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Importância do manejo dos silos na fazenda

Por Thiago Fernandes Bernardes1, Gustavo Rezende Siqueira2 e Rafael Camargo do Amaral3

A grande maioria dos trabalhos de pesquisa do Brasil e do exterior, juntamente com empresas de consultoria e administradores de fazendas que estão relacionados com a produção de silagem tem atribuído grande importância para as variedades de plantas, ponto de colheita para maior produtividade e valor nutritivo e principalmente para as vantagens ou desvantagens do uso de aditivos, mas raramente encontra-se alerta sobre aspectos importantes relacionados com perdas totais por manejo inadequado na produção e uso de silagem como foi lembrado no artigo publicado no MilkPoint “Ensilagem é um processo caro” pelo Prof. Vidal Pedroso de Faria da ESALQ/USP.

Os índices de qualidade das silagens produzidas principalmente no Brasil têm ficado abaixo das expectativas do que se poderiam considerar como silagens de qualidade satisfatória, e dentre os fatores que estão relacionados com este fato são: tamanho de partícula inadequado, tempo prolongado de enchimento, menor compactação e baixa densidade da massa.

Igarasi (2002) realizou um levantamento de índices técnicos associados à produção de silagens de capins tropicais em 14 fazendas localizadas na região Sudeste e Centro Oeste. Analisando os resultados (Tabela 1) podemos observar que apenas uma propriedade se diferenciou em relação às outras quanto ao tamanho de partícula, onde apenas 12% das partículas ficaram retidas na peneira de 1,905 cm, enquanto que as demais colhedoras apresentaram valores acima de 69,5%. Esse fato determinou alteração nas densidades das silagens, com exceção daquela originada da colhedora Case 7400, todas as demais caracterizaram valores de densidade inferiores aos recomendados por Holmes & Muck (1999), que citam o valor limite mínimo de 225 kg MS/m3, para que a densidade não seja restrita na obtenção de uma silagem de qualidade satisfatória.


A densidade no silo indica a porosidade da silagem, que condiciona a taxa de movimentação do ar e, conseqüentemente, o potencial de deterioração durante o armazenamento e o fornecimento das silagens aos animais. Na Tabela 2 observa-se que durante 180 dias de armazenamento as perdas passaram de 10 para 20,2% quando a densidade variou de 360 para 160 kg MS/m3.


Vários fatores podem afetar a densidade da massa ensilada, dentre eles, pode-se destacar o tamanho de partícula, o peso de compactação, o tempo de compactação, a espessura da camada de forragem colocada no silo e o teor de matéria seca da forragem.

Pesquisadores da Universidade de Cornell (USA) avaliaram o manejo da produção de silagens em 12 fazendas no Estado de Nova York e encontraram que o peso de compactação e o tempo gasto com a compactação, dentre os parâmetros avaliados foram os que melhores correlacionaram com as variações nas densidades das silagens. Segundo os autores, o peso do equipamento (por exemplo, trator-figura 1) deve ser de 40% do peso de forragem transportada por hora e a espessura da camada a ser colocada no silo deve estar entre 15-30 cm. Holmes & Muck (1999) recomendam que o tempo de compactação do silo deve ser de 1-1,2 vezes o turno de colheita, ou seja, se o turno de colheita durar 10 horas/dia, o tempo de compactação deve ser de 10 a 12 horas/dia.


Desse modo, considera-se de grande importância para o processo de ensilagem alcançar e manter condições anaeróbias no enchimento dos silos e evitar ao máximo a penetração de ar após a quebra da vedação. O afiamento das facas da colhedora, o carregamento rápido, a colocação de camadas adequadas, o peso e tempo de compactação ideais e a retirada de camadas diárias de no mínimo 20 cm ao dia em toda a extensão do painel, são procedimentos que não despendem muitos recursos financeiros, além de evitar promoção de perdas no processo.

Salienta-se também, que o uso de outros recursos (por exemplo, aditivos) são ferramentas para o controle de perdas e importantes dentro do processo de produção de silagens, porém, não curam erros cometidos durante o manejo, como foi comentado anteriormente.

Literatura consultada

HOLMES, B.J., MUCK, R.E. Factors affecting bunker silos densities. Madison: University of Wiscosin, 1999. 7p.

IGARASI, M. S. Controle de perdas na ensilagem de capim-Tanzânia (Panicum maximum Jacq. Cv. Tanzânia) sob os efeitos do teor de matéria seca, do tamanho de partícula, da estação do ano e da presença do inoculante bacteriano. Dissertação de Mestrado -ESALQ/USP, 2002, 132p.

RUPPEL, K.A.; PITT, R.E.; CHASE, L.E., et al. Bunker silo management and its relationship to forage preservation on dairy farms. Journal of Dairy Science, V.78, P.141-155, 1995.
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1Thiago Fernandes Bernardes é Doutorando em Zootecnia FCAV/UNESP
2Gustavo Rezende Siqueira é Mestrando em Zootecnia FCAV/UNESP
3Rafael Camargo do Amaral é Graduando em Zootecnia FCAV/UNESP

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