Nos Estados Unidos, há um ditado famoso: “Duas coisas na vida são certas — a morte e os impostos.”
Mas há um terceiro elemento que muita gente desconhece: a agricultura pode reduzir — e muito — o peso dos impostos.
De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), uma pessoa pode ser considerada agricultora assim que gera US$ 1.000 por ano em vendas de produtos agrícolas.
Isso inclui uma ampla gama de atividades — não apenas grãos ou gado, mas também ovos, hortaliças, mel, madeira, flores, plantas ornamentais, microverdes e produtos artesanais como sabonetes de leite de cabra.
Essa definição abre as portas para uma série de benefícios fiscais, tanto federais quanto estaduais.
Uma vez reconhecido como agricultor, o contribuinte pode acessar um conjunto de incentivos que reduzem custos de operação e a carga tributária. Entre os principais estão:
Em diversos estados americanos, insumos agrícolas, ração, fertilizantes, equipamentos e veículos usados na produção são isentos do imposto sobre vendas (equivalente ao ICMS no Brasil).
Para isso, o produtor precisa apenas preencher um certificado de isenção agrícola — documento reconhecido por redes de varejo, distribuidores e até plataformas online como a Amazon.
Exemplo: em Ohio, produtos tangíveis destinados à agricultura são automaticamente isentos de sales tax quando comprados por agricultores registrados..
Nos EUA, terras classificadas como “farmland” são tributadas com base em seu valor de uso agrícola, e não no valor de mercado.
Isso significa que uma propriedade rural ativa paga impostos prediais muito menores do que terrenos de mesmo tamanho usados para fins residenciais ou comerciais.
Esse benefício é especialmente importante em regiões onde o preço da terra disparou, mas o uso agrícola é mantido.
Muitos estados oferecem redução de taxas e impostos para caminhonetes, tratores e reboques utilizados em atividades rurais.
Em alguns casos, veículos com placas registradas como “Farm Use” são isentos de inspeções e taxas anuais completas.
Segundo o IRS (Internal Revenue Service) — a Receita Federal dos EUA —, agricultores podem deduzir despesas legítimas de operação, como combustível, reparos, alimentação animal, salários e depreciação de máquinas.
Essas deduções reduzem o rendimento tributável, o que na prática significa pagar menos imposto de renda.
Um exemplo prático:
Um produtor que compra um trator sem pagar imposto sobre vendas pode ainda deduzir o valor do trator como despesa empresarial ao declarar o imposto anual — criando uma dupla vantagem fiscal.
A combinação de isenção na compra e dedução no imposto de renda cria uma poderosa alavanca financeira para o produtor.
Na prática, ele economiza duas vezes:
Na entrada, ao não pagar imposto sobre a compra.
Na saída, ao deduzir a despesa como custo da atividade rural.
Essa lógica é perfeitamente legal, incentivada pelo governo americano para fortalecer o setor agrícola — inclusive os pequenos e médios produtores..
O post de Davian McKnight no Instagram, que inspirou essa discussão propõe uma reflexão provocadora:
E se você produzisse apenas o suficiente para ultrapassar o limite de US$ 1.000 por ano?
Com isso, o cidadão norte-americano:
Em um cenário de aumento dos custos e dos impostos, a pequena agricultura se torna uma forma inteligente de proteger o patrimônio e o orçamento familiar.
Essas políticas mostram que, nos EUA, a agricultura é vista não só como produção de alimentos, mas também como instrumento de independência econômica e fiscal.
O sistema incentiva o cidadão a produzir, formalizar e crescer, mesmo em pequena escala — transformando a fazenda, o sítio ou até o quintal em uma forma legítima de reter mais do que se ganha e construir algo de valor para as próximas gerações.
🔗 Fontes consultadas:
IRS – Farmer’s Tax Guide (Publication 225)
IRS – Topic 416: Farming and Fishing Income
Ohio State University – Agricultural Sales Tax Exemption Rules