Por Luiz Binato1
Quando o consumidor vai ao supermercado para comprar alimentos, seja carne e derivados, leite, pão, arroz, etc, a expectativa é de que o produto seja saboroso, saudável e prático. Porém, sabemos que com a facilidade de acesso as informações, os consumidores que já estão atentos, ficaram ainda mais seletivos às questões como qualidade, segurança e benefícios dos alimentos.
É do conhecimento do público que muitas doenças são geradas por fatores ligados à alimentação; pesquisas comprovam que por ano são registrados, no mundo, 1,5 bilhões de casos de infecções alimentares e que em países em desenvolvimento esta é uma das principais responsáveis pelas altas taxas de mortalidades; a população tem conhecimento de problemas mundiais como o da vaca-louca, a contaminação das embalagens de refrigerantes na Bélgica ou de casos brasileiros recentes como, por exemplo, o do salmão servido cru em restaurantes orientais.
Tendo como estímulo a vulnerabilidade do setor alimentar gerada por mudanças na cadeia, novos tipos de transmissões e patógenos que sobrevivem a refrigeração, ambiente ácido, etc, além do aumento da suscetibilidade da população, muitos países desenvolveram normas nacionais para controle de riscos como a HACCP Holandesa e a norma Brasileira NBR 14900, entre outras.
Todos os fatores apresentados acima chamaram a atenção da ISO – International Organization for Standardization que, no último dia 01 de setembro, publicou a norma internacional ISO 22.000, desenvolvida por um comitê técnico composto por peritos de 23 países, representantes de organismos mundiais do setor e acompanhado pelo CEET – Comitê de Estudo Especial Temporário da ABNT.
A ISO 22.000 especifica as exigências para uma gerência e segurança em toda a cadeia de desenvolvimento do alimento, demonstrando a habilidade de controlar os perigos visando atender as necessidades dos distintos clientes da cadeia e aos regulamentos do setor.
Como os perigos da segurança do alimento podem ser introduzidos em qualquer um dos estágios da cadeia, o controle em todo o processo é essencial, assim como o comprometimento de todos os participantes da cadeia da produção de alimentos. E um dos principais diferenciais da ISO 22.000 está nos mecanismos que possibilitam gerir a segurança em toda a cadeia alimentar, incluindo os equipamentos utilizados para a produção do alimento.
Sendo assim, a ISO 22.000 oferece mecanismos de garantias desde os produtores preliminares, passando pela indústria, produtores dos equipamentos, embalagens, transporte, armazenamento, distribuidores, varejo até chegar ao consumidor.
A ISO 22.000 foi desenvolvida em conformidade com a HACCP (Analise de Perigos e Pontos Críticos de Controle), garantindo que sejam cumpridos os pré-requisitos das boas práticas de fabricação e favorecendo, o gerenciamento, a comunicação e a atenção aos riscos ao longo de toda a cadeia.
Para os exportadores a ISO 22.000 facilita a comercialização em toda a cadeia alimentar mundial, uma vez que até então, os fornecedores de todo o mundo tinham que adequar os seus produtos as normas do país de destino. A ISO 22.000 tende a substituir as diferentes regulamentações para exportadores da cadeia alimentar.
Aplicação
O padrão combina elementos conhecidos para garantir a segurança por meio do gerenciamento estruturado e da comunicação, identificando e controlando os perigos adequadamente em cada etapa e transmitindo as informações para a próxima parte do processo, fazendo com que este sistema seja incorporado à estrutura de controle de cada organização que compõe a cadeia.
A ISO 22.000 divide o conceito de pré-requisitos em duas subcategorias: Infra-estrutura e programa de manutenção e Programas e pré-requisitos operacionais. A primeira gerencia as exigências básicas da higiene e de boas práticas na produção do alimento e a segunda tem como objetivo controlar ou reduzir os riscos de segurança identificados.
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1Luiz Binato, diretor comercial do BVQI – Bureau Veritas Quality Internacional, especializado em certificação
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Muito interessante este artigo já que apresenta, para os que ainda não possuiam conhecimento, o sistema ISO 22.000, sendo de grande valia para aqueles que pretendem atingir os padrões internacionais de qualidade.
Muito bom o esclarecimento e apresentação da ISO22.000, já que está, em pouco tempo representará uma exigência para as exportações e uma ferramente útil para o controle de qualidade dos produtos de origem animal.