As pastagens em solos com limitação química, normalmente são classificadas como degradadas. Entretanto, o solo é que esta sendo degradado pela pressão do pastoreio dos bovinos acima da capacidade de suporte da pastagem.
De modo geral, as estatísticas brasileiras disponíveis não separam os bovinos para produção de carne daqueles destinados à produção de leite, dificultando assim qualquer análise e o cálculo de índice zootécnico do gado de corte.
As pastagens em solos com limitação química, normalmente são classificadas como degradadas. Entretanto, o solo é que esta sendo degradado pela pressão do pastoreio dos bovinos acima da capacidade de suporte da pastagem. Isso ocorre mesmo quando há suplementação a pasto ou complementação alimentar concentrada, em regime de semiconfinamento. Estes procedimentos são realizados inclusive para atingir os índices de produtividade exigidos para a propriedade.
Dessa forma, é licito ensaiar hipoteticamente o impacto sobre a produtividade da bovinocultura de corte brasileira, quando da implantação de Programas de Recuperação das Pastagens objetivando melhorar os processos produtivos e a capacidade produtiva do solo e também alavancar a produtividade da atividade.
Em um programa para aumentar a eficiência da terra, se deve prever que parte das áreas hoje utilizadas com pastagens, seja ocupada com lavouras e com florestas, em sistemas associados. Assim, se pode transformar o ambiente produtivo com a adição de um dossel fotossintético diversificado e diminuir a emissão de carbono através da disponibilização de espécies vegetais com crescimento contínuo.
Pela dificuldade de avaliação, a presente abordagem não leva em conta o impacto ambiental causado pelo maior uso de máquinas, combustíveis e insumos para melhorar os processos e o ambiente produtivo. Também não se levará em conta a quantidade e a qualidade da proteína produzida para a alimentação humana, por unidade de área rural.
Segundo o USDA (Departamento da Agricultura dos Estados Unidos), em 2008, o plantel de gado bovino de corte brasileiro totalizou 170.837 milhões de cabeças.
Considerando que desse total, 155 milhões de cabeças estão sendo manejadas sob pastagem com baixa produção forrageira e baixa lotação, com faixa etária média de 0,65 UA, equivalendo a 292,5 kg/cabeça ou 9,75@/ cabeça de carcaça ou ainda o valor de R$ 975,00/ cabeça, totalizado o valor do plantel em cerca de R$ 151.125.000.000,00 (cento e cinqüenta e um bilhões e cento e vinte e milhões de reais).
Das 155 milhões de cabeças se estima que correspondam a 100.750.000 UA (100 milhões e setecentos e cinquenta mil) (UA=450 kg peso vivo ou equivalente 15@ carcaça).
No sistema extensivo, considerando a carga animal média de 0,87 UA/ha/ano (2,10 UA/ alqueire/ano), são necessários cerca de 115 milhões de hectares de pastagem para abrigar 100 milhões de UA.
No caso de aumentar para 1,2 UA a carga animal pela ação de programa de recuperação e/ou renovação de pastagem em 100 milhões de hectares, chega-se a um total de 138.000.000 UA (cento e trinta e oito milhões), um aumento de 38 milhões de UA.
Quando se noticia a possibilidade de carga animal de quatro UA/ha/ano sem suplementação alimentar no coxo, a necessidade forrageira é de 15,7 t MS aproveitável/ha/ano ou 24 t MS total/ha/ano, resultando em quantidade expressiva de massa verde, o que, na prática, seria muito dispendioso alcançar, considerando a liquidez inicial de R$ 1.300,00/UA/ ha/ ano, caso se vendam os animais da área a ser recuperada. Isso prova a baixa disponibilidade de recursos vindos da bovinocultura para melhorar o ambiente produtivo. Mas, quando isso acontece, o capital vem de fora, ou seja, como através de um programa que disponibilize o recurso necessário.
Se o objetivo for recuperar 60 milhões de hectares de pastagens (dos 100 milhões hectares em que se supõe o solo esteja com limitação química) através do Programa de Recuperação de Pastagens, dos quais 15 milhões de hectares seriam transformados em lavouras e/ou silvicultura, sobraria 45 milhões de hectares exclusivamente para pastagem com a capacidade de suporte inicial de 0,87 UA ou 39 milhões de UA.
Se a partir do quarto ano de recuperação for simulado um aumento da carga animal media/ano para 1,6 UA/ha com valor estimado médio equivalente animal/ha de R$ 2.400,00 (equivalente a 15@ x 1,6 x R$ 100,00 = R$ 2.400,00 de carcaça) suportaria contingente de 72 milhões de UA, aumentando em 33 milhões de UA ou um aumento de 0,73 UA/ha/ano ou R$ 1095,00/ha/ano (equivalente a 15@ x 0,73 x R$ 100,00 = R$ 1095,00). Para isso a produção do recurso forrageiro aproveitável de MS/ha/ano passaria de 3,4 t para 5,1 t ou massa seca total/ha/ano passaria de 6,2 t para 9,3 t.
Se deve ponderar, nesse momento, o custo de oportunidade do dinheiro para efetivar o aumento do rebanho considerando que cada animal tem um custo para criar ou para comprar animais jovens, acrescidos dos custos de manejo. Também se deve considerar se a demanda econômica absorve o aumento da oferta.
O aumento de 33 milhões de UA de bovinos corresponde a 51 milhões de cabeças (33 milhões/ 0,65 UA). Estimando-se que dessas 11 milhões de cabeças são fêmeas em diferentes idades para cria, resulta em cerca de 40 milhões de animais ou 26 milhões de UA de diferentes idades, destinados para o abate, podendo-se derivar para acréscimo do abate anual em sete milhões de animais/ano, nos 45 milhões de hectares do Programa de Recuperação das Pastagens.
Se o peso médio de abate for de 17@ ao preço de R$ 100,00/@ apresenta um amento no faturamento bruto anual dos animais abatidos em cerca de 12 bilhões de reais (R$ 11.900.000.000,00), correspondendo ao acréscimo de faturamento bruto de cerca R$ 265,00/ha/ano (R$ 700,00/alqueire/ano) ou em 1.000 hectares (413 alqueires) de cerca de R$ 265.000,00 (duzentos e noventa mil reais).
Pode-se inferir que, após quatro anos do inicio da recuperação, haverá acréscimo no faturamento bruto de R$ 265,00/ha/ano e no caso de se usar esse valor para a amortização dos custos de recuperação, para cada R$ 1.325,00/ha investidos, são necessários cerca de cinco anos para equalizar o capital investido, sem contabilizar o custo do dinheiro. Nesse caso os recursos necessários serão (45 milhões hectares x R$ 1.325,00) de cerca de R$ 59.625.000.000,00.
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Interessante análise. Parabéns pela iniciativa.
A intensificação de do uso das Pastagens é a meneira mais eficiente de se aumentar a produtividade e a rentabilidade das propriedades rurais.
Além disto dobrando a capacidade de suporte média do brasil, dobra-se a quantidade de bovinos ou libera a mesma quantidade de área para agricultura, sem derrubar nenhuma árvore…querem ter uma revolução na pecuária e agricultura sem agredir o meio ambiente? Produza mais forragem…Bom para o bolso do produtor rural e bom para o meio ambiente.
Esse advento de passar para a caapcidade de suporte de 1,2 UA/ha é com uso de poucos insumos…o insumo que mais vai ser usado, chama-se bom senso…o bom senso do manejo de pastagens…