As irregularidades detectadas na comercialização de bovinos para abate em frigoríficos localizados na fronteira, diante das constantes apreensões de gado que pode estar sendo contrabandeado do Paraguai, fizeram com que a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) tomasse medidas drásticas para evitar a contaminação do rebanho sul-matogrossense.
Visando conter a entrada no Estado de animais contrabandeados, que podem inclusive conter o vírus da febre aftosa, a agência baixou duas portarias: uma proibindo a emissão de Guia de Trânsito Animal (GTA) para abate em seis frigoríficos da fronteira e outra interditando seis propriedades suspeitas de estarem cometendo irregularidades no comércio de animais.
Pela determinação está proibida a emissão de qualquer GTA com finalidade de abate para os seguintes frigoríficos: Friboi – Frigorífico Vale do Amambai Ltda., de Amambai; Bom Charque, de Iguatemi; Boifran Alimentos, de Eldorado; Amambai Indústria Alimentícia, de Ponta Porã; Frigorífico Iguatemi, de Iguatemi, e o Frigorífico Estrela do Sul, também de Iguatemi.
Já as propriedades interditadas pela Iagro, nas quais está proibida a entrada e saída de bovinos e bubalinos e emissão de documentos de trânsito para essas espécies, são: Fazenda Lagoa Azul, situada em Campo Grande; Fazenda São Joaquim, de Água Clara; Fazenda Lageado III, de Ribas do Rio Pardo; Fazenda Rincão do Júlio, de Ponta Porã; e duas fazendas em Porto Murtinho.
“Os pecuaristas de Mato Grosso do Sul devem ficar alertas e denunciar quem não estiver agindo de acordo com a lei. Há uma proibição que tem de ser obedecida para impedir a entrada da febre aftosa em nosso país”, declarou o diretor de operações do Iagro, Osvaldo Dias. A importação de gado paraguaio está proibida desde setembro de 2002.
Contrabando
As medidas, segundo o secretário de Produção, José Felício, foram tomadas diante do crescimento da entrada de animais com documentação fria ou irregular no MS, por meio das rodovias situadas na região de fronteira. De janeiro até agora foram feitas três apreensões de gado irregular na fronteira com o Paraguai.
“Segundo inquéritos feitos pela polícia sobre as apreensões de gado, tanto os frigoríficos citados como as propriedades têm fortes indícios de envolvimento nestas transações irregulares”, destacou o secretário, lembrando que a meta do Governo é coibir esta prática e garantir a imunidade sanitária do rebanho sul-matogrossense.
Ele ressaltou que tanto os frigoríficos quanto às propriedades vão passar por fiscalização da Iagro. “Vamos verificar, por exemplo, os remetentes destas notas apreendidas com os caminhoneiros e investigar os frigoríficos da região”.
A última apreensão de gado suspeito foi realizada na semana passada pelo Departamento de Operações de Fronteira (DOF) na rodovia MS-158, próximo à cidade de Amambai. Os policiais interceptaram oito caminhões com 136 cabeças que seriam transportadas para o Frigorífico Vale do Amambaí Ltda.
Segundo a polícia, apesar de os motoristas estarem de posse de Guias de Trânsito Animal (GTA), emitidas pelo Iagro de Campo Grande, bem como de notas fiscais do produtor, os policiais estranharam o fato de a marca das reses não combinar com as estampadas nas referidas GTAs.
Questionados pelos policiais sobre o fato, os motoristas, inicialmente, negaram outra procedência do gado, mas depois de algumas perguntas sobre o itinerário que fizeram a partir de Campo Grande acabaram confessando que os animais foram, de fato, carregados em território paraguaio.
Fonte: Correio do Estado/MS e Campo Grande News (por Paulo Nonato de Souza), adaptado por Equipe BeefPoint
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Como Med. Veterinário, produtor e principalmente como cidadão, gostaria de parabenizar ao IAGRO e ao DOF pelo trabalho realizado e apresentado na matéria acima.
Enfatizando que a divulgação deste episódio sirva de alerta a grande maioria de ” produtores brasileiros”, que por espertezas como estas ocorridas, ficamos a merce de auditorias internacionais prestes a excluirnos do tão seleto mercado internacional de alimentos, cada dia mais competitivo e vulnerável. Parece que o pecuarista não entendeu sua imensa, relevante e até onde vai sua responsabilidade nesta cadeia produtiva da carne (não é do boi).
Parece que a classe produtora já esqueceu dos enormes prejuizos causados aos pecuaristas do Rio Grande do Sul e do Mato Grosso do Sul nos últimos anos com os fócos de aftosa destes estados os quais tiveram suas fronteiras fechadas o que prejudicou todos, não só os infratores, tão pouco os invernistas, mas, a todos e em última analise a imagem internacional do Brasil que queremos e precissamos tornar-nos os maiores exportadores mundiais de proteinas, entre elas, nossa matéria prima,a carne bovina.
Com isto, fica ratificada a necessidade do programa do Governo Federal, o SISBOV. Neste momento uma ferramenta de trabalho importantíssima, no futuro, uma arma de Marketing do bom pecuarista brasileiro.
Obrigado