A suspensão das exportações de carne bovina in natura para a UE continua. O Brasil ainda não conseguiu colocar a questão nos trilhos para uma solução robusta e duradoura. Vale a pena ignorar esse mercado e culpar terceiros por nossos prejuízos? Países como Uruguai e Argentina exportam para UE com exigências muito similares. O que eles fazem de diferente? Suspeito que eles apenas complicam menos as coisas. As idas e vindas da rastreabilidade no Brasil mostram o quanto precisamos evoluir em coordenação entre setores da cadeia produtiva, se quisermos continuar a ser o maior exportador de carne bovina, e lucrar com isso.
A suspensão das exportações de carne bovina in natura para a UE continua. O Brasil ainda não conseguiu colocar a questão nos trilhos para uma solução robusta e duradoura. O problema é técnico, agravado pelas pressões políticas, em especial dos irlandeses.
Técnico porque o Brasil não conseguiu cumprir o prometido nas inúmeras auditorias européias realizadas nos últimos anos, e nas últimas semanas tem falhado, permitindo aumentar o arsenal de críticas de que nosso sistema não merece confiança. O sistema atual é bom. Talvez até bom demais, o que o torna mais difícil de ser implementado em larga escala. O problema atual do Sisbov, motivo das repetidas críticas das visitas de autoridades européias, é que não fazemos o que colocamos no papel. Isso tem sido uma ótima munição para ataques de produtores e entidades irlandesas.
Como declarou o ministro da agricultura, Reinold Stephanes, no início do mês: “É claro que o Brasil tem alguma culpa nisso. Ou por aceitar algumas negociações que não tinha condições de cumprir ou até por não ter cumprido questões que, muitas vezes, poderia ter cumprido”. Esse é o melhor resumo dos problemas internos do Brasil. O Brasil prometeu muito e cumpriu pouco.
A falta de verbas é um problema frequentemente listado para explicar a pouca efetividade das ações do governo, mas o jornal Valor Econômico afirma “o Ministério da Agricultura gastou apenas 27,6% dos R$ 1,95 milhão disponíveis para os cinco principais programas de certificação da origem”. A mesma reportagem afirma que os gastos para trânsito de animais e controle de fronteiras internacionais também ficaram abaixo do limite máximo, 76% e 85% do orçamento para 2007, respectivamente.
A questão também é política, porque a competitividade da carne brasileira é um grande problema para a indústria da carne irlandesa. Parece inclusive que a “guerra” contra o Brasil tem sido um motivador para novas ações da Irlanda na busca de uma melhor posição no mercado europeu de carne bovina. Há poucos dias anunciaram uma viagem para compradores de carne bovina europeus
No início de fevereiro, publicamos o excelente artigo de Adriano Timossi sobre a “Decisão da UE sobre importações de carne bovina do Brasil“. Timossi informa: “O primeiro fato a ser considerado em nossa análise é o poder do lobby agrícola nas decisões políticas”. Continua, “A campanha ´Ban Brazilian Beef´ foi resultado de um longo trabalho e de uma organização institucional forte. Por diversas razões culturais e políticas, houve certa desconsideração por parte do Brasil (sobre seu potencial impacto)”.
Timossi afirma que o Comissário para Saúde Pública da UE, Marcos Kyprianou, e sua equipe fizeram grandes esforços para defender o Brasil em inúmeras ocasiões embora isso tenha gerado muita discussão interna. O bom exemplo da defesa foram seus pronunciamentos em audiências nos parlamentos de países membros, nas reuniões com o DG-SANCO (órgão responsável pela segurança alimentar e saúde pública da UE) e no parlamento europeu.
Segundo Carlos Márcio Cozendey, diretor do Departamento Econômico do Itamaraty, durante reunião da câmara setorial da carne bovina de SP, o comissário Kyprianou foi um “fiador” do Brasil durante as tentativas da Irlanda de banir a carne brasileira. O problema foi que ao se tornar “fiador”, as exigências do comissário em relação às promessas brasileiras de melhoria no sistema de rastreabilidade cresceram. Durante a reunião da câmara, o representante do Itamaraty, que tem cargo de ministro, se mostrou extremamente informado da situação atual e indicou uma série de caminhos e ações que precisam ser tomados pelo Brasil.
OMC
Uma das possibilidades é uma queixa formal do Brasil contra a UE na Organização Mundial do Comércio (OMC), pois as medidas da UE estariam fora das regras de comércio entre países, sendo caracterizada como uma barreria comercial, uma exigência acima do que a UE faz a outros países, além de se configurar uma cota limitadora de exportações (número restrito de fazendas habilitadas a exportar).
Segundo o diplomata, essa não é uma boa estratégia, pelo menos por enquanto, pois entrar na OMC é caro e tem resultados demorados. Além disso, a UE poderia optar pela estratégia “não reclame agora da situação atual (suspensão), espere o resultado da OMC”, o que seria prejudicial ao Brasil, que deseja retomar as exportações o quanto antes, não em 2 anos ou mais.
Crise de confiança
Os acontecimentos recentes foram novamente negativos para a credibilidade e confiança do Brasil e do Mapa, na UE. De acordo com reportagem do jornal O Globo de 18/fev, a visita do secretário de Defesa Agropecuária, Inácio Kroetz, em Bruxelas, “não teve o aval da embaixadora Maria Celina, que se recusou a acompanhar Kroetz sob o argumento de que o Ministério da Agricultura teria perdido sua credibilidade junto às autoridades européias ao ignorar as inúmeras advertências feitas”.
Segundo o jornal O Estado de SP, fontes do próprio governo brasileiro admitiram que as listas não tinham como base apenas aspectos técnicos ou sanitários. O distanciamento do Itamaraty em relação ao MAPA, buscando não “se queimar” serve para pensar se estamos mesmo fazendo a coisa certa.
Rastreabilidade – o “problema” é de quem?
Nesse meio tempo, o ministro Stephanes conclama os frigoríficos exportadores a liderarem o processo de rastreabilidade. “Se os frigoríficos não liderarem o processo de rastreabilidade, ela não acontece. É preciso fidelizar clientes, ou seja, fornecedores e pagar um adicional”. No passado, o discurso de representantes de frigoríficos foi de que “rastreabilidade é responsabilidade do pecuarista e do MAPA”.
Correto pois quem vai implantar o sistema é o pecuarista. Incorreto (e muito desmotivador) pois a rastreabilidade é uma necessidade/exigência dos consumidores (e seus governos) de carne bovina, produto vendido pelos frigoríficos. Uma mudança no discurso e ampliação da prática de premiação e incentivo a programas de certificação/qualidade ajudariam, e muito.
Com a lista de fazendas aprovadas sendo pequena, a tendência é que o mercado irá exigir um alto prêmio por esses animais, não sendo surpresa diferenciais de R$ 10,00/@ em um primeiro momento. Isso serviria como estímulo para maior adesão de pecuaristas ao Sisbov. Uma lista de 3.000 fazendas (ou mesmo as 10.000 do novo Sisbov) é muito pouco para atender a demanda e potencial de mercado da UE.
Se a suspensão durar pouco tempo, o efeito negativo para os exportadores brasileiros e importadores europeus tende a ser menor. A alta no preço da carne na Europa e as vendas da Argentina, Uruguai e até Austrália para lá mostram que os frigoríficos estão cada vez mais bem posicionados, mesmo quando há problemas no Brasil. Além disso, as vendas recordes (a preços também recordes) de carne brasileira para a Europa em janeiro também contribuem positivamente.
Mudanças no Sisbov
Mais novidades: um grupo de certificadoras busca implementar mudanças visando maior credibilidade do Sisbov, no Brasil e no exterior. As principais iniciativas são: a adoção da norma ISO 65, específica para certificação, e reconhecida mundialmente, e a criação de uma cooperativa de auditores, independentes das certificadoras, o que diminuiria conflitos de interesses. Hoje muitas vezes quem vende o serviço é o mesmo que audita (e aprova ou não a fazenda). A notícia publicada no BeefPoint recebeu críticas de outras certificadoras, no entanto, outras empresas poderiam aderir, desde que credenciadas na norma ISO 65.
Outra novidade, extremamente preocupante, divulgada essa semana: o deputado Ronaldo Caiado negocia votação de projeto que suspende o Sisbov. As críticas de que o Sisbov precisa mudar, ser mais simples, ser implementado efetivamente na prática são muito válidas. Suspender o sistema de rastreabilidade parece ser um tiro no pé e andar na contra-mão da história.
Inúmeros países, cada vez mais, implantam e melhoram seus sistemas de rastreabilidade. Os mais diversos mercados (de alimentos ou não) exigem (ou planejam exigir) algum tipo de rastreabilidade. Os principais exportadores de carne do mundo implementam rastreabilidade. Podemos brigar, negociar e mudar o “como fazer”. Simplesmente deixar de fazer me parece um grande erro.
Idas e vindas comprovam fragilidade
A UE é o principal mercado de carne bovina do Brasil hoje e um “formador de opinião” no mercado mundial de carne. Vale a pena ignorar esse mercado e culpar terceiros por nossos prejuízos? Países como Uruguai e Argentina exportam para UE com exigências muito similares. O que eles fazem de diferente? Suspeito que eles apenas complicam menos as coisas.
As idas e vindas da rastreabilidade no Brasil mostram o quanto precisamos evoluir em coordenação entre setores da cadeia produtiva, se quisermos continuar a ser o maior exportador de carne bovina, e lucrar com isso.
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Parabéns novamente pelo belo trabalho de síntese da atual conjuntura. E também pela sabedoria com que manifestou suas opiniões pessoais sobre o tema. Creio que temos ao menos as principais balizas fundamendais nesta hora:
1- A UE é um mercado importante para qualquer exportador de carne de peso. Seja pelo volume das suas compras, pela melhor remuneração ou pela validação que representa junto a outros mercados.
2- A exigência de rastreabilidade e certificação cresce mundialmente e não se restringe a produção de carne bovina.
3- Atualmente só há dois modelos básicos de rastreabilidade e certificação sendo implantados ao redor do mundo: de adesão obrigatória e de alguma maneira subvencionado pelo governo ou de adesão voluntária e regulado pela demanda de mercado.
4- Modelos de adesão voluntária, como o brasileiro, implicam em alguma integração da cadeia produtiva. No caso específico, o produtor arca com determinados custos adicionais de produção diante da expectativa de remuneração diferenciada pelo seu produto que lhe pareça vantajosa.
5- Cabe aos frigoríficos o papel de fomento ao sistema via politica comercial, e especialmente em hora como esta, a atuação precisaria ser reforçada, não suspensa. Penso que seja esta a mensagem que o Ministro tenha tentado passar e com a qual concordo. Os produtores fizeram investimentos pesados ao longo de 2007 e terão que mante-los para que possamos recuperar o status anterior. Não é justo que os produtores assumam com todo o peso economico desta operação. A palavra aqui é integração e liderança. Não adianta procurarmos culpados. No curto prazo não há ganhos a vista. Só esforços para recuperar a credibilidade perdida. Mas é preciso enxergar um pouco além.
Abrs,
Miguel, como sempre, parabéns pelo excelente artigo.
Acrescento algumas observações sobre o SISBOV, que acho pertinentes e que já foram abordadas por muitos colegas técnicos e produtores.
1. As regras são criadas e definidas por pessoas que estão distantes da realidade das fazendas e dos confinamentos.
2. Um exemplo? Brincos de baixa qualidade que caem, meses após serem colocados e a responsabilidade recai sobre o pecuarista, que é penalizado se um boi vai para o abate sem brinco. Brincos com seis números de manejo (os mais visíveis), isso gera um erro de leitura danado, que acaba só sendo descoberto no ato do abate.
3. Não há prêmio por arroba rastreada, isso é um fato. A tal arroba rastreada é a nossa arroba, de sempre.
4. As certificadoras são uma situação atípica, coisa brasileira, e estão desfiliadas da defesa animal. Rastreabilidade e defesa animal são uma coisa só. Basta pensar um pouco e ver a óbvia relação.
Vamos ver o que ocorre, mas temos de melhorar a nossa representatividade nas decisões que afetam a cadeia da carne. Isso é urgente, pois há raras boas excessões a serem lembradas.
Um bom dia a todos.
É Miguel, você colocou de forma clara o que não está nada claro, uma saída para nós.
Estamos no jogo, perdendo, contundidos, com jogador expulso, juiz robando, dirigente fugindo da direção, bola furada, uniforme sujo e ainda assim queremos a torcida aplaudindo.
Temos que buscar soluções diferentes. Certificar sistemas de procução, buscar uma rastreabilidade mais simples e auditada por creditadores reconhecidos, vender carne commodity como commodity e carne de qualidade com preço diferenciado. Chegar mais perto do consumidor. Isso passa necessariamente pela reestruturação da relação frigorífico produtor.
Espero, e trabalho todo dia para virar esse jogo. Vamos Ver!
Sr. Miguel, parabéns pelo comentário!
Todos nós sabemos que a rastreabilidade não é uma imposição da UE e sim uma exigência do mundo globalizado. Então é hora de encarar os critérios do mundo globalizado e certificarmos nosso rebanho nacional. E mostrar para o mundo que o Brasil não tem só carnaval e políticos corruptos! E sim um rebanho certificado e sem problema sanitário.
Em nenhum lugar do mundo tem o potencial que nosso País tem! Então vamos honrar nossa bandeira com a nossa pecuária. Se o mundo deseja a carne Certificada! Por que não Certificar?
Muito bom Miguel!
Fizeste uma abordagem ampla e aprofundada sobre o tema!
O Caiado sempre quis acabar com o Sisbov. Deve ser um interesse “particular” de algum patrocinador dele. Penso que ele é um dos que não veste a camisa verde amarela e sim, dos seus interesses pessoais.
Falta, nisso tudo que falaste, uma postura profissional; uma visão nacional única.
Atitudes em prol do mercado de carnes brasileiro, em prol do Brasil e não individuais e interesseiras. Se o Brasil se sair bem, todos sairemos (hoje não se pensa mais assim). Todas as falcatruas já levantadas e divulgadas nos últimos anos, começam a fazer parte de uma nova “cultura nacional”, uma vez que tudo foi apurado e nada aconteceu!
O Barão de Itararé dizia ” negócios escusos são aqueles que eu não fui convidado a participar, ainda”. Os players começam a assimilar as novas regras, todos vamos soçobrar sem lisura, postura ética e profissionalismo!
Realmente esse impasse do Sisbov requer uma solução rápida e profunda, visando minimizar as perdas para a cadeia produtiva de carne.
Uma das coisas que não deve ser feita é a suspensão do Sisbov, como quer o deputado Ronaldo Caiado. Isso só jogaria a moral do Brasil lá em baixo em relação aos outros países produtores.
A pergunta que fica é a seguinte: existem muitas pessoas que são contra um sistema de rastreabilidade? Por que?
Que o atual sistema de rastreabilidade brasileiro (Sisbov) precisa de mudanças, não há dúvidas. Sejam mudanças nas regras, mudanças estruturais do sistema ou na sua implementação. Será que o novo Sisbov é o melhor sistema de rastreabilidade para o Brasil hoje e nos próximos 15-20 anos?
Não sei, mas sei que temos que ter um sistema de monitoramento de rebanho. Não digo isso apenas para exportação, digo isso também para o mercado brasileiro. A maioria da população brasileira come carne bovina, por que não garantir uma qualidade mínima a essa carne?
Fora o mercado informal e abates para consumo próprio (que não tem como controlar), você aceitaria que um açougue ou supermecado vendesse a você uma carne que pode ter riscos a saúde para sua família? Provavelmente não.
Claro que a questão da limitação do número de fazendas exportadoras para a EU é um misto de pressões políticas, econômicas e sanitárias; que são justificadas por ele apenas como sanitárias. Mas nós não podemos nos eximir dos erros cometidos, erros no que diz respeito a não levar em consideração inúmeros alertas dados pelas comissões de veterinários europeus que fiscalizaram as fazendas e o sistema de controle brasileiro. Acredito que também não trabalhamos de forma eficiente em relação a coibir ou contrapor movimentos contra a carne brasileira, especialmente feito por produtores e agremiações irlandesas.
Gostaria que os leitores me ajudassem, pois não tenho informações sobre comissões mistas para discussão sobre a estrutura do Sisbov. Existe um grupo ou comissão que busque trabalhar nas possíveis adequações do Sisbov e seu desenvolvimento? Se existir, há a possibilidade de pessoas atuantes no mercado de carne participem de tal comissão?
Acho importante que essa informação seja vinculada nesse fórum, uma vez que somos pessoas interessadas no desenvolvimento da cadeia produtiva de carne. Esse tipo de informação é fundamental, pois é o primeiro passo para sairmos de um fórum teórico e de apenas opiniões, para um fórum que possa resultar em ações práticas.
Miguel,
Parabéns pelo artigo.
Em relação ao Sr. Caiado: algum político precisa achar algo que o promova na mídia, alguém do contra sem embasamento técnico.
Concordo plenamente com o Sr. Lindamir;
Infra estrutura: não temos competitividade.
Acertado o Sr. Diego;
Cadeia produtiva da carne: falta organização e aproximação de todos os setores envolvidos. Se não abrirmos as planilhas e não distribuírmos os lucros entre todos os elos da cadeia produtiva, à atual estrutura não muda.
Muito bem colocado pelo Sr. Fernando;
A maior responsabilidade esta atribuída aos elos da cadeia produtiva, o Governo tem o poder de colaborar e fiscalizar.
Portanto meus senhores, falamos muito mas agimos pouco e o maior responsável por uma cadeia produtiva é o elo mais forte, e quem será? Não precisamos responder precisamos? Acho que sim, infelizmente.
Quem tem a informação do consumidor final? Os frigoríficos? Lógico que são eles. Com certeza cabe a eles estruturar e organizar esse setor buscando a participação dos outros elos da cadeia produtiva.
O mercado ainda deve ser muito interessante para os frigoríficos, ou então a gestão desses estabelecimentos continua bem retrogada ou ineficaz.
Parabens Sr. Miguel pelo artigo.
Na minha pequena visão sobre a rastreabilidade não acho errado que ela exista, mas deviria ser de uma forma mais simples para os pecuaristas, pois como o Paulo disse no primeiro comentário, quem está distante das propriedades rurais não sabe o trabalho que dá para um boi ficar com o brinco na orelha, já que esses bois que forem rastreados mais jovens terão que ficar com no minimo 1 ano com esses brincos na orelha, e as perdas são inevitáveis.
Na Argentina e Uruguai, o rastreamento deles pode ser mais efetivo do que aqui no Brasil, e as exigências podem até não ser muito diferentes, porém vale ressaltar que o rebanho deles é menor do que o do Brasil, isso facilita a eles terem seu gado rastreado.
Quanto a esse prêmio ou bonus que teria sobre o boi rastreado seria um grande impulso e motivação para que os pecuaristas rastreassem seu gado, pois pelo menos aqui no Paraná não são muitas fazendas rastreadas.
Caro Miguel,
Parabéns pelo artigo. Como sempre, você analisou com muita lucidez.
O que infelizmente não acontece com algumas pessoas, que tinham a obrigação de conhecer e saber o porque da existência da rastreabilidade, mas fingem que não sabem, ou o que é muito pior, talvez não saibam mesmo.
O europeus sempre nos pediram uma coisa, em termos de sanidade de rebanho: garantia de que a carne exportada era proveniente de animais que estivessem a pelo menos 90 dias na área 1, isto é, área livre de aftosa com ou sem vacinação, e 40 dias na última propriedade antes do abate. Para isto é necessário identificar os animais, é necessário entender que a rastreabilidade é uma ferramenta de um programa sanitário oficial.
Os europeus querem que o Brasil tenha um sistema sanitário confiável, e até agora nós não conseguimos fazer o óbvio, que a grande maioria dos países exportadores faz: vacinam, provam que vacinam e sabem onde os animais estavam, aonde eles estão e onde e quando foram abatidos.
Se todos estivessem bem intencionados e deixassem de lado interesses particulares, tenho certeza que teríamos todas as condições de implantar um sistema de rastreabilidade confiável e auditável, que se permitirem pode continuar a ser o Sisbov, se fizessem algumas modificações, e que os animais somente fossem desclassificados, quando comprovadamente existissem problemas sanitários, e deixassem de ser desclassificados por problemas de sistema de informaçào e lamentavelmente por falta de informações corretas.
A União Européia só quer que o Brasil mostre que os Programas de Defesa Sanitária Animal funcionam, e se para isto não forem necessários nem brincos e nem certificadoras, é só apresentarem outra solução.
Coloco a certificadora SBC, à disposição de todos os Senhores Deputados, Senadores, Pecuaristas e donos de frigoríficos, para mostrar como funciona uma Certificadora e todo o empenho que fazemos para trabalhar de maneira correta.
Miguel, importantíssima matéria. A certificação e a rastreabilidade só vão ter impulso quando os frigoríficos aceitarem repassar parte do spread ao fazendeiro certificado. Remunerando o trabalho feito e estimulando o mesmo.
Quanto a união européia, parece que existe uma política da manutenção dos preços internos, que deve sair pela culatra. Provocando na verdade uma crise exportadora.
Entendo que o nicho do mercado da carne internacional é gigante.
Temos outras fatias do mercado internacional. Como o prezado amigo Lindamir, da Juara, citou, vender pra quem não quer comprar é dar murro em ponta de faca.
A UE quer que o Brasil produza carne para serví-los (europeus) nos mesmos patamares que em que a carne é produzida na própria UE?
Ok! Apesar da realidade produtiva do Brasil ser completamente diferente da UE, é possível fazê-lo. A grande pergunta que fica é: irá esta carne produzida dentro das exigências européias ser remunerada em patamares semelhantes ao valor da carne produzida pela própria UE?
Se você for um alemão é só for a uma concessionária de veículos brasileira e perguntar quanto custa um modelo “básico” e um “completo com todos os opcionais” (bancos de couro, roda de liga leve, ABS, direção hidráulica, airbag, ar condicionado, vidros e travas elétricas, etc) e como se não bastasse, peça ainda uma “customização” para ficar ainda mais adequado ao seu gosto pessoal, ou seja semelhante a um Passat alemão que você dirigia na Alemanha.
Sua solicitação poderá ser atendida, só que o valor que deverá ser cobrado pelo “brazuquinha incrementado” será semelhante ao do alemão ao qual você está acostumado, pois em última instância, ambos terão um desempenho semelhante e portanto um valor semelhante.
Se for dessa forma, e o pecuarista receber um valor justo pela arroba, seja bem vinda toda e qualquer exigência!
O brilhante articulista desta materia, tem em tese, alguma razão. Que se exija garantias de sanidade da carne que se coma, é mais do que justo. É exigível.
Porém, brincos e DIAs não são com absoluta certeza, garantia de coisa alguma.
O Sisbov como está só se presta para garantir ganhos às Certificadoras e honorários para veterinários.
O sistema tem de ser baseado nos dados dos “Iagros” estaduais, que são os organismos governamentais competentes para atestar a saúde dos rebanhos, vacinações, transito, etc.
O resto, é conversa para boi dormir. Vocês se lembram dos estojos de primeiro socorros? Não acham parecido?
Dou nota 10 ao Dr Caiado!
Temos um nicho de mercado de bilhões de dólares a nossa disposição que é o mercado comum europeu. Se eles tem gripe aviária, vaca louca, aftosa, eles estão comprando e tem o direito de exigir, esta é uma regra imutável de mercado, com nossa concordância ou não.
O problema é que os que atendem este mercado, ou seja, os exportadores ou ainda os frigoríficos, não zelam por este mercado, não atendem normas, a não ser quando lhes interessa, deixando para resolver tudo na hora do abate e quando lhes interessa. Na época das escalas longas vimos frigoríficos exigirem animais rastreados, para entrar em abate, com preço de gado comum.
Na outra ponta está o produtor, que deve cumprir as normas, ou seja, ter um custo a mais e não ser remunerado pela arroba “diferenciada” produzida. Os frigoríficos devem repassar parte deste valor agregado na venda, por sinal um dos mais bem pagos ao produtor.
Temos então um enorme mercado consumidor querendo o nosso produto e pagando bem, temos produtores com o produto que eles precisam, boi rastreado, criado a campo, por produtores idôneos. Aonde está o problema?
Nos exportadores ou intermediários, que querem levar tudo, problema velho no Brasil em todos os segmentos de mercado.
O Sisbov é bom, o negocio é que dois dos principais personagens o consumidor e produtor, estão fora do jogo, e o Brasil fora de um mercado importantíssimo com respingos em outra áreas exportadoras.
Caro Miguel vejo suas colocações um pouco tecnicas, pois a realidade de produção em nosso territorio e completamente diferente da UE. Pois vivemos num pais de grandes dimensões, onde nossas propriedades são extensas e na sua maioria de produção extensiva.
Vejo o SISBOV não como um manejo sanitario mais sim como uma feramenta de gestão da propriedade onde o produtor passa a ter o conhecimento da realidade da mesma.
Quando Luiz Fernando de Porto Alegre se refere aos interesces do Caiado, sera que se voltarmos no passado e analisarmos quando foi implantado o SISBOV, e vermos qual foi a primeira certificadora do pais não chagariamos a interesces de outras pessoas, dados esses plublicados aqui mesmo.
Acho que o SISBOV so ira sobreviver se for feitas mudanças consideraveis no sistema, do jeito que esta vai se acabar por ele mesmo. Sou produtor e não faço o ciclo completo, apenas recria e engorda. Não estou vendo os produtores de bezerros aderirem ao sistema, com isso onde vou conseguir compralo apartir de 2009? So enchergo que vou ter que sair do SISBOV.
Outra coisa o trabalho realizado pelos nossos orgos de defesa não são levados em considereção, todos os fiscais do ministerio que trabalhão nos frigorificos fazendo expessão nas carcaças.
Porque o tratamento diferenciada da UE com a Argentina e o Uruguai?
Sem dúvida, questões protecionistas prevaleceram. A Argentina está fora do mercado há algum tempo e o Uruguai não tem produção de carne bovina que assuste os irlandeses.
Ah! Creio que nos dois países também não existem as “certificadoras”.
Frases que sempre ouvi no país desde criança, por exemplo; “o Brasil é o pais do futuro”, é do tempo que freqüentei o ginásio há uns quarenta anos atrás; “o Brasil é o celeiro do mundo”, só que se esqueceram de avisar os políticos que comandaram e comandam o país até hoje; “DEUS é brasileiro”, até ELE acho que perdeu as esperanças. Ninguém (sociedade) nesse país se mobilizou ao longo do tempo, de forma coordenada para que não permitisse que o país fosse governado por políticos sem nenhum sentimento de patriotismo. Todos eles só se preocupam com os seus próprios bolsos. Infelizmente o país não deu certo até agora porque as instituições não funcionam como deveriam. As frases do momento são: “o Brasil produz a melhor carne do mundo”; “o Brasil será o maior produtor de carne do mundo”. Isso poderá se tornar realidade se tivermos governantes que se empenhem para isso, a cadeia produtiva do setor faça o seu papel de forma que cada elo desta não queira levar vantagens usando a “lei de Gerson”. Quando nós tivermos na média da população, cidadãos iguais àqueles que de vez em quando vemos na mídia, reportagens noticiando que: faxineiro do aeroporto tal encontrou valise cheia de dólares e entrega para a polícia, aí sim passarei a acreditar no país.
Parabéns pela matéria……pelo visto a história ta longe de ter um final feliz….de novo o pecuarista sofre pelo mal planejamento de pessoas que muitas vezes não pensam o que pode acontecer no futuro……infelizmente,a única solução e aguardar pra ver o q vai dá toda essa história….
Abraços
Caro Miguel
A síntese no seu artigo é pertinente e completa. Portanto, parece que o entendimento de todos para os fatos sobre a Rastreabilidade está muito claro. Então, algumas perguntas ficam no ar:
1. Por que na origem do Sisbov, elaboraram regras tão absurdas e complexas, de antemão, reconhecidamente impraticáveis? Quem ganharia na confusão? A quem pretendiam enganar?
2. Como permitiram a promiscuidade e proliferação de certificadoras onde acionistas e técnicos nunca tiveram contato com o tema certificação, não tinham formação adequada na área ou comprometimento com qualidade?
3. Por que na reformulação do Sisbov criaram mecanismos de transição do sistema “velho” para o “novo” novamente infactíveis?
4. Por que representantes de classe atuavam na mídia ora a favor do produtor, ora a favor do frigorífico, com o muro mudando de lado dependendo da torcida, esquecendo do fundamental “Cliente – Consumidor”?
5. Por que em todos os eventos científicos, institucionais, acadêmicos, de produtores, etc… o Tema Rastreabilidade sempre foi debatido por falsos protagonistas e não por quem conhece ou tem o poder sobre as causas?
6. Por que o tema certificação bovina ainda não está no IN METRO, órgão de reconhecimento internacional e habilitado dentro das normas ISO?
7. Por que até agora só olharam para o Cliente europeu, esquecendo que a rastreabilidade também poderia ser um diferencial de qualidade para os “consumidores exigentes do Brasil”?
E, assim, poderíamos elencar mais uma lista de perguntas, mas precavidamente paro por aqui (O grau de alfabetização na UE é um pouco melhor do que o nosso)!
As respostas para cada uma dessas indagações pode servir para desatar o nó desse tema: elas são óbvias quanto tratadas com responsabilidade, seriedade, competência e, fundamentalmente, conhecimento. Este último desconfio, com sinceridade, que falta à maioria dos que detem a formação de opinião e sentem-se os titulares do “time”. Mas, essas respostas também poderão ser tratadas de forma muito complexas, pois em se tratando em Pecuária de Corte no Brasil, onde orgulhosamente, sempre afirmamos “somos os maiores”, precisaríamos quebrar vários paradigmas por parte dos envolvidos na cadeia, sendo que o mais traumático deles, é a humildade para reconhecer que não sabemos nada do tema para atuar com profissionalismo no mercado. Se isto é verdade talvez fosse importante, estudar, aprender, mudar comportamentos, ter novas atitudes, etc…
Assim, certamente, ainda que tardiamente, poderíamos, com todas essas lições do passado, dar um novo rumo para a Rastreabilidade Bovina no Brasil.
Parabéns pelo artigo!
Penso que a rastreabilidade deve continuar, deve ser modificada e deve ser menos burocrática. Se eu vou até o IMA e este emite uma nota, uma GTA e deduz do rebanho o gado que foi para abate, ou venda, seja lá o que for, porque eu preciso repetir exaustivamente a mesma operação, para informar a certificadora?
O que desestimula o produtor não é a rastreabilidade, e sim o trabalho de repetir as mesmas operações que ele já fez ao se dirigir para o IMA e retirar os documentos, e ser penalizado por erros muito possíveis de acontecerem. O que desestimula é não ter qualquer premiação pela qualidade de seu produto. E sabe-se lá se com a rastreabilidade estaremos garantindo a qualidade da carne? Quem pode afirmar isto? E porque o próprio produtor não pode pedir diretamente os brincos, colocá-los no rebanho e levar as informações para o IMA? E este inserir-las no SISBOV? Para auditar uma fazenda vai a certificadora, depois vem o agente do IMA, e quase sempre suas informações estão desatualizadas em relação à certificadora. Depois vêm o MAPA, vem a União Européia, e quem mais quiser. Isso garante a qualidade? Parece que o que falta é fiscalização e respeito às regras já há muito existentes. Ou a aftosa apareceu há alguns anos? As bruceloses e clostridioses surgiram há alguns dias? Desburocratizar e não criar monstros que de tão grande comoeça a se engalfinhar com seus próprios tentáculos.
Obrigado pelo espaço!
Meus cumprimentos aos professores Fernando Madelena e Julio Barcelos, pela lucidez de seus comentários. Um belo exemplo de pesquisadores que não têm medo de pisar em bosta de vaca.
Miguel, penso que cabe a nós pecuaristas, e agora até mesmo aos frigoríficos — pois a situação chegou a um ponto insustentável — dar nosso apoio às lideranças capazes de exigir uma evolução para o passado.
Isso mesmo, a grande maioria dos verdadeiros pecuaristas deseja um retorno ao modelo de rastreabilidade que já existe há décadas, e que é o mesmo empregado nas indústrias de abate de aves e suínos.
Fazem parte deste modelo, o único viável no Brasil:
1) A GTA
2) A nota fiscal de origem
3) O SIF na unidade de abate
4) A fiscalização sanitária estadual.
5) Uma declaração, assinada pelo proprietário, que garante não ter aplicado hormônios e outros medicamentos proibidos, e que não alimentou os animais com rações contendo farinhas de carne, ossos ou sangue.
Com isso, toda e qualquer propriedade conseguirá se credenciar para exportar sem grande dificuldade e, principalmente, sem intermediários e “facilitadores”.
Voltaremos ao modelo de rastreabilidade inclusivo, e não exclusivista como o que vem sendo defendido por alguns setores do MAPA, muitas vezes com truculência. No passado sempre exportamos sem stress, e é inconcebível que diversos setores da pecuária tenham apoiado este verdadeiro tiro no pé, mas vamos botar uma pedra sobre este assunto.
O ministro Stephanes é um economista de formação, inteligente, político e macaco velho, não participou da montagem do esquema Sisbov e vem sendo injustamente criticado, pois pegou o bonde andando. Com certeza ele vai dar novos rumos ao assunto, haja vista os recados e torpedos que já andou passando a setores internos e externos ao MAPA.
O Ministro da Agricultura, Reinhold, e seu acessor Inácio Kroetz, só estão fazendo besteiras em cima de besteiras!
O número de fazendas que poderiam ter sido mandadas, 300, e o que eles mandaram quase 3000, foi o cúmulo da incompetencia e despreparo.
O novo coordenador do SISBOV, Naor, achou que não era necessário treinar ninguém e colocou um batalhao de fiscais sem qualquer treinamento para auditar propriedades.
Se fosse num país sério o presidente teria exonerado todos!
Primeiro quero parabenizar a todas as opiniões e pontos de vista, como vemos esta discussão vai longe, e infelizmente o problema está longe de ser resolvido, porém todos os elos da cadeia de carne: pecuarista, frigorífico, ministério da agricultura, certificadoras, veterinários e demais autoridades competentes da área, todos temos que agirmos em conjunto através de um forum de debates e conseguirmos extrair as melhores idéias de cada elo da cadeia e coloca-las em prática, através de leis federais e constantes auditorias internas, tanto nas propriedades como nas indústrias frigoríficas.
Nós temos que trabalhar mais e falar menos, precisamos encarar o problema de frente, ao invés de só criticar ou opinar, enfrentando os obstáculos que todos nós vamos crescer e precisamos crescer, temos o maior e melhor rebanho do mundo, não podemos deixar as coisas como estão. A verdade é que o mundo nos vê como uma ameaça de competitividade à economia global de carnes, enfim cada um tem que fazer a sua parte da melhor forma possível, sem prejudicar, estorquir, sair ganhando as custa do outro, só assim conseguiremos caminhar na mesma direção e conseguiremos produtividade, qualidade e credibilidade de todos.
Todas os pontos abordados são relevantes e devem ser considerados, principalmente pelo MAPA – Leia-se Governo Federal.
Quanto à aplicação e efetividade da rastreabilidade, creio que o diferencial sugerido pelo autor Miguel R. Cavalcanti, no preço da arroba rastreada de R$ 10,00, seja o melhor argumento e incentivo ao produtor, que arca com todas as despesas, riscos e custos do negócio da carne. Assim a rastreabilidade terá seu atrativo real a quem de direito.
parabens.
Eduardo Piccoli Machado em 28.01.08 cita Humberto De Freitas Tavares, que transcrevo: ´´…Para quem não seguiu as discussões, faço aqui um extrato do relato de Fernando Cardoso, em 23/08/2004, no seu artigo Sisbov & Cia. O assunto é a conversa que ele teve com o ex-ministro da Agricultura e Pecuária:
… Respondeu-me Pratini: – “Os europeus não exigiram o rastreamento; estavam, sim, preocupados com a sanidade da carne brasileira. A sugestão do rastreamento foi trazida a mim dentro do MAPA, como alternativa para garantir a sanidade mencionada. Na oportunidade procurei ouvir meus conselheiros de confiança, bem como algumas entidades, tendo uns e outros achado boa a idéia, a qual acabou sendo aprovada”.Daí fiquemos a nos perguntar:
1- De quem partiu a idéia de rastrear o rebanho brasileiro, e, quem se beneficiaria ou se beneficiou dela? Já que o ministro diz que os europeus não a exigiram;
2- Que cargo ocupava até poucos dias atrás e ocupa hoje o Sr. Pratini?
3- Rastrear para garantir sanidade ou controlar o rebanho disponível ao abate conforme as escalas dos frigoríficos?
Criticar o posicionamento do Deputado Ronaldo Caiado neste problema da rastreabilidade, é, desconhecer suas propostas e principalmente sua coragem de bater de frente com os que insistem em manter a pecuária submissa aos interesses de uns poucos. Posso estar errado, mas desconheço um só caso em que Ronaldo Caiado tenha prejudicado o setor agropecuário nacional com suas propostas.
Qual outro é o primeiro a colocar a cara à frente dos embates em que pese interesse da classe produtora rural?
Que bom seria se tivéssemos mais representantes da estirpe deste bravo líder.
Bom dia Miguel! Parabéns pelo Editorial!
A questão rastreabilidade continua gerando polêmica. No Brasil continuamos chamando identificação animal de rastreabilidade! Continuamos interpretando erroneamente a Diretiva 1760 de 2000 que trata da rotulagem da carne in natura na U E. E continuamos a não entender a Diretiva 178 de 2002 sobre a segurança dos alimentos.
Discutir um tema como este sem ler pelo menos a política da UE sobre os Consumidores (em especial segurança dos alimentos e informação sobre produtos que tem um norma geral sobre rotulagem e onde se encaixa a rotulagem da carne in natura) ênseja a erro.
Creio que o caso da interpretação brasileira da norma da UE sobre rotulagem da carne in natura será um “case” mundial! Um erro de interpretação desde 2000! Que só agora parece estar sendo descoberto.
E isto só está sendo possível porque o Ministro Reinold resolveu mandar estudar a tal Diretiva. De repente o Deputado Colatto presidente da Frente Parlamentar Rural também pediu a Assessoria Legislativa da Câmara uma análise da norma da UE. A CNA na mesma direção iniciou essa avaliação mobilizando seus técnicos em um esforço de leitura de mais de 2 mil páginas de documentos da UE.
Aproveitando a força do BeefPoint! incito todos a lerem a Diretiva 1760.
Em 2000 a UE publicou essa diretiva para a rotulagem da carne in natura para comércio na UE. Essa Diretiva é parte de um conjunto de normas sobre informações aos consumidores. Ela é muito clara em relação a carne produzida em terceiros países. Nada tem com questão sanitária!