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II Workshop Negócios & Tendências na Pecuária de Corte

O II Workshop Negócios & Tendências na Pecuária de Corte, promovido pela Merial Saúde Animal e a Nutron Alimentos, atraiu cerca de 600 pecuaristas a Goiânia por conta de uma programação rica e variada. Além do panorama global das proteínas animais, o evento discutiu os biocombustíveis e os seus impactos no setor produtivo, além do dia-a-dia da pecuária, como terminação de animais em confinamento, importância dos programas de controle sanitário e mercado interno.

“A saúde animal é o principal desafio da pecuária neste século. Explica-se: os consumidores dos países pobres ou em desenvolvimento não são tão exigentes em termos de rastreabilidade, respeito ao meio ambiente ou mão-de-obra qualificada quanto os dos países desenvolvidos. Mas quando o assunto é doença todos são unânimes: está aí uma restrição global à carne bovina. E não estamos falando apenas das exportações – mercado que movimentou US$ 3,5 bilhões em 2006, mas também do consumo interno brasileiro, de quase 7 milhões de toneladas no ano passado”.

A afirmação é do consultor Osler Desouzart, palestrante do II Workshop Negócios & Tendências na Pecuária de Corte, promovido pela Merial Saúde Animal e a Nutron Alimentos, em Goiânia (GO), em março.

A prática comprova a informação de Desouzart. Mesmo sem ter doença da vaca louca, o Brasil enfrentou restrição à carne pelo Canadá no início da década; da mesma forma, o País perdeu US$ 900 milhões em exportação de carne de frangos no ano passado por conta da gripe aviária na Europa. E, internamente, os casos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul e no Paraná também fizeram com que o consumo per capita de carne bovina caísse pelo menos 1 kg/hab/ano, em 2006.

A resposta para equacionar essa grave questão é simples e está à disposição dos pecuaristas: a elaboração de um plano estratégico de controle sanitário nas fazendas com o uso preventivo de produtos veterinários de qualidade comprovada. E o custo/benefício é altamente compensador. “O pecuarista investe no máximo 3% do custo da arroba do boi gordo e tem controle total da sanidade do seu plantel, garantindo que a genética e a nutrição possam expressar 100% do seu potencial”, informa Paulo Colla, gerente da Merial Saúde Animal, líder em produtos veterinários, com faturamento de US$ 2,2 bilhões no mundo e R$ 263 milhões no Brasil, também palestrante do evento de Goiânia.

O efetivo e correto controle sanitário dos rebanhos foi um dos temas mais importantes discutidos no II Workshop Negócios & Tendências na Pecuária de Corte, em Goiânia. Cerca de 600 pecuaristas de todo o País, além de Uruguai, Paraguai e Bolívia – donos de rebanho total estimado em mais de 3 milhões de cabeças – compareceram ao evento e renovaram seus conhecimentos sobre saúde animal e as novas tecnologias que prometem revolucionar a pecuária de corte nos próximos anos, como a biologia molecular. Nesse sentido, José Bento Ferraz, professor titular da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo – campus de Pirassununga (SP), é enfático: o uso dos marcadores genéticos ou moleculares vai transformar a pecuária brasileira e mundial, com ganhos fantásticos em produtividade.

“Os marcadores genéticos envolvem a análise do DNA para identificação das características dos animais em termos de ganho de peso, espessura de gordura, rendimento de carcaça, produção de carne, produção de leite, fertilidade, precocidade e até propensão a doenças. Ou seja, a partir da biologia molecular, pêlos da cauda dos bovinos são analisados e nos mostram, com expressiva confiabilidade, as aptidões zootécnicas e produtivas dos animais”, explica José Bento. “Estamos entrando em uma nova era, em que a coleta de dados torna-se ainda mais fundamental para acelerar o melhoramento genético e, consequentemente, melhorar os resultados produtivos e reprodutivos dos plantéis”, complementa o especialista da USP.

José Bento Ferraz coordena teste de validação de marcadores moleculares do projeto Igenity, da Merial, para gado de corte. Desde o final de 2005, mais de 5.000 bovinos das raças Nelore, Gir e Girolando – estas últimas, sob a coordenação da Embrapa Gado de Leite – tiveram seus DNAs analisados. Os resultados finais estão em vias de divulgação. O passo seguinte será a comercialização dos marcadores. “Os dados coletados nos indicam com extrema segurança os melhores animais para as principais características da pecuária de corte e de leite”, reforça Henry Berger, da Merial, responsável pelo projeto Igenity.

Os resultados proporcionados pelos marcadores moleculares tornam-se realidade e devem ajudar a reverter o quadro da produção mundial de proteína animal. Estatística apresentada pelo consultor Osler Desouzart no II Workshop Negócios & Tendências na Pecuária de Corte, da Merial e da Nutron, demonstra que nos últimos 50 anos, a carne bovina perdeu a liderança entre as proteínas animais mais consumidas no mundo, saltando para a terceira colocação, atrás da carne de frangos e da carne suína. “No começo da segunda metade do século 20, a carne vermelha representada 42,3% do total de carnes consumido no planeta: atualmente, não passa de 23,8%”, explica Desouzart.

O desafio está lançado. “O aumento da produtividade na pecuária é fundamental não só para garantir a oferta de carne vermelha e a reconquista do espaço perdido para outras opções, mas principalmente para garantir a lucratividade do pecuarista”, indica Carlos Saviani, gerente de relacionamento com clientes da Merial.

O certo é que mercado há. Segundo Ivan Wedekin, diretor de agronegócios da Bolsa Mercantil & Futuros (BM&F), também palestrante em Goiânia, até 2020 nada menos que 600 milhões de famílias ascenderão à classe média e, portanto, terão mais acesso a proteínas animais de qualidade. “Está aí uma oportunidade fantástica para a pecuária brasileira. Basta apenas equacionar os problemas sanitários e outros entraves de ordem estrutural para conquistar fatia importante desse bolo”, assinala Wedekin. “Fazendo a lição de casa, em breve a pecuária brasileira deverá superar a atividade nos Estados Unidos. Em 2006, o Brasil produziu 8,8 milhões de toneladas de carne bovina e os EUA, 11,8 milhões. Lá, porém, as restrições ambientais provocam queda dos rebanhos; aqui, há área para crescer, clima para produzir e água disponível. Mais alguns anos e esse cenário poderá ser outro”, acrescenta o consultor Osler Desouzart.

O II Workshop Negócios & Tendências na Pecuária de Corte, promovido pela Merial Saúde Animal e a Nutron Alimentos, atraiu cerca de 600 pecuaristas a Goiânia por conta de uma programação rica e variada. Além do panorama global das proteínas animais, o evento discutiu os biocombustíveis e os seus impactos no setor produtivo, além do dia-a-dia da pecuária, como terminação de animais em confinamento, importância dos programas de controle sanitário e mercado interno.

“Focado nas necessidades da pecuária de corte e levando em conta suas diversas particularidades, o workshop pretendeu, sobretudo, ser um espaço para o diálogo das várias ramificações da atividade, promovendo o debate sobre as tendências desse importante mercado, responsável pela produção de quase 9 milhões de toneladas/ano e exportação de US$ 3,5 bilhões/ano”, reforça Carlos Saviani, gerente de relacionamento com clientes da Merial.

“Nossa proposta foi oferecer atualização técnica aos produtores, ajudando-os a obter melhores resultados produtivos e, consequentemente, econômicos. É a oportunidade perfeita para trocar experiências e enriquecer os seus negócios”, completa o presidente da Nutron, Luciano Roppa.


Fonte: Nutron Alimentos e Merial Saúde Animal

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