Reações contrárias da bancada ruralista continuam travando a publicação da Medida Provisória que o governo prepara há um mês para resolver dívidas e pagamentos futuros do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural).
A Casa Civil pretende publicar o texto ainda nesta semana, mas o acordo continua esbarrando em proposta feita pela equipe econômica, segundo a qual a Receita Federal começaria a cobrar ainda em 2017 pelo menos 5% dos débitos que cada produtor rural contraiu com essa contribuição previdenciária. Só a partir de 1o de janeiro de 2018 cobraria 2,3% toda vez que o produtor emitir uma nota fiscal de venda de sua produção, até ele quitar seus débitos com o Fisco.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o secretário-geral da Receita Federal, Jorge Rachid, vêm se reunindo desde ontem para acertar os detalhes finais do texto, e até havia uma expectativa de que a MP fosse publicada ainda na edição desta segunda-feira do “Diário Oficial da União”.
Contudo, ruralistas entendem que qualquer cobrança relacionada ao Funrural deve valer apenas a partir de 1o de janeiro de 2018 e, portanto, resistem a fechar um acordo com o governo.
Também alimenta o impasse o fato de a bancada ruralista insistir em discutir qual o indexador — Selic ou TJLP —, seria mais adequado para corrigir juros, multas e pagamentos de honorários advocatícios devidos por produtores inadimplentes. Geralmente a Receita usa como referência a Selic para corrigir juros devidos por contribuintes que têm dívidas com o Fisco ou aderem a programas de parcelamento de débitos tributários como o Refis.
A Fazenda já concordou em reduzir de 2,3% para 1,5% a alíquota que os produtores rurais passarão a pagar ao Funrural. Pela negociação, quem não tem dívidas com o fundo já pagaria esse novo percentual a partir de janeiro do ano que vem.
Fonte: Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.