A concentração faz parte de um movimento que se constata em todo o mundo, particularmente no setor de commodities. Não há muito o que fazer contra esta tendência na pecuária, exceto lamentar. No momento, penso que o produtor deve agir privilegiando os frigoríficos de menor porte, cuja existência é crucial para manter o escoamento ordenado de toda a carne de vaca e dos lotes de bois de menor uniformidade. A médio prazo, unir-se em grupos de produtores com filosofia de produção e origem geográfica semelhantes, que lhes possibilite elaborar projetos para tentar agregar valor à carne e negociar em bloco insumos e produtos.
O leitor do BeefPoint Humberto de Freitas Tavares (Produção de gado de corte), de Ribeirão Preto/SP, enviou um comentário ao artigo “Pedro Eduardo de Felício comenta o processo de consolidação dos frigoríficos brasileiros“. Abaixo leia a carta na íntegra.
“Acho que concordo com o Saviani. A concentração faz parte de um movimento que se constata em todo o mundo, particularmente no setor de commodities. Basta ver os exemplos recentes nos setores de adubos, sementes, frango/suínos, laranja, açúcar, papel/celulose, mineração, siderurgia etc. Agora chegou ao setor da carne bovina. Bom para essas empresas, para o balanço de pagamentos da Nação, para a arrecadação de impostos. Ruim para os países concorrentes, para os pecuaristas de menor poder de barganha, para os funcionários menos qualificados (é o tal ganho por “sinergias”).
Não há muito o que fazer contra esta tendência na pecuária, exceto lamentar. A concentração ainda não lembra a existente nos setores de adubos, processados de frango/suínos, celulose, chocolate, laranja. A entrada/aumento de poder de fogo no setor de aves e suínos certamente vai ser encarada pelo CADE como um importante contraponto à Brazil Foods (= Sadia + Perdigão).
Com relação às perspectivas para o produtor, acho que o que haverá são mudanças radicais no lado de dentro da porteira. O pecuarista encontrará maiores dificuldades de negociação, sofrendo menos os que forem capazes de atender a um aumento previsto nas exigências relativas a escala de produção, uniformidade dos lotes, qualidade de acabamento, peso de carcaça. Por outro lado, preço de commodity — descontados frete e taxas — é internacionalmente “uniforme”. Com maior musculatura, estes gigantes tendem a conseguir melhores negociações com importadores e atacadistas/varejistas, e esta vantagem, em maior ou menor escala, acaba contagiando o mercado todo. O consumidor certamente pode aguardar um aumento nos preços, que será tanto maior quanto maior seja o aumento mundial na demanda por carne vermelha.
No momento, penso que o produtor deve agir privilegiando os frigoríficos de menor porte, cuja existência é crucial para manter o escoamento ordenado de toda a carne de vaca e dos lotes de bois de menor uniformidade. A médio prazo, unir-se em grupos de produtores com filosofia de produção e origem geográfica semelhantes, que lhes possibilite elaborar projetos para tentar agregar valor à carne e negociar em bloco insumos e produtos.
Finalmente, lamento discordar do Sr. Péricles Salazar, muito embora ache, como disse acima, que precisamos desviar nossos melhores lotes de bois e vacas para os associados à ABRAFRIGO. O BNDES é um banco de fomento, e quem apresenta projeto por eles julgado viável recebe financiamento. A existência do BNDES, dos bancos estatais, Petrobrás, Eletrobrás etc, antes tão criticada pelos xiitas do “laissez-faire”, permitiu ao Brasil uma surpreendente arrancada à frente do resto do mundo na recente crise global.”
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Humberto vc sabe quanto custa a @, de um boi , e vc sabe quanto custa a @de um bezerro, 110,00 entao e so criar, e vender o bezerro a vista, q o negocio e muito bom ainda.
Não espalhe, João, senão todo mundo quer fazer igual…
Na próxima 5a feira, workshop do BeefPoint sobre o assunto, com o objetivo de “discutir, divulgar, explicar e acelerar a adoção de tecnologias que permitam produzir mais bezerros, melhores bezerros (genética) e bezerros mais pesados de forma economicamente viável, com o mesmo número de vacas, na mesma área”.
Local: São Paulo, SP, no Centro Imigrantes.
Uma das palestras será minha, e o assunto, “Produção Industrial de Bezerros”.
Tópicos que discutirei:
— Vale a pena um esforço gerencial extra para aumentar a produção?
— Diferentes ambientes afetam o tipo do animal “ótimo”?
— A vaca-ótima é irmã do boi-ótimo?
— Quais das novas biotecnologias estão maduras para emprego numa propriedade de cria “típica” com patrão “esforçado”?
— Decisões que tomei em meu sistema produtivo, no vale do Araguaia, em Goiás.