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Hedge em tempos de alta constante

O movimento natural no mercado do boi gordo é preços em queda no 1º semestre e em alta no 2º semestre, em função dos movimentos de safra (excesso de oferta) e entressafra (falta de oferta). Nos últimos anos, com exceção a 2010, o mercado registrou o preço máximo do ano para o contrato de outubro (pico da entressafra) no mês de junho, ou seja, no último mês da safra.

O movimento natural no mercado do boi gordo é preços em queda no 1º semestre e em alta no 2º semestre, em função dos movimentos de safra (excesso de oferta) e entressafra (falta de oferta). Nos últimos anos, com exceção a 2010, o mercado registrou o preço máximo do ano para o contrato de outubro (pico da entressafra) no mês de junho, ou seja, no último mês da safra.

Em 2008, entre o preço máximo do contrato de out/08 (R$101,80/@) registrado em jun/08 e o preço de fechamento do contrato (R$90,79/@), o mercado observou uma queda de 10,8% nos preços. Em 2009 o movimento foi semelhante, com queda de 13,8% entre a máxima registrada para o contrato de out/09 (R$89,53/@) em jun/09 daquele ano e o preço de fechamento do contrato (R$77,18/@).

Essa grande divergência entre expectativa do mercado e a realidade observada no vencimento do contrato é uma medida de risco. O confinador que travou seus preços em jun/08 pra vender seus bois em out/08 garantiu uma rentabilidade extra ou até evitou um resultado negativo. O confinador que fez o mesmo em 2009 também “salvou” o resultado da engorda intensiva.

Entretanto, o que aconteceu com o pecuarista que travou em junho deste ano a venda dos seus animais para entregar até essa sexta-feira, considerando que entre o preço médio do contrato de out/10 (R$84,78/@) registrado em jun/10 e o preço atual (R$107,60) o boi gordo já acumula alta de 26,9%?

Antes de responder essa pergunta, vale destacar que existem no mercado inúmeras modalidades e ferramentas para realizar o hedge (proteção) e neutralizar ou diminuir o risco na oscilação de preços. A ferramenta mais utilizada é o termo, onde o pecuarista negocia diretamente com o frigorífico e estabelece (via contrato) quantos animais serão entregues, quando isso vai acontecer, qual o preço e outros detalhes.

Outra ferramenta também muito utilizada é o mercado futuro, mas em escala muito menor, assim como o mercado de opções, ambos negociados na BM&F. Outra alternativa, mas cuja utilização ainda é incipiente, é a Bolsa de Carnes.

Veja abaixo as principais diferenças entre eles:

O pecuarista que fez contrato a termo com o frigorífico e, portanto, travou seu preço de venda para outubro ao redor de R$85,00/@, estaria deixando de receber R$22,00/@ pelo menos. Como o contrato não deixa espaço para reversão, uma preocupação recorrente da indústria foi para eventuais quebras de contratos. O estado de espírito do pecuarista nesta condição deve ser, no mínimo, de revolta.

Já o pecuarista que fez venda no mercado futuro de boi gordo na BM&F sofreu um pouco mais. Apesar de saber que o financeiro final seria igual ao do termo – ele receberia R$107,00/@ no físico, mas teria que pagar R$22,00/@ para a BM&F e teria os mesmos R$85,00/@ -, até o final da operação ele foi forçado a depositar essa diferença em ajustes diários, além de deixar um montante financeiro (margem) como garantia dessa operação. A grande vantagem é que ele podia desmontar a operação a qualquer momento e ter aproveitado boa parte da alta do mercado após isso.

Entretanto, o destaque vai para o mercado de opções. Enquanto os futuros são pouco utilizados para hedge, o mercado de opções é ainda mais novo, mas o interesse é crescente. A grande diferença é que o pecuarista que montou hedge com opções a R$85,00/@ para out/10 pagou em torno de R$2,00/@ por um “seguro de venda”. Com isso, caso o mercado caísse abaixo de R$83,00/@ (85-2) ele estaria protegido, mas como o mercado está acima de R$85,00/@, o pecuarista aproveitou a alta. Hoje, com mercado em R$107,00/@, esse pecuarista receberia R$105,00/@ pelo seu boi.

Entre as alternativas de hedge, o mercado de opções foi a mais interessante este ano, mas como a alta foi expressiva, muitos pecuaristas não fizeram hedge, apesar de sua importância cada vez maior.

O pecuarista, conforme intensifica sua produção e melhora os índices zootécnicos, suporte das pastagens, GPD, rendimento de carcaça, etc., não pode se dar ao luxo de perder 10% do preço final para uma falha na comercialização. A compra do “seguro de venda”, ou no jargão técnico a compra de uma put, é interessante porque garante o preço de venda do pecuarista, mas não limita seus ganhos na alta, tratando-se de um seguro de preço mínimo.

0 Comments

  1. Carlos Magno Pereira disse:

    O pecuarista brasileiro não deve ficar, dependendo de valor(@) no momento de comercializar seus animais. Por isso existem esses mecanismos que torna-se interessante ferramenta de comercialização.