A Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) do Mato Grosso do Sul, por meio da Gestoria de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Gipoa) vai propor à Secretaria de Estado de Saúde e secretarias municipais um trabalho conjunto de educação sanitária visando prevenir a população do Estado sobre os perigos da cisticercose em bovinos e suínos.
O cisticerco é um parasita transmitido pelo homem ao animal por meio das fezes (que podem conter ovos da tênia). Quando a pessoa defeca no campo, pode agir como transmissor da doença, já que os bovinos ou suínos se contaminam ingerindo estes ovos. Assim o animal cresce com o parasita no corpo e depois pode voltar a contaminar o homem, que se alimenta de carne mal-passada de bovinos ou suínos sem inspeção.
No Estado, a Delegacia Federal de Agricultura (DFA/MS) e o Iagro, por meio da inspeção sanitária, verificam a existência de cisticercos (vivos ou calcificados) em músculos e vísceras de animais abatidos nos frigoríficos. No momento em que o parasita é detectado, a carcaça é condenada ou passa por tratamento. A ocorrência é preocupante.
Segundo o médico veterinário Sebastião dos Reis, da Gipoa, a incidência da doença há mais de cinco anos se situa entre 0,5% e 0,6% do rebanho sulmatogrossense, conforme dados do Serviço de Inspeção Estadual (SIE/MS). Contudo, segundo ele, o que causa preocupação é que a falta de conhecimento sobre a sanidade por parte de alguns produtores, trabalhadores e assentados em determinadas regiões está elevando este índice de contaminação para até 4% em algumas localidades.
As áreas mais problemáticas, segundo dados preliminares, podem estar nas regiões de Nova Andradina, Batayporã, Ivinhema e Anaurilândia. Nestes locais existem acampamentos de assentados sem condições de higiene e elevado número de bóias-frias (pessoas que trabalham o dia todo no campo) que, sem as devidas condições de higiene e pela necessidade, podem defecar em áreas de pastos, sem saber que estão transmitindo a doença para os animais.
“Temos verificado a ocorrência de animais infectados na inspeção de carcaças em alguns frigoríficos. Por isso estamos compilando estes dados e vamos buscar uma reunião com os órgãos de saúde estaduais, como a Fundação Nacional de Saúde, Secretaria de Estado, secretarias municipais e serviço de extensão rural”.
“Pretendemos, de posse desses dados, chegar ao local de onde saiu o animal. Não basta apenas condenarmos os animais na indústria. É preciso que seja feito um trabalho de educação sanitária dessas pessoas, alertando do perigo da doença”, frisou Reis.
Tuberculose
A tuberculose bovina também fará parte da ação a ser proposta pelo Iagro. Assim como a cisticercose, a tuberculose em bovinos pode ser transmitida ao homem por meio da ingestão do leite de animais contaminados, carne ou até mesmo contato no manejo. “Queremos também rastrear os bovinos com tuberculose e fazer alerta à população sobre os riscos à saúde humana”, concluiu.
O serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Iagro fiscaliza 22 frigoríficos com Serviço de Inspeção Estadual (SIE).
Fonte: Correio do Estado/MS, adaptado por Equipe BeefPoint