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1 de junho de 2010
Atacado – 04/06/10
4 de junho de 2010

Idec realiza ações para conscientizar o consumidor sobre o impacto ambiental e social de suas escolhas

"Por meio da iniciativa Mude o Consumo para Não Mudar o Clima, realizada em conjunto com o Instituto Vitae Civilis, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) vem buscando conscientizar o consumidor para o impacto ambiental e social de suas escolhas, sugerir alternativas para que ele mude seus hábitos de consumo cotidianos; e ainda cobrando de empresas e governos ações efetivas para o combate às mudanças climáticas", comenta Adriana Charoux, pesquisadora do Idec.

“Por meio da iniciativa Mude o Consumo para Não Mudar o Clima, realizada em conjunto com o Instituto Vitae Civilis, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) vem buscando conscientizar o consumidor para o impacto ambiental e social de suas escolhas, sugerir alternativas para que ele mude seus hábitos de consumo cotidianos; e ainda cobrando de empresas e governos ações efetivas para o combate às mudanças climáticas”, comenta Adriana Charoux, pesquisadora do Idec.

O Idec também apoia a campanha Carne Legal que quer chamar a sociedade brasileira a refletir e a impulsionar supermercados, frigoríficos e pecuaristas, mas também as instituições do governo, para que a informação sobre a origem da carne esteja disponível para todos no momento da venda. Até agora, apesar dos avanços obtidos, essa informação é encontrada apenas em alguns pontos de comercialização. As peças gráficas deta campanha estão disponíveis para download no site www.carnelegal.mpf.gov.br. A Carne Legal também vai estar no Twitter e no YouTube.

Segundo o Idec, as principais fontes de emissão de gases do efeito estufa do Brasil são o desmatamento e as queimadas, que respondem por volta de 70% das emissões nacionais. “O principal vetor de desmatamento é a expansão da fronteira agrícola, que por sua vez, empurra a pecuária para a derrubada de mata nativa. Dessa forma, a pecuária tem uma relação direta com o desmatamento e as queimadas, já que a atividade se concentra também em fazendas localizadas no chamado arco do desmatamento da Floresta Amazônica”.

Uma das ações do Idec foi enviar cartas para as três maiores redes varejistas do país, questionando sobre sua preocupação em relação à rastreabilidade da carne bovina vendida por elas: Carrefour, Pão de Açúcar e Wal-Mart, buscando informações sanitárias, ambientais e sociais da cadeia de produção da carne.

As respostas de todos eles foram, para o Idec, insuficientes. Em várias delas, as empresas afirmaram possuir cláusulas contratuais – “garantindo” que não há desmatamento ou trabalho escravo, por exemplo, nas propriedades que produzem a carne que comercializam – porém sem informar se fazem ou como fazem o controle para de fato garantir seu cumprimento.

Só o Grupo Pão de Açúcar detalhou a forma como faz esse controle – restrito a apenas 1% de toda a carne bovina comercializada pela empresa. Mas a iniciativa demonstra que é possível, sim, que os varejistas tenham grande controle sobre a forma como é produzida a carne bovina que o consumidor encontra na gôndola. E que ela deve ser louvada.

Veja um resumo das respostas dos supermercados:

O grupo Carrefour – que detém quatro bandeiras de supermercados (Carrefour, Carrefour Bairro, Dia% e Atacadão) – focou suas respostas apenas no programa “Garantia de Origem”, que possui critérios de seleção de fornecedores e de garantia de qualidade da carne, e contempla apenas 40% do que é vendido pela rede. As informações fornecidas pouco revelaram sobre a origem da carne, ficando em um plano apenas conceitual, sem dados concretos. A empresa se limitou a listar alguns dos principais frigoríficos fornecedores e, com relação aos municípios de origem da carne, disse que ela “é proveniente de todo o território brasileiro, com pequeno volume importado”.

Questionado sobre a disponibilização das informações que possui sobre rastreabilidade da carne bovina nos rótulos dos alimentos, o grupo disse que elas estão em “plaquetas informativas, inseridas próximas a cada um dos tipos de carne e de corte”.

Com relação ao controle para evitar que a carne venha de áreas de desmatamento ou em que se utilize trabalho escravo, a empresa informa que avalia “os aspectos sociais e ambientais de cada uma das fazendas” antes de cadastrá-las e que, em caso de irregularidades, o produtor é “automaticamente retirado do programa”.

O Grupo Pão de Açúcar (Companhia Brasileira de Distribuição), detentor de oito bandeiras de varejo (Pão de Açúcar, Extra Hipermercados, Extra Perto, Extra Fácil, Extra Eletro, Sendas, Comprebem e Assai), foi o único a listar as cidades e fazendas de onde vem a carne. Mas essa informação serve para apenas 1% da carne comercializada, inserida no “Programa de Produção de Carne de Qualidade”. Para a maioria restante, não há dados sobre controle efetivo de qualidade e de passivos ambientais e sociais.

A empresa informou que “antes de cadastrar uma fazenda, ela passa por entrevista e visita técnica para verificar a relação entre empregador e empregados, aspectos ambientais e técnicos”. Diz ainda que todo o gado possui certificação do Sisbov e que há acompanhamento de técnicos de nutrição, reprodução e sanidade. O Idec acredita que a empresa poderia ter fornecido mais dados para que se soubesse exatamente como é feita essa gestão social e ambiental.

Já o Wal-Mart, que possui nove bandeiras de supermercados (Wal-Mart Supercenter, Todo Dia, Maxxi, Sam’s Club, Hiperbompreço, Bompreço, Mercadorama, Nacional e Big), deu respostas incompletas e esclareceu pouco sobre sua participação na cadeia. Disse que compra carne de dois frigoríficos e que “os nomes das fazendas e os municípios [de onde vem a carne] são informações dos frigoríficos que fornecem para o Wal-Mart. Portanto, não possui essa informação”.

A empresa afirma também que inclui cláusulas em seus contratos que garantem que todos os animais abatidos venham de “territórios que não sejam áreas de desmatamento”. Mas não deixou claro como – e se – tem um controle efetivo para se assegurar disso.

Com relação ao controle de uso de trabalho escravo pelos fornecedores, o Wal-Mart diz que “caso um fornecedor não atenda as cláusulas do contrato ou passe a integrar a ‘lista suja’ do trabalho escravo, ele é descontinuado da lista de parceiros da empresa”. Isso, ao mesmo tempo em que afirma não ter a relação dos produtores que vendem para os frigoríficos de onde compra – dado imprescindível para ter controle dos contratos.

Em outra ação, o Idec disponibiliza em seu site cartões virtuais para serem enviados aos SACs do Carrefour, do Grupo Pão-de-Açúcar e do Wal-Mart, pedindo que os supermercados cobrem de seus fornecedores de carne bovina a utilização de um sistema de rastreamento da carne comercializada que garanta que o consumidor não esteja contribuindo para o desmatamento na Amazônia Legal.

As informações são do Idec, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.

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