade na pecuária de corte você mais gostou dos últimos anos? O que precisamos inovar?

Sergio Raposo: Com ampla possibilidade de adoção a inseminação artificial em tempo fixo (IATF) ajuda muito no manejo da fazenda. A imunocastração, pela simplicidade e por eliminar um processo mais traumático para os animais é bem interessante e digno de nota.

BeefPoint: Quais seus planos em 2014?

Sergio Raposo: Para 2014, pretendemos lançar uma nova versão do “Suplementa Certo” e talvez novos aplicativos. Participaremos de um evento, de um projeto da Comunidade Europeia em Madrid, sobre mudanças climáticas junto com outros colegas da Embrapa. Levaremos boas notícias quanto ao potencial de mitigação de gases de efeito estufa na pecuária brasileira.

No segundo semestre, devemos fazer o primeiro trabalho de confinamento com mensuração da emissão entérica de metano na Embrapa Gado de Corte. Em parceria com a Faculdade Computação da UFMS, pretendemos dar os primeiros passos para sistemas automatizados que ajudem no controle da suplementação. Espero, também, cumprir a meta de chegar em setembro com um artigo publicado por semana por uma ano na minha coluna no BeefPoint, uma atividade que tem me dado muitas alegrias, especialmente pela interação com os leitores.

BeefPoint: Qual o maior exemplo de professor/pesquisador que trabalha com bem-estar animal? Quem você admira por fazer um excelente trabalho?

Sergio Raposo: Admiro muito o trabalho do Prof. Mateus Paranhos que foi uma das pessoas que muito competentemente conseguiu colocar o assunto em evidência e sempre foi muito eficaz em repassar as informações aos produtores e para a comunidade científica. Ele, inclusive, é a maior fonte das informações que tenho ajudado a divulgar.

BeefPoint: Qual seu recado para os pecuaristas?

Sergio Raposo: Que eles atuem em uma atividade fantástica e de grande futuro, só que vale lembrar que esse futuro será “tanto melhor”, quanto menos o pecuarista precisar se preocupar com preço da arroba, ou seja, ele será produzido com eficiência e os ganhos em receita serão bons, mesmo nas épocas de baixas.

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